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‘Mulher-maravilha’ que salvou motorista luta pela vida: entenda doença rara que ela tem

Publicado 15 Fev 2019 – 09:39 AM EST | Atualizado 15 Fev 2019 – 09:39 AM EST
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Após o helicóptero que levava o jornalista Ricardo Boechat de Campinas para São Paulo cair em meio à Rodovia Anhanguera, se chocando com a frente de um caminhão que não pôde frear a tempo e resultando na trágica morte do jornalista de 66 anos, a figura de uma mulher ganhou notoriedade nacional ao ter seu ato de heroísmo filmado e divulgado.

Leiliane Rafael da Silva, de 28 anos, presenciou o acidente e, antes que o resgate chegasse, demonstrou uma força tremenda ao ajudar o motorista do caminhão a sair do veículo.

Mulher que salvou motorista de caminhão tem doença

Gravada por alguns homens que estavam no local, a atitude da mulher viralizou nas redes sociais, e ela foi até transformada em Mulher-Maravilha por um ilustrador. Entrevistada por diversos veículos, porém, ela demonstrou ter ainda mais força do que se pensava ao revelar que, há pelo menos três meses, luta contra uma rara doença que afeta o cérebro.

Conforme contou ao G1, site de notícias da Globo, Leiliane recebeu o diagnóstico da chamada MAV (Malformação Arteriovenosa Cerebral) pouco tempo após dar à luz sua filha Livia, que hoje tem quatro meses de idade.

Com dormência no lado direito do corpo, dificuldades de fala e convulsões, a moça foi ao hospital e chegou a ser diagnosticada – de maneira equivocada – com um tumor no cérebro e pouco tempo de vida. Posteriormente, porém, os médicos conseguiram identificar corretamente seu quadro.

MAV: o que é?

A doença de Leiliane é, além de silenciosa e perigosa, bastante rara. De acordo com informações do Hospital do Coração, o HCor, em São Paulo, consiste basicamente em uma malformação que faz as artérias – canais robustos responsáveis por carregar o sangue com oxigênio do coração para os órgãos – se ligarem de maneira direta às veias – canais mais finos que levam o sangue venoso (sem oxigênio) dos órgãos de volta para o coração.

Segundo as informações do hospital, explicadas pelo neurocirurgião endovascular Marcus Alexandre Rotta, enquanto as artérias suportam uma pressão sanguínea maior, as veias são mais finas, e, normalmente, as duas são ligadas pelos chamados vasos capilares, pequenos canais que “amortecem” a pressão do sangue que passa entre elas. Portadores da MAV, no entanto, não têm uma rede desses vasinhos, e isso pode ocasionar o rompimento de veias importantes no cérebro.

De acordo com o médico, os afetados pela MAV costumam ter predisposição à ela – assim como ocorre com o câncer, por exemplo – e, normalmente, são diagnosticados entre os 40 e os 60 anos. Isso não significa, porém, que a doença tenha necessariamente surgido nessa idade, mas, quando aparece um sintoma, normalmente ele surge nessa faixa etária.

Sintomas

Apesar da lista de sintomas da MAV ser extensa, dificilmente uma pessoa vai ao médico suspeitando estar com ela – e ela pode, assim como aconteceu com Leiliane, ser confundida com outro problema grave. De acordo com o HCor, portadores da doença costumam chegar ao hospital com dores de cabeça, convulsões, dormência em um lado do corpo, espasmos, ou até algo mais grave, como uma hemorragia cerebral, mas ela também está associada a outros sintomas.

Por afetar o cérebro, a MAV pode comprometer diferentes áreas responsáveis por “controlar” outros aspectos do corpo. Se ocorrer na parte da frente do órgão, ela pode afetar questões ligadas a comportamento, provocando mudanças muito bruscas de humor, bipolaridade e depressão, ou a parte de trás, causando problemas de visão, por exemplo.

Tratamento

Não há nenhum tratamento medicamentoso que cure essa malformação, mas, ainda assim, as fístulas (trechos onde há uma ligação anormal entre artérias e veias) podem ser corrigidas de maneira cirúrgica. Segundo o HCor, após uma meticulosa investigação no cérebro para saber onde está o problema, o paciente pode ser submetido a dois tipos de cirurgia.

Enquanto a primeira exige a abertura da cabeça para a correção das ligações entre os vasos sanguíneos, a segunda é pouco invasiva, realizada por um cateter inserido na virilha que viaja até o cérebro para corrigir as fístulas (da mesma forma como é realizado o cateterismo cardíaco).

Esperançosa no tratamento, Leiliane garante que não irá morrer agora. "Tenho 28 anos e se as veias não estouraram até agora, não vai estourar mais. Quero viver, quero ver meus filhos crescerem, quero ver netos. Tenho de durar muito tempo, pelos menos até uns 70 anos”, disse ao G1.

Doenças que afetam o cérebro

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