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Recentemente, o ator Rômulo Estrela precisou passar por duas cirurgias para reparar danos em seu coração.
Os procedimentos em questão estavam relacionados a um quadro de saúde que, apesar de ser mais comum na população idosa, também pode afetar jovens como o artista global, que tem 35 anos. Trata-se da fibrilação atrial.
Fibrilação atrial: o que é

A fibrilação atrial consiste em uma arritmia cardíaca das câmaras menores do coração – ou seja, um descompasso dos batimentos dos átrios.
“Quando o coração sai do ritmo, a gente chama de arritmia. A mais comum é a fibrilação atrial. Não só é mais comum, como a que mais oferece perigo. De 70bpm e vai para 140bpm”, diz o cardiologista Eduardo Saad, presidente do departamento de arritmias, estimulação cardíaca e eletrofisiologia da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj).
Causas

Não existe uma causa específica que explique o desencadeamento da fibrilação atrial no coração. “O que se sabe é que o órgão vai acumulando tecido de fibrose e, por alguma razão, ele distorce e propicia esse acontecimento. A gente não entende o processo que dá início”, conta Saad.
Apesar do conhecimento escasso sobre as causas dessa arritmia, o que se sabe é que alguns fatores de riscos predispõem o desenvolvimento dessa condição.

“Hipertensão, diabetes, apneia do sono, hipertireoidismo, uso abusivo de álcool e doenças cardíacas são alguns. Mas nada aumenta tanto o risco como a idade. Cruzar a barreira dos 60 anos aumenta o risco à fibrilação em cinco vezes. Cruzar a barreira dos setenta, em sete vezes”, exemplifica o presidente do departamento de arritmias da Socerj
Doença de idoso, mas possível em jovens
Embora seja uma doença muito propensa de acontecer na população idosa, é sabido que jovens, como Rômulo Estrela, podem desenvolver a arritmia.
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Dados da Socerj indicam que cerca de 1 em cada 10.000 jovens saudáveis tem fibrilação atrial sem qualquer doença associada aparente. Ainda que o número seja discreto, chama atenção a probabilidade de casos intermitentes (eventuais) que se tornam crônicos: 25%, segundo a entidade.
A fibrilação intermitente é a arritmia esporádica, que aparece em forma de surtos, enquanto a crônica traz descompassos com certo padrão de ocorrência.
“Em arritmias intermitentes, a pessoa se queixa de algo, mas os exames não mostram nada. Fazer o teste e não mostrar nenhum problema não indica que a pessoa não tenha a doença. Por isso, é preciso de testes mais longos, geralmente eletrocardiograma para saber detectar a fibrilação”, alerta o cardiologista.
Por que a fibrilação acontece em jovens

A ocorrência da fibrilação atrial na população jovem está diretamente atrelada a questões comportamentais e ambientais, uma vez que o principal fator de risco da doença é a idade.
“O uso abusivo de energéticos, de álcool, de drogas ilícitas, exercício físico competitivo, poluição e privação de sono são fatores de risco para estes pacientes. Hoje em dia, as pessoas começam a beber mais cedo e estão dormindo menos do que antes”, diz Saad.
Sinais e riscos

Uma das grandes questões da fibrilação atrial é que a doença não apresenta sintomas. ‘Um terço dos pacientes tem a doença em sua forma silenciosa. A pessoa só descobre quando faz exame médico ou quando tem o acidente vascular cerebral (AVC). A forma silenciosa é mais comum de acontecer com idosos. Os jovens, geralmente, têm sintomas”, conta Saad.
Quando apresenta sintomas, a fibrilação provoca palpitações, falta de ar e fadiga. “O paciente confunde os sinais, muitas vezes, com problemas na coluna, cansaço ou até mesmo dor no braço, por ter carregado uma criança ou sacolas pesadas”, alerta a cirurgiã cardíaca do HCor Magaly Arrais
A arritmia pode causar, ainda, embolias, que são bloqueios súbitos das artérias – o que provoca o AVC – e insuficiência cardíaca.
Tratamento da fibrilação atrial

Para Saad, a fibrilação deve ser encarada como o câncer: “Quanto mais cedo o diagnóstico, maior a chance de minimizar o problema.”
O tratamento da doença pode ser feito de duas maneiras: uso de medicamentos antiarrítmicos ou ablação (cirurgia feita por Rômulo). Para complementá-lo, ainda é recomendada a administração de anticoagulantes.
“O tratamento é completo quando previne a formação de coágulo – o mais importante para reduzir a mortalidade da fibrilação”, diz Olga Ferreira de Souza, cardiologista e coordenadora do Serviço de Cardiologia e Arritmia da Rede D’Or São Luiz.

Os remédios antiarrítmicos, entretanto, não são o método mais eficaz para tratar a condição. “Nada de novo surgiu nos últimos 50 anos, nada que faça mais bem do que mal. Há muito iodo na composição dos remédios, que se acumula nos órgãos e traz problemas de cima a baixo”, diz o cardiologista.
Desse modo, a ablação, uma técnica cirúrgica de cauterização por radiofrequência ou por resfriamento, torna-se uma alternativa mais eficiente para tratar a fibrilação. “Oitenta porcento dos pacientes ficam com o problema resolvido”, conta o médico sobre os resultados do procedimento em um coração de fibrilação intermitente.

Na fase persistente, porém, os resultados tornam-se menos expressivos e a taxa diminui. “Na fase persistente, 50% dos pacientes ficam bons”, diz Saad.
Não é à toa que o cardiologista compara a doença com o câncer. “É similar à metátese: cauteriza uma região, aparece arritmia em outra”, explica o médico.
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