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Dor na lombar fez atriz descobrir doença séria e operar: exames de rotina não detectaram

Publicado 7 Nov 2018 – 03:30 PM EST | Atualizado 7 Nov 2018 – 03:30 PM EST
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Fortes dores que começaram na região lombar foram os sintomas iniciais para que a atriz Fran Freduzeski começasse a desconfiar de que algo suspeito estava ocorrendo em seu organismo. E ela estava certa.

Em relato compartilhado no Instagram, Fran contou ter descoberto, recentemente, uma doença bem séria que acomete seu sistema reprodutivo.

Doença de Franciely Freduzeski

Conforme contou ao longo de um texto publicado no Instagram, Fran foi diagnosticada com endometriose, sendo o caso da atriz a do tipo profunda.

A descoberta da doença, segundo a atriz, começou com uma dor intensa na região lombar que, posteriormente, estendeu-se para o quadril e para a perna direita. “Uma queimação, dor, formigamentos que eu não sabia mais o que fazer.”

As dores incomodaram Fran por meses e chegaram a impactar a vida da artista em atividades cotidianas, como idas à academia, atividades de lazer, no trabalho e em sua vida social.

“Tudo parou até que eu fiquei de cama, tomando corticoide, remédios e mais remédios, saía de casa sempre com no mínimo uns três remédios diferentes para tentar ir tocando a vida”, relatou, acrescentando que, posteriormente, ficou com nervo ciático, bexiga e intestino comprometidos

Endometriose

As dores intensas que Fran sentiu são apenas um dos sintomas possíveis da endometriose, que ainda pode se manifestar por meio de cólicas frequentes e intensas durante a menstruação, dores abdominais, independentemente de estar no período menstrual, dificuldade para engravidar, intestino preso, solto ou dor para evacuar durante a menstruação, dores durante a relação sexual e desconforto/sangramento ao urinar na época da menstruação.

A endometriose trata-se de uma doença que atinge mais de 6 milhões de brasileiras, de acordo com a Associação Brasileira de Endometriose (SBE), e é caracterizada pela presença do endométrio (uma camada que reveste o útero com a função de acolher o embrião em caso de gravidez) em outros órgãos que não o útero, onde deveria ficar.

Quando a gestação não ocorre, o endométrio se descama e é expelido do corpo pela menstruação. Já em casos da doença, essa camada se instala em outras partes do corpo, como a cavidade abdominal, os ovários e o intestino.

“Pode atingir cérebro, músculo, osso, entre outros órgãos”, complementa o ginecologista Marco Aurelio Pinho de Oliveira, chefe do ambulatório de Endometriose do Hospital Universitário Pedro Ernesto, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

É possível separar a endometriose em dois tipos: superficial e profunda. A primeira é menos agressiva e penetra menos que 5 milímetros da superfície do tecido. Já a profunda é caracterizada por lesões maiores do que essa medida e é a que se alastra por diversas partes do corpo.

Diagnóstico: exame de rotina não é suficiente

No relato de Fran, chama atenção o fato de a atriz ser uma pessoa bem atenta à saúde, procurando fazer visitas ao ginecologista, ao menos, a cada seis meses. "Até porque uso implante hormonal e achei que esse era um tratamento que resolveria minha vida para esse tipo de doença", disse no relato.

Além disso, a atriz conta ter procurado médicos de inúmeras especialidades para descobrir a causa de suas fortes dores, mas nenhum deles foi capaz de ajudá-la.

"Foram quase 8 meses de dor e eu eu não tinha ideia de que seria endometriose o meu problema. (...) Falei da minha dor [ao ginecologista] e nada. Fui ao ortopedista, osteopata, neurologista, falei com diversos médicos, fiz ressonância de tudo, até da cabeça. Raio X do corpo todo. Nada. Achei que estava com câncer, reumatismo, artrite, lúpus, todo tipo de doença de articulação, herpes nos ossos, fiz todos os exames de sangue e nada."

De fato, a endometriose é uma doença difícil de ser detectada e nem sempre os exames de rotina conseguem detectá-la com precisão.

No caso de Fran, o diagnóstico veio após seu psiquiatra indicar a clínica de um ginecologista especializado em endometriose profunda, que realizou um exame de toque e imediatamente identificou o nervo inflamado. Exames específicos posteriores confirmaram a suspeita.

"É extremamente importante você ter um ginecologista que entenda de endometriose, não faça só exames de rotina", aconselha a atriz.

Exames de sangue, de imagem e físicos podem pré-determinar o alastramento do endométrio para além do útero, mas o diagnóstico certeiro só é possível por meio de uma biópsia.

“A biópsia feita pela videolaparoscopia é a melhor maneira de determinar a existência do problema”, afirma o ginecologista e obstetra Arlindo Brun.

Tratamento para endometriose

A endometriose não tem cura. Entretanto, se diagnosticada precocemente e com o tratamento correto, os sintomas são amenizados e a qualidade de vida da mulher melhora muito, sendo possível engravidar e viver sem dor.

Hoje em dia, o tratamento para a doença consiste na administração de anti-inflamatórios e analgésicos que ajudam a diminuir a intensidade dos sintomas da enfermidade. Também é comum o uso de hormônios, DIU e pílulas para este propósito – especialmente para interromper o ciclo menstrual.

Outra opção é a cirurgia para a retirada de focos do endométrio fora do útero. Este recurso é usado principalmente em mulheres que apresentam lesões muito extensas ou que não melhoraram com o uso de medicamentos/hormônios.

Fran contou ter realizado uma cirurgia como parte do tratamento para a doença e atualmente se encontra no processo de recuperação do procedimento – tanto que mostrou sua barriga levemente inchada devido à cirurgia.

Retirar o útero é o recurso mais extremo para o tratamento de endometriose. Ainda assim, a intervenção ocorre em casos mais graves e quando a mulher não deseja mais engravidar.

Vale lembrar também que o procedimento não é garantia de que a doença pare de progredir, já que o estrogênio é causa de sua continuidade e o hormônio é produzido pelos ovários.

Doenças do útero

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