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"dor na coluna"-Tasaudavel

Se você faz isto sempre que anda de carro, está danificando sua saúde sem saber

Publicado 23 Nov 2018 – 02:15 PM EST | Atualizado 23 Nov 2018 – 02:15 PM EST
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O transporte com carro é um dos principais do Brasil. Para se ter uma ideia, São Paulo, a cidade brasileira mais populosa com 12.176.866 milhões de habitantes, segundo estimativa do IBGE para 2018, apresenta uma frota de automóveis de 6.147.199, de acordo com números do Detran. Isso significa que há um carro para menos de duas pessoas na maior cidade do país.

Em um território em que estes veículos têm tanta força, o que não faltam são motoristas para conduzi-los no dia a dia da cidade. Mas aqui vai um alerta: erros comuns na hora de se sentar, posicionar o braço ou a perna e até mesmo ajustar o espelho retrovisor trazem prejuízos à saúde, sem que muita gente se dê conta.

“O carro é um dos principais vilões da coluna vertebral nos tempos atuais”, conta o quiropraxista David Porto, diretor da Clínica Mais Coluna.

Erros prejudiciais ao dirigir carro

De acordo com o especialista, diferentes fatores podem influenciar o desenvolvimento de problemas na coluna ou potencializar a sobrecarga na região pelo longo período na mesma posição devido ao tempo gasto no trânsito.

Em conversa com o VIX, Porto sinaliza erros comuns de serem cometidos ao andar de carro e o que pode ser feito para evitá-los.

Motorista mal posicionado

A superfície onde as costas são apoiadas, conhecida como encosto do banco, deve sempre preencher totalmente a região lombar para que nenhum espaço vazio seja deixado entre as costas e o estofado.

“O espaço vazio nesta região aumenta o ritmo tensional da musculatura lombar, acelerando o processo de fadiga e inflamação”, explica o quiropraxista.

Alguns bancos possuem uma proeminência do estofado na região lombar, ao ponto de acomodar melhor esta região. Caso a curvatura da lombar não seja preenchida totalmente pelo encosto, pode-se preencher o vão com uma toalha de rosto ou casaco, de forma que fique sempre confortável.

Assento muito duro

A maciez do assento no qual o motorista se acomoda também influencia no desenvolvimento de processos inflamatórios na coluna vertebral, apesar de muitas pessoas não prestarem atenção a este detalhe.

“Assentos com estofado muito duros podem gerar incômodo que reverberam em tensão na região local, acelerando processos inflamatórios na região glútea e ciática”, diz Porto.

Uma saída para carros com estofados duros é colocar uma almofada mais macia em cima que melhore a sensação de sentar. “Lembrando que é importantíssimo que esta almofada seja macia de forma simétrica para absorver o peso do corpo de forma distribuída”, avisa o especialista.

Inclinação do encosto

A angulação ideal entre o encosto e o assento do banco é de aproximadamente 100°, isto é, um pouquinho além do ângulo reto. Ocorre que algumas pessoas têm o costume de deixar o banco reto, como se fosse um “L”, com a inclinação de 90°.

“Isso gera uma sobrecarga muito grande na lombar devido à retificação deste arco, e tendencia a um encurvamento maior da região torácica e ombros. Quando inclinamos levemente acima dos 90°, preservamos os arcos da coluna evitando inflamações ligamentares, discais e musculares”, indica Porto.

O mesmo vale para uma angulação maior que 100º, conforme explicado nos próximos itens.

Distância entre braço e volante

Quando o banco está muito distante do volante, a musculatura do corpo do motorista fica mais tensa pela força feita para desencostar do encosto.

“Quanto mais ele se distanciar, mais o ombro vai rotacional para dentro e o músculo trapézio vai tensionar”, pontua o quiropraxista, que adiciona a rotação de ombros e a anteriorização da cabeça (movimento em que a cabeça é projetada para frente) como outros dois prejuízos ao corpo.

“Esta postura, se ocorrer por um tempo excessivo, não apenas afeta a coluna vertebral como também pode causar dores de cabeça por tensão da região do pescoço.”

Por isso, o recomendado é aproximar-se levemente do volante a ponto de perceber que não existe necessidade de o corpo se desencostar do banco. De acordo com o quiropraxista, os braços devem ficar relaxados e flexionados em uma angulação de 90° a 120°.

Flexão dos joelhos

Ao mesmo tempo que o banco não deve ser muito distante dos comandos do veículo, o excesso de proximidade também é ruim quando falamos do pedais do carro. O recomendado é manter as pernas levemente esticadas, com uma angulação de 145°.

Joelhos muito flexionados no espaço entre o banco e os pedais aumentam a sobrecarga da patela com o fêmur, gerando possíveis dores. Além disso, a pressão da região glútea no assento aumenta, podendo causar dores ciáticas e inflamações articulares lombar e sacro-ilíaca.

Descanso para os braços

Descansar os braços em apoios é um recuso interessante pois faz com que o músculo trapézio (na região do ombro) tensione menos – o que evita dores e inflamações.

“Carros mais modernos geralmente possuem uma superfície de ambos os lados para apoiar os cotovelos enquanto dirigem. Caso o seu veículo não possua este diferencial, uma tentativa de improviso seria colocar uma toalha enrolada ou uma almofada nos lados para apoiar os cotovelos.”

Encosto de cabeça

Dirigir sem encosto de cabeça encaixado ou bem posicionado no banco traz grandes risco à saúde. Afinal, o suporte é um recurso de proteção importante para que, em situações de frenagem, os efeitos do movimento de chicote - que lesiona músculos, ligamentos e articulações do pescoço - sejam minimizados.

“A lesão em chicote pode ser muito grave, por isso o encosto serve para evitar que o pescoço vá muito para trás nestas situações. Além de ser um equipamento de proteção, podemos considerar o encosto da cabeça como um recurso de descanso, relaxando a musculatura da região.”

Espelhos retrovisores mal posicionados

Seja o espelho retrovisor central ou os das laterais do carro, é importante que eles estejam bem posicionados para que o motorista não precise se movimentar muito ou tenha que inclinar demais o tronco para obter visão ampla.

“Quando temos que nos movimentar muito acabamos ativando por demais os músculos responsáveis por estabilizar a coluna vertebral e nos tendenciam a sair da postura ideal sentada.”

Já estou com dores: o que fazer?

A grande maioria dos problemas na coluna desenvolvidos no trânsito pode ser tratada ao ponto de reduzir totalmente o quadro doloroso.

Caso o motorista tenha dor nas costas devido à condução do carro, algumas medidas imediatas podem ser adotadas:

  • Alongamento dos músculos da coluna
  • Repouso com bolsa de água quente para relaxar os músculos
  • Evitar longos períodos sentado dentro do veículo (o ideal é que não exceda 30 minutos)

Porém, o quiropraxista reforça que, se não houver uma boa conscientização postural, atividades físicas que fortaleçam os músculos da coluna vertebral e terapias voltadas aos cuidados da coluna no dia a dia, o corpo fica sujeito a novas sobrecargas e novas inflamações. Além disso, é válido observar que, se a dor acompanhar por um longo período (superior a 3 meses), a lesão pode tornar-se crônica – o que dificulta o tratamento.

Por esse motivo, a recomendação é sempre procurar um especialista, como quiropraxistas, que possa corrigir a raiz do problema e dar orientações para preservar a saúde da coluna vertebral.

Cuidados com a coluna vertebral

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