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Por que método que fez famosa emagrecer 20 kg em 1 mês pós-parto pode ser perigoso

Publicado 10 Out 2018 – 06:22 PM EDT | Atualizado 10 Out 2018 – 06:22 PM EDT
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Durante a gestação de seu primeiro filho, Giuseppe, assistente de palco do “Programa do Ratinho”, do SBT, Valentina Francavilla ganhou 40 kg. Para reverter o processo, a atriz recorreu a um método bastante polêmico e, com ele, perdeu 20 kg.

Inibidor de apetite para emagrecer

No Instagram, Valentina contou que, no primeiro mês pós-gestação, conseguiu reduzir ao menos metade do peso adquirido durante a gravidez de Giuseppe.

O truque para perder os 20 kg, segundo a atriz do SBT, foi usar um medicamento inibidor de apetite. “Além de inibir totalmente meu apetite, dá mais energia e resistência”, escreveu a famosa.

Como funciona o inibidor de apetite

Medicamentos inibidores de apetite reúnem substâncias capazes de fornecer ao organismo a sensação de saciedade.

“Eles agem no sistema nervoso central e diminuem a fome, em consequência, a pessoa come menos e fica mais tempo sem pensar em comida", explica a endocrinologista Rosana Radominski, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

Além disso, a sibutramina, a única substância permitida no mercado atualmente com esse propósito, age no sistema nervoso central, bloqueando a recaptação dos neurotransmissores norepinefrina e serotonina, que são responsáveis pela sensação de prazer ao comer.

A substância também atua como um termogênico, estimulando a geração de calor no tecido adiposo e aumentando o gasto calórico.

É polêmico

Em 2011, uma determinação da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a venda de alguns destes medicamentos (anfepramona, femproporex e mazindol), mantendo no mercado apenas a sibutramina permitida ao uso, porém com fortes restrições.

Segundo a Anvisa, há pouca evidência científica sobre a real eficácia destes remédios, cujos efeitos colaterais considerados severos superam os benefícios. O órgão também afirma que os inibidores de apetite aumentam o risco de hipertensão pulmonar e arterial e distúrbios psiquiátricos.

"Alguns anorexígenos têm realmente sérios efeitos colaterais e por isso foram proibidos. Para que o benefício seja maior do que os efeitos adversos, é preciso usar essa medicação com consciência e sempre com orientação médica", alerta a endocrinologista Andressa Heimbecher.

Riscos dos inibidores de apetite

Se usados sem acompanhamento profissional e de forma generalizada, os moderadores de apetite são, sim, perigosos. Dentre os riscos que este produto oferece, destacam-se:

  • Aumento da pressão arterial e pulmonar
  • Aumento da frequência cardíaca
  • Dores de cabeça
  • Agitação
  • Agressividade

Os riscos acima citados são comprovados no meio científico. Também se discute os perigos que a falta de fome oferece ao organismo de quem utiliza o inibidor de apetite. O que muitos especialistas defendem é que uma pessoa, quando não bem orientada, simplesmente passa a comer menos com o uso do produto, porém de maneira não saudável.

Isso pode até levar à redução de peso, pela falta de ingestão de calorias, mas não necessariamente à perda de gorduras.

Em muitos casos, é comum que a pessoa deixe de ingerir vitaminas e minerais necessários (o que explica, em partes, a fome exagerada que muitos sentem pós-tratamento, já que o corpo está em déficit) e acabe perdendo massa muscular – o que compromete não só a saúde, mas o emagrecimento a longo prazo.

Quem deve utilizar?

A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) e o Departamento de Obesidade da SBEM afirmam que a utilização de inibidores de apetite, quando administrados de forma controlada e em dose adequada, é uma ferramenta importante no tratamento da obesidade e devem ser prescritos sempre associados à melhora na qualidade da alimentação e aumento da atividade física.

“Esse tipo de remédio só pode ser prescrito para pacientes que não conseguem perder peso, praticam atividade física e têm acompanhamento nutricional", aponta Rosana.

Contraindicação

Pacientes com histórico de diabetes mellitus tipo 2 com pelo menos outro fator de risco, como pressão alta controlada por medicação, colesterol alto, tabagista, doença renal, entre outros; quadros de transtornos alimentares, como bulimia, anorexia; e pessoas que já utilizam medicamentos que atuam no sistema nervoso e que trazem efeitos de redução de peso ou que contribuem no tratamento de transtornos psiquiátricos devem evitar o uso de inibidores de apetite.

Inibidor de apetite para lactantes

Na publicação em que conta sobre o uso do inibidor de apetite, Valentina fez questão de salientar que não dá de mamar. “Mamães, eu não estou amamentando. Por isso estou usando. Jamais use sem permissão médica!”

O alerta de Valentina condiz com a recomendação de especialistas da área da saúde. O consumo dos medicamentos inibidores do apetite são proibidos na amamentação pelo risco de serem transmitidos para o bebê através do leite materno.

"É essencial que as mães tenham precaução na utilização porque algumas substâncias podem passar para o leite materno e apresentar efeitos colaterais como aumento da pressão arterial e agitação psicomotora [no bebê]", avisa Juliana Pandini, coordenadora do curso de Nutrição do Centro Universitário Celso Lisboa.

Além disso, por proporcionar saciedade, caso o inibidor de apetite seja passado de mãe para filhos, isso pode trazer prejuízos ao bebê na próprio desenvolvimento da criança. "Ela necessita de todos os nutrientes importantes para o crescimento, amadurecimento dos órgãos, sistema imunológico e desenvolvimento neurológico, uma vez que o uso de medicamentos como os inibidores do apetite podem causar impacto nos fatores apontados”, indica a nutricionista Ingrid Soares.

O cuidado vale tanto para produtos de origem natural quanto industrial. “As pessoas tendem a achar que porque trata-se de algo natural (por exemplo uso de fitoterápicos), não há riscos. Porém, saiba que tal crença está longe de ser verdade. Tanto os remédios naturais quanto os suplementos podem sim conter substâncias tóxicas que prejudicam o leite materno e consequentemente o bebê”, alerta a Juliana.

Emagrecimento com a saúde

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