null: nullpx
cérebro-Tasaudavel

Fé de Maguila ao falar da saúde emociona: entenda doença incurável do ex-boxeador

Publicado 20 Ago 2018 – 01:55 PM EDT | Atualizado 20 Ago 2018 – 01:55 PM EDT
Compartilhar

José Adilson Rodrigues dos Santos, o Maguila, é conhecido nacionalmente por sua história como boxeador. Ao longo de 17 anos, o ex-pugilista somou pelo menos 77 vitórias, das quais 61 foram por nocaute.

Mas foi exatamente o esporte que o consagrou que trouxe ao ex-atleta uma doença neurológica comum em pessoas que atuam na modalidade: a encefalopatia traumática crônica.

A condição, também conhecida como demência pugilística, é irreversível e foi diagnosticada em Maguila em 2013. Desde então, o lutador enfrenta o quadro demonstrando uma fé inabalável e um otimismo que emocionam.

Maguila: depoimento emocionante

A encefalopatia traumática crônica (ETC) acarretou a Maguila dificuldades motoras e problemas relacionados à memória. Apesar dos percalços, com bastante atitude positiva, o ex-pugilista tem se mostrado bastante motivado para seu tratamento.

“É mais uma luta que eu tenho que enfrentar e mais uma luta que vou vencer. Já venci essa luta. Estava meio fraco, meio debilitado. A pessoa meio debilitada fica meio fraca de cabeça, mas agora estou bem, graças a Deus”, disse em entrevista ao Globo Esporte.

Além de demonstrar otimismo para enfrentar a ETC, Maguila também contou sentir seu corpo disposto para atravessar a enfermidade.

"Estou interaço. Tem menino novo que não está igual a mim. Eu nunca bebi, nunca fumei, nunca joguei, nunca gostei de vício nenhum. Só de lutar. Agora eu já estou outro homem. Meu filho caçula me fala que depois dos 60 eu sou tiozão. Eu digo 'é, eu sou tiozão, mesmo. Mas sou um tiozão inteiro'".

Internado no Centro Terapêutico dos Anjos, unidade de saúde localizada em Itu, no interior de São Paulo, Maguila realiza um tratamento para seu quadro de saúde, reabilitação do organismo e contenção das avarias de seu cérebro.

Na instituição, Maguila se diz bastante confortável, uma vez que consegue combinar bem-estar mental e físico. “Quando a cabeça está boa, o corpo está bom. Aí estou legal aqui. Tranquilo e favorável.”

É por estar se sentindo bem que Maguila se mostra confiante para viver por muitas décadas. “Eu acho que eu vou chegar aos 100 anos. Se cheguei aos 60, vou chegar aos 100. Vivendo assim, vou chegar lá. Que Deus abençoe a todos e a mim em primeiro lugar, né? Porque não dá para abençoar os outros e me deixar sem a bênção”, brincou.

Encefalopatia traumática crônica: a doença de Maguila

O que é?

A encefalopatia traumática crônica (ETC) é uma doença neurodegenerativa que acarreta problemas cognitivos, dificuldades de memória a longo prazo, transtornos comportamentais e demência.

Muitas vezes, a ETC é confundida com outros quadros ligados a saúde neurológica, como a doença de Alzheimer, Mal de Parkinson pela semelhança dos sintomas entre as doenças mencionadas.

Maguila, inclusive, chegou a ser diagnosticado com Alzheimer antes de iniciar seu tratamento para a ETC.

Causas

Segundo o estudo “Encefalopatía Traumática Crónica: Revisión de la Literatura”, publicado na Revista Ecuatoriana de Neurología, a condição é “observada tanto em homens e mulheres que foram expostos a traumatismos repetitivos, como violência física, epilepsia mal controlada, prática de esportes de contato, como futebol americano, luta, hóquei, assim como militares expostos a explosões durante o serviço militar.”

No caso do boxe, outro estudo, “Encefalopatia traumática crônica do boxeador (dementia pugilistica)”, publicada na Revista de Psiquiatria Clínica da USP, lembra que os traumas encefálicos muito frequentes na atividade contribuem para o desenvolvimento da ETC. “Tem, portanto, consequências agudas para o sistema nervoso central (hemorragias, dissecção carotídea ou trombose) e crônicas, como a ETC.”

Sintomas

Os sinais típicos da encefalopatia são de ordem cognitiva, como falta de memória e atenção e dificuldade na execução de atividades.

A longo prazo, especialmente em estágio terminal da doença, a ETC também traz alterações neuropsicológicas, como oscilações de humor e mudança no comportamento da pessoa.

Tratamento

Não existe tratamento específico para a ETC. Assim como outros casos de demências, pode-se buscar medidas de suporte em terapias que ofereçam bem-estar ao paciente, como ambiente iluminado, alegre, familiar.

Medicamentos também podem ser utilizados para amenizar o déficit neurológico causado pela enfermidade, como é o caso de remédios usados no tratamento do Mal de Parkinson – especialmente para pacientes que apresentam dificuldades neuromotoras.

O estudo equatoriano, porém, lembra que no caso de boxeadores – e demais atletas de esporte de grande impacto – a melhor prevenção e também tratamento é evitar o forte impacto de suas modalidades.

“Os resultados mais sensíveis observados aconteceram com a diminuição do tempo de exposição aos traumas em esporte de contato.”

Doenças do cérebro

Compartilhar

Mais conteúdo de interesse