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Prática de amamentação de famosa pode ser perigosa, mas muitas mulheres ainda fazem

Publicado 6 Dez 2018 – 02:27 PM EST | Atualizado 6 Dez 2018 – 02:27 PM EST
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Para conseguir alimentar o filho durante o período em que não podia amamentá-lo, a tatuadora Kat Von D seguiu uma prática considerada perigosa por especialistas da área da saúde: a amamentação cruzada, aquela em que uma mulher fornece seu leite ao bebê de outra.

Prática de amamentação de Kat Von D para a falta de leite

Mãe pela primeira vez, Kat contou ter aderido à amamentação cruzada em texto - publicado no perfil que mantém no Instagram - sobre a dificuldade que passou para dar de mamar nos primeiros dias de vida de seu filho com o músico Leafar Seyer.

"Durante os primeiros dois dias da vida de Leafar, o nível de açúcar em seu sangue estava baixo e, apesar de eu ter me comprometido a amamentar exclusivamente, meu leite ainda não havia chegado”, escreveu.

Por conta da falta de leita da artista, o pediatra de Leafar sugeriu que Kat considerasse alternativas ao seu leite materno para compor a alimentação do filho, como o leite de doadoras ou o uso de fórmulas.

“O pediatra sugeriu que eu perguntasse para ver se algumas das minhas amigas teriam um pouco de leite extra que pudessem doar - caso não tivessem, eu teria que considerar a possibilidade de complementar com fórmula, algo que nós pessoalmente não queríamos fazer.”

Em busca de uma doadora para fornecer leite para o filho, em especial uma mulher que seguisse a mesma dieta da tatuadora, que restringe carnes e derivados de leite do cardápio, Kat pediu ajuda a sua obstetriz.

A médica, então, colocou a paciente em contato com Morgan Campbell, que prontamente ajudou a artista.

"Ela apareceu e doou alguns mililitros para nós no meio da noite. Não preciso nem dizer que os níveis de açúcar do Leafar melhoraram e nós agora estamos felizes, amamentando em casa. Não tenho palavras para agradecê-la o suficiente por nos ajudar a passar por aquelas noites difíceis. Esta é a verdadeira comunidade. Verdadeira irmandade. Verdadeira gentileza. E eu mal posso esperar para passar adiante um dia.”

Amamentação cruzada: por que é contraindicada?

Por mais que o gesto de solidariedade entre Kat e Morgan tenha ajudado Leafar, a prática da amamentação cruzada, na realidade, é contraindicada formalmente pela Organização Mundial da Saúde – e também pelo Ministério da Saúde aqui no Brasil, através da portaria 1.016, de 1993.

A contraindicação acontece pelo potencial risco de transmissão de doenças através do leite e do sangue proveniente de machucados nos mamilos, como o vírus do HIV, males como hepatites e micro-organismos como o vírus HTLV (Vírus Linfotrópico da Célula T Humana).

"Uma única mamada já é suficiente para expor o bebê ao risco de contrair muitas doenças assintomáticas, aquelas que a pessoa desconhece ser portadora, como, por exemplo, doenças infectocontagiosas: hepatite C, hepatite B ou até mesmo a Aids", alerta a coordenadora de enfermagem do Hospital e Maternidade Santa Brígida, Sabrina Koerner Pinheiro.

Ainda sobre a contágio com a amamentação cruzada, um dos perigos levantados pela amamentação cruzada é de que a criança acabe por infectar a lactante que está doando leite para ela, causando assim uma reação em cadeia de transmissão de microrganismos.

Além disso, outro ponto para atentar-se é a mudança pela qual o leite materno passa durante todo o processo da mamada, ou seja: elementos como período do dia e idade do bebê influenciam na composição do alimento, ou seja, bebês de idades diferentes não poderiam receber o mesmo leite.

Vale lembrar que o aleitamento feito pela própria mãe não apresenta tantos riscos porque, caso a mulher passe algum vírus ou bactéria para seu filho, ela enviará junto anticorpos capazes de protegê-lo.

E se o leite for de parentes?

Mesmo que a doadora seja uma parente sanguínea do bebê e da mãe biológica, ainda assim a amamentação cruzada não é recomendada.

Afinal, é impossível conhecer por completo o estado de saúde da possível doadora e ter certeza de que a pessoa é 100% saudável – o que deixa a criança a mercê de contágio de doenças.

"É possível que a doença desse indivíduo esteja na janela imunológica, que é o tempo que demora para ela se manifestar até mesmo nos exames, em período de incubação ou que tenha sido contraída só recentemente", explica pediatra e homeopata Moises Chenchinski, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo

Alternativas para a amamentação cruzada

Um dos procedimentos possíveis para mães que lidam com a falta de leite é a relactação, processo pelo qual Sandy passou com seu filho Theo.

A relactação consiste em oferecer leite artificial através de uma pequena sonda colocada junto ao mamilo enquanto o bebê suga o seio da mãe. A sucção estimula a produção do hormônio prolactina e, consequentemente, de leite e pode ser feita até mesmo por mães adotivas que desejam dar de mamar a seus filhos.

A segunda alternativa é o leite de bancos de leite. Esse material de doação difere-se do leite doado na amamentação cruzada por passar por um processo de pasteurização que elimina agentes infecciosos do material.

"A doadora terá de dar 30% de seu leite para o banco, que o encaminha para hospitais, local onde o leite é de imensa importância para prematuros, mas o alimento certamente será analisado e pasteurizado, impedindo que haja contaminações cruzadas", diz Chenchinski.

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