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Doença de Cristiana Oliveira foi causada por dieta feroz para emagrecer no pós-parto

Publicado 3 Set 2018 – 06:36 PM EDT | Atualizado 3 Set 2018 – 06:36 PM EDT
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A cobrança excessiva para que mulheres se enquadrem em padrões de beleza impostos pela sociedade pode acarretar diferentes consequências. No caso da atriz Cristiana Oliveira, o preço que ela pagou por ter feito uma loucura para emagrecer foi o surgimento de uma doença crônica, com a qual ela convive há quase 20 anos.

A artista revelou ter desenvolvido um quadro de hipotireoidismo após colocar hábitos radicais em prática para manter o corpo magro.

Hipotireoidismo de Cristiana Oliveira

Em entrevista ao programa “Mariana Godoy Entrevista”, da Rede TV!, Cristiana contou que, por muitos anos, sentiu-se infeliz com o próprio corpo por acreditar que ele não correspondia ao padrão de beleza imposto pela sociedade - principalmente pelo mercado de trabalho em que ela atuava: a moda.

Para se adequar à estética exigida, a atriz de 54 anos de idade se viu fazendo dietas hiper-restritivas e até desenvolvendo transtornos alimentares.

Um destes comportamentos extremos foi aos 35 anos, quando ela se submeteu a uma rotina penosa para manter-se magra logo após sua segunda gestação.

“Depois que minha segunda filha nasceu, eu tinha 16 kg a menos do que tenho agora - e eu sou uma mulher normal –, mas eu era tão paranoica, que eu era viciada em malhação. Eu era seca, mas eu estava completamente infeliz. Meu marido, na época, chegou para mim e falou: ‘Cristiana, você não vive. De manhã, você come pouco; de tarde, você não come nada; malha feito uma condenada e, chega de noite, come um sashimi de salmão?’", relatou na entrevista, acrescentado, ainda, que realizava 4 horas de exercícios diariamente.

Por conta disso, a atriz desenvolveu uma doença crônica: "Eu comecei a criar um hipotireoidismo por conta disso", disse, afirmando ter desregulado seu organismo. Cristiana enfrenta a doença até hoje e a controla por meio de medicamento.

O hipotireoidismo é um distúrbio causado pela redução dos níveis sanguíneos de hormônios tireoidianos. "Uma das origens desta redução pode estar na ingestão excessiva de iodo, seja na forma da alimentação, na passagem placentária ou em medicamentos iodados, que levam à diminuição do funcionamento da glândula tireoidiana", relata a endocrinologista Márcia Seki.

Cristiana ainda conta que, por fora, suas práticas até davam resultado, pois os elogios direcionados a ela eram frequentes. Entretanto, internamente, as atitudes não se mostravam muito eficientes, porque, além do hipotireoidismo, a atriz não se sentia contente e satisfeita.

“Nunca fiz tanto desfile, nunca fiz tanta campanha [como naquela época]. As pessoas falavam que eu estava linda, deslumbrante, e eu me olhava no espelho e me achava uma M. Porque eu não estava bem comigo.”

Anorexia

As exigências que Cristiana fazia com o corpo são reflexo das cobrança estéticas e cruéis a que mulheres são submetidas. Por conta disso, na época em que era modelo, a artista chegou a desenvolver anorexia, além de uma constante insatisfação com o próprio corpo.

Ao longo da conversa, a carioca também compartilhou um episódio em que uma oportunidade de emprego foi perdida por seu biotipo ter sido considerado fora dos padrões por uma importante revista de moda. “Eu nunca fui magra, não é da minha estrutura. Eu já tinha trabalhos fechado e uma mulher me tirou porque disse que eu estava gorda. Quer dizer, gorda: 20 kg a menos do que eu tenho agora.”

Durante o bate-papo, a atriz também tece comentários relacionados ao incômodo gerado na sociedade sobre o peso de cada indivíduo – especialmente quando há aumento na medida da balança. “É engraçado como as pessoas, quando engordam, têm que dar satisfação para os outros. E daí se eu engordei? Engordei porque quis comer. Esse excesso de preocupação é um negócio que me preocupa muito."

Outro ponto que chama atenção de Cristiana diz respeito ao que é considerado belo nos dias de hoje e como essa informação serve de referência para meninas e adolescentes.

“Você tem a Marina Ruy Barbosa, a Bruna Marquezine, com 24 milhões de seguidores nas redes sociais. Aí você vai [no perfil de] uma outra pessoa que é mais velha, que é até bonita na idade dela, com 100 mil seguidores. Porque ainda tem essa coisa de ‘quem você quer ser?’. E a resposta é ‘quero ser a Gisele Bündchen'. Isso tem que parar. São referências que são cruéis.”

Para ela, uma das soluções para que as pessoas desencanem de questões ligadas aos padrões de beleza é que elas tentem sempre fugir das comparações feitas entre o próprio corpo e o de outras pessoas. A única referência possível, em sua opinião, é o próprio indivíduo e mudanças devem ser feitas somente a partir de uma autoanálise.

“Uma das regras para recuperar a autoestima é nunca se comparar com outra pessoa. Você pode se comparar a você mesmo num dia antes, que você seja melhor num dia do que foi antes. É você ter essa 'autocompetição'. Mas se comparar ao outro é frustrante (...) Eu quando olho para fotos minhas com o corpo que eu tinha, eu era uma menina, mas eu não sou mais. E está tudo certo. Eu me gosto do jeito que eu sou. É frustrante essa exigência midiática e de sociedade que as pessoas têm de padrão. É deprimente.”

Autoestima

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