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Bolsonaro com pneumonia: entenda por que complicação não é rara e saiba os riscos

Publicado 8 Fev 2019 – 04:20 PM EST | Atualizado 8 Fev 2019 – 04:20 PM EST
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Após a realização da cirurgia de reconstrução do aparelho digestivo, o presidente Jair Bolsonaro apresentou complicações em seu quadro clínico.

Em boletim médico divulgado pelo hospital Albert Einstein na última quinta-feira (7), consta que o presidente apresenta quadro de pneumonia e vem seguindo com uso de antibióticos desde 4 de fevereiro.

Jair Bolsonaro: entenda o quadro clínico do presidente

Em 28 de janeiro de 2019, Bolsonaro realizou uma anastomose do íleo transverso, cirurgia para unir o intestino delgado ao grosso, que havia sido desconectado após o presidente ser vítima de uma facada na região. Desde então, ele tem estado internado no hospital Albert Einstein, em São Paulo.

Na unidade de saúde, Bolsonaro vem apresentado oscilações em sua recuperação da cirurgia de reconstrução do aparelho digestivo.

Uma sonda foi acoplada no corpo do político devido a náuseas e vômitos cinco dias após a cirurgia. Dois dias depois, verificou-se líquido no mesmo lado onde existia a bolsa de colostomia, e os médicos responsáveis pelo presidente iniciaram um tratamento antibiótico.

Na última quinta, segundo informações do Einstein, o presidente teve a confirmação do quadro de pneumonia. "[O presidente] Foi submetido à tomografia de tórax e abdome que evidenciou boa evolução do quadro intestinal e imagem compatível com pneumonia", diz o informe.

Já na sexta-feira, 8, o boletim informou que o quadro de febre melhorou e que a sonda nasogástrica foi retirada, possibilitando que Bolsonaro voltasse a se alimentar com uma dieta líquida.

Ele segue internado na Unidade Semi-Intensiva, e não há informação sobre previsão de alta.

Pneumonia e infecções no hospital: por que acontecem

Não é raro que pessoas que passem períodos internados em hospital, como é o caso de Bolsonaro, desenvolvam quadros de pneumonias ou de outros casos de infecção.

A ocorrência, segundo a infectologista Raquel Muarrek, independe do lugar onde o paciente está, mas sim de suas condições clínicas pós-cirurgia.

“Os pacientes podem contrair infecções onde estiverem. Depende de fatores, como imunidade mais baixa, se o paciente responde mais ou menos ao antibiótico”, explica Raquel.

Além da baixa imunidade, a ocorrência de pneumonias como complicação pós-cirúrgica depende de mais fatores, como aberturas no corpo que deixam o organismo vulnerável à entrada de microorganismos - é o caso do dreno e da sonda - ou mesmo a qualidade da alimentação. “Todo antibiótico precisa de proteína. Dietas hipoproteicas respondem menos ao antibiótico", diz Raquel.

Devido à cirurgia de reconstrução do fluxo intestinal, a alimentação de Bolsonaro tem sido cautelosa nas últimas semanas.

Em um primeiro momento, o presidente seguiu com jejum oral, chegou a tentar voltar com a alimentação oral (dieta líquida), mas, devido aos quadros de náusea e vômito, começou a ser nutrido por meio de sonda nasogástrica.

No boletim desta sexta-feira, foi informado que a sonda foi retirada e a dieta líquida foi retomada.

Pneumonia: variações da doença

A pneumonia não é uma doença desconhecida. Típica do inverno, a infecção pulmonar pode ser causada por vírus ou bactéria.

Quando causada por um vírus, o que difere é a manifestação no corpo. “A viral vem com foco respiratório alto, muito cansaço, alta temperatura e não pode ser diagnosticada em imagem”, diz Raquel.

Já a bacteriana, na maior parte dos casos, é causada por germes naturais do corpo que se proliferam, causando infecções quando ocorre a queda da defesa natural.

“As bactérias da faringe e da cavidade oral se aproveitam da queda da imunidade e criam a infecção”, comenta João Marcos Salge, pneumologista do HCor e especialista em doenças respiratórias.

Pneumonia comum x pneumonia hospitalar

Já a diferença entre uma pneumonia comunitária, a “comum”, e aquela contraída no hospital é determinada basicamente, pelo período em que se manifesta.

Por definição, a pneumonia hospitalar é aquela adquirida no intervalo entre 48 horas após o início da internação e as 72 horas após a alta do paciente.

Entretanto, Raquel enfatiza que é importante saber, também, a origem do agente infeccioso, já que pode se tratar tanto de uma bactéria adquirida dentro do hospital como de uma que ficou incubada no corpo do paciente e que se desenvolveu apenas na internação devido à queda na imunidade. Por esse motivo, não é possível saber se o quadro de Bolsonaro trata-se de uma pneumonia comunitária ou hospitalar.

“A infeção tem a caracterização a partir de sua origem. Se o paciente já tem o agente infeccioso, não tem como saber se ele está com pneumonia hospitalar ou não”, afirma Raquel.

Riscos e cuidados do quadro

Segundo a infectologista, além de quadros infeciosos, como apresentou Bolsonaro, há outros riscos possíveis para pessoas que seguem internadas após cirurgias, como alterações cardiovasculares (taquicardia) e alteração da pressão sanguínea. Pode-se ainda abrir um quadro de sepse, infecção generalizada que pode levar até à morte.

Para o sucesso da recuperação, a infectologista destaca práticas que ajudam a trazer conforto e melhorias para os pacientes. Duas delas são fisioterapia e evitar ficar deitado.

Atualmente, Bolsonaro segue “com medidas de prevenção de trombose venosa e vem sendo realizados exercícios respiratórios, de fortalecimento muscular e períodos de caminhada fora do quarto”, segundo boletim do Einstein.

Cuidados com os pulmões

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