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A decisão que Maísa e outros famosos estão tomando em nome de saúde mental

Publicado 19 Dez 2018 – 03:14 PM EST | Atualizado 19 Dez 2018 – 03:14 PM EST
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Com o avanço das redes sociais, são raras as pessoas que passam longos períodos longe da internet. Até entre os que não são chegados nas plataformas digitais há muitos que não conseguem se desvencilhar delas por razões de trabalho, mas às vezes se torna inviável continuar se submetendo a esses efeitos nocivos.

Nos últimos tempos, diversos famosos mostraram que, apesar de tirarem muitos frutos de aparições e postagens na web, até eles sentem necessidade de se ausentar das redes de vez em quando. No início de 2018, por exemplo, a cantora Anitta se propôs a ficar alguns dias longe do celular e, quando retornou, fez uma reflexão sobre o assunto.

“Quantas vezes pegou no telefone hoje sem ter motivo algum? Preso na dependência dos likes, dos comentários, em ver a vida alheia, em comentar a vida alheia. Isso foi feito pra nos divertir, e não para nos tornar pessoas ansiosas, depressivas e dependentes”, questionou ela na época, que aproveitou uma viagem ao Havaí com o então marido para cumprir o que propôs a si.

A cantora Simone, da dupla com Simaria, também precisou de um tempo longe da internet recentemente, e avisou os fãs usando a ferramenta Stories do Instagram antes de fazê-lo. Na volta, uma semana depois, a sertaneja contou aos seguidores que ficou em uma espécie de retiro em Minas Gerais com programas ligados à união da família e à religião.

Quando a atriz Érika Januza se afastou do celular por três dias, descobriu que as redes sociais tomam o lugar de outros passatempos. “Fiz coisas que não fazia, vi uns 15 filmes”, comentou a atriz em um papo recente com Fátima Bernardes no programa “Encontro” (Rede Globo).

E não são só os artistas mais velhos que estão investindo nesse tipo de pausa. No Twitter, a atriz e apresentadora Maísa (que, com apenas 16 anos, já tem mais de 18,4 milhões de seguidores no Instagram) também anunciou que não vai sumir das redes sociais, mas sente necessidade de fazer um “detox” para se livrar de sentimentos negativos gerados por ela:

Efeitos nocivos das redes sociais

Há quem desdenhe de pessoas que sentem a necessidade de se ausentar das redes sociais (especialmente famosos que basicamente vivem delas), mas, conforme explica a psicóloga Ellen Moraes Senra, o vício nesse tipo de plataforma é algo tão real quanto outras dependências – e, assim como elas, pode trazer consequências para a saúde mental.

“O uso de redes sociais pode gerar dependência porque as pessoas tendem a desenvolver hábitos. Se você passa mais de 30 dias fazendo a mesma atividade diariamente, o corpo reconhece que aquilo ali é essencial para a sobrevivência, então você passa a necessitar daqueles aplicativos cada vez mais”, afirma ela.

Segundo a especialista, quanto mais tempo se passa na internet, maior é o risco de desenvolver essa dependência – e que ela pode gerar problemas reais para o indivíduo. “As redes sociais como um todo acabam despertando uma ansiedade muito grande nas pessoas, além de um padrão comparativo desleal porque você pode ver pessoas com o mais diversificado padrão de vida e começar a comparar a tua vida com a dela, criando uma baixa na autoestima”, explica.

Além do hábito de comparar a própria vida à dos outros (mesmo muitas vezes conhecendo essas pessoas de maneira superficial apenas pelo que elas mostram na web), a psicóloga afirma que há ainda outro problema: como a internet facilita muito o contato com as pessoas, se cria uma necessidade de estar sempre ali para resolver tudo o que for preciso de maneira rápida.

“Eu mesma, como profissional empreendedora, faço marketing digital e às vezes tenho essa sensação de que eu não posso abandonar as minhas redes sociais mais do que 24h, por exemplo, porque isso determina o número de visitas que você tem, o número de pessoas que estão conhecendo o seu trabalho, então isso gera uma grande ansiedade, podendo prejudicar as relações interpessoais do indivíduo”, afirma.

De acordo com Ellen, isso é ainda mais intenso para os jovens, afinal, eles já têm uma tendência maior a se comparar com os demais, o que os faz atentar para coisas como o número de seguidores de outras pessoas ou no quanto os amigos interagem com outras pessoas em vez de interagir com eles. “Quanto mais jovem for essa pessoa, geralmente ela vai sentir mais essa pressão”, diz ela.

Como fazer detox das redes sociais?

É claro que dar um tempo das redes sociais é útil para se desvincular do vício, mas, além do fato de que algumas pessoas não podem se dar ao luxo de se afastar delas, apenas fazer um intervalo de alguns dias não é o suficiente para sanar, por exemplo, as questões relacionadas à autoestima e da necessidade de estar sempre disponível.

Para um “detox” efetivo, Ellen afirma que, em primeiro lugar, é preciso trabalhar a mente. “É importante você entender que você é um indivíduo, então tem seu próprio padrão. Pessoas que costumam viver da imagem têm um tempo maior para cuidar do corpo, da alimentação. Pessoas que ganham melhor podem pagar pessoas para administrar as redes sociais. Você precisa entender até onde vai o seu limite”, explica a psicóloga.

Ela também ressalta a necessário de avaliar bem os objetivos que se tem para a própria vida, no caso de pessoas que usam a web para fins comerciais. “Você precisa determinar qual é a sua meta profissional para que então você pense: ‘Aquela pessoa tem tantos seguidores e ganha tanto por isso, mas é isso que eu quero alcançar com o meu trabalho?’”, aponta a especialista.

Quanto a dicas mais práticas, Ellen afirma que é importante buscar um equilíbrio entre o uso das redes sociais e outras tarefas ou hobbies. Segundo ela, não há muito segredo na hora de estabelecer esses limites: o importante é priorizar atividades relevantes e viver as situações tanto quanto for possível.

“Se eu tenho que estudar, naquele momento eu não posso estar usando as minhas redes sociais. Se eu vou sair para uma festa, tenho que aproveitar a festa e evitar fazer as coisas só para postar no Instagram. O ideal é viver mais o físico, fazer suas atividades, e aí, no tempo em que você não tem nada pra fazer, não tem problema passar mais tempo nas redes”, comenta Ellen.

Para pessoas que trabalham utilizando plataformas digitais, algumas ferramentas e recursos que o próprio celular disponibiliza podem ajudar. Segundo Ellen, uma dica interessante é utilizar serviços de automação, que seguem perfis e curtem comentários com base em configurações pré-estabelecidas, e até publicam posts agendados para que a pessoa não precise ficar “grudada” no celular o tempo todo.

Outra dica da psicóloga é simplesmente desativar certas notificações. “Se tem uma coisa que é comprovada é que o barulhinho de notificação, aquela luzinha que acende ou aquele numerozinho na bolinha que fica do lado do aplicativo indicando o número de interações que você tem ali geram uma grande ansiedade”, explica ela.

Para reduzir essa ansiedade, Ellen aconselha deixar as notificações apenas dos aplicativos que são essenciais para o trabalho e, dessa forma, controlar o momento em que se entra nessas plataformas para checá-las.

Ansiedade, depressão, problemas de autoestima e mais

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