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Terapia te faz flutuar em águas como as do Mar Morto para aliviar estresse e ansiedade

Publicado 3 Ago 2018 – 11:43 AM EDT | Atualizado 3 Ago 2018 – 03:23 PM EDT
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Na civilização grega, as águas termais eram usadas como terapêuticas para aliviar dores físicas, acalmar a mente e recuperar energia. Hoje, a técnica de flutuar em um tanque com água salgada surge como um tratamento alternativo para aplacar esses e outros males contemporâneos, como estresse e ansiedade.

Chamado de "Floating", o método de relaxamento é associado a benefícios do estado de "estímulos sensoriais altamente controlados" a que a pessoa se submete. O VIX participou de uma sessão de 60 minutos de flutuação no "Flutuar Float Center", em São Paulo, e conta a experiência.

Um aviso: ela pode ser uma boa indicação para quem busca mergulhar dentro de si.

Floating: relaxamento em tanque de flutuação

O "Floating", ou flutuação dentro do tanque, é uma técnica terapêutica em que o participante pode se desligar do mundo por alguns minutos em um tanque de mil litros de água com grande quantidade de sal Epsom (sulfato de magnésio).

No Brasil, alguns spas e hotéis a usam como opção de serviço de bem-estar e beleza e, em abril de 2018, São Paulo ganhou um centro de flutuação, o Flutuar Float Center. O espaço conta com três tanques de flutuação e duas salas de massagem para quem quer dar um descanso ao corpo de maneira completa.

Entre os clientes, estão pessoas que buscam diminuir os níveis de estresse e ansiedade ou apenas querem um tempo para si por meio de intenso relaxamento.

Segundo o proprietário da Flutuar, Tobias Nold, as águas do tanque se assemelham às características das águas do Mar Morto, no Oriente Médio, bastante conhecidas por ter muita salinidade e por trazer inúmeros benefícios à saúde.

Mas, no centro de flutuação, a experiência é feita em um ambiente individualizado e que leva ao isolamento quase completo para, então, permitir o relaxamento total.

A experiência envolve água em temperatura perfeita para pele (35,5ºC), isolamento acústico (na sessão de 60 minutos, são 15 minutos de música e 45 minutos de silêncio) e luzes apagadas. Dentro do tanque, entretanto, há um sistema de cromoterapia que pode ser ativado pelo cliente.

O grande compartimento de água pode ficar com a porta aberta ou fechada, mas a recomendação é que a vivência é mais interessante em completa reclusão. "Algumas pessoas descrevem como se voltassem ao útero", comenta Nold.

Benefícios do floating

O "floating" foi criado nos anos 50, nos Estados Unidos, pelo neurocientista e psicanalista John C. Lilly, autor do livro "O Eu Profundo: Exploração da Consciência no Tanque de Isolamento".

Por meio de testes com pessoas flutuando nos tanques de água salgada, as pesquisas eram concentradas nos benefícios que a "privação sensorial" dentro do imenso compartimento de flutuação poderia trazer para o corpo e a mente (analisando diferentes estados de consciência) das pessoas.

De lá para cá, os tanques de flutuação se tornaram equipamentos comerciais e mais populares e passaram a ser vistos como uma técnica que contribui para estados meditativos e de relaxamento do corpo.

"Reset" do corpo e combate a estresse e ansiedade

"Já está confirmado que o estresse faz mal para o corpo. Quando estamos constantemente estressados, nos mantemos em uma situação de resistência e de necessidade de fuga mesmo quando não há nada que cause isso", explica o médico cirurgião e nutrólogo que atua na área de Medicina Funcional e Integrativa Paulo Amorim.

"Na situação de isolamento promovida pelo tanque de flutuação, o corpo pode fazer uma espécie de 'reset'. E, com o mínimo de informações e estímulos externos, o cérebro consegue acessar zonas que não acessa geralmente. O nível de cortisol, o hormônio do estresse, também tende a diminuir", explica o especialista, que é também praticante da flutuação.

"Assim que a pessoa entra no tanque de flutuação e acalma a mente, ela pode entrar em um estado meditativo, dormir, ter insights, praticar mindfulness, ou simplesmente começar a ouvir sua respiração e batimento cardíaco", explica Tobias, do Flutuar.

"É um estado diferente, porque vivemos em um mundo em que todos os estímulos nos fazem pensar, e esse pensamento é quase sempre inútil".

Por essa razão, quem faz sessões de flutuação com frequência pode sentir o mesmo bem-estar e equilíbrio entre corpo e mente que uma aula de ioga pode proporcionar, segundo Tobias.

O que dizem as pesquisas

Um estudo feito por cientistas do Laureate Institute for Brain Research, de Oklahoma, nos Estados Unidos, e publicado na revista científica PLOS ONE, mostrou que de um grupo de 50 participantes “estressados” em algum nível, todos declararam estarem menos ansiosos após uma sessão de 60 minutos de flutuação, com níveis de ansiedade aproximados aos dos 30 participantes não-ansiosos escolhidos para o teste. Eles também declararam sentir “aumento de serenidade” e “sensação de renovação”.

Já uma pesquisa do Laboratório de Desempenho Humano, da Universidade de Karlstad, na Suécia, publicada no site do Centro Nacional de Informações de Biotecnologia, o NCBI, dos Estados Unidos, apontou que a flutuação também pode beneficiar grupos de pessoas saudáveis.

A pesquisa tinha como objetivo relacionar a técnica de relaxamento como um cuidado preventivo e os pedidos de licenças médicas dentro de ambientes de trabalho. Para isso, eles escolheram um grupo que havia quadros de estresse e ansiedade, mas não chegaram a pedir licença do trabalho. Os resultados foram com base na resposta de 14 homens e 51 mulheres que fizeram parte do estudo.

Segundo as pesquisadoras responsáveis pela análise, o estresse, a ansiedade, a depressão e a dor dos participantes diminuíram e a qualidade do sono e o otimismo dessas pessoas aumentaram após sessões de flutuação.

Redução de sintomas de doenças

Por ser uma prática relaxante, a flutuação pode ajudar a aliviar dores nas juntas, tensões musculares, e em casos de artrite, artrose e fibromialgia (apesar de não ser um tratamento médico). Tudo porque a redução dos estímulos contribui para diminuir o nível de cortisol, que pode ser um componente agravante dessas doenças.

"Se a pessoa tem algum desses problemas relacionados a processos inflamatórios, é possível que se tenha uma melhora sutil com a prática de flutuar. Ela precisa ser levada, porém, como uma atividade complementar aos tratamentos", diz o médico.

Melhora da qualidade do sono

Nos Estados Unidos, a terapia também é utilizada para combater a insônia e para aumentar a qualidade do sono. "Não há comprovação científica, mas se especula que uma hora dentro do tanque de flutuação equivale a até seis horas de sono em uma cama", comenta Tobias. "Por lá, muitos praticantes vão ao tanque antes da hora de dormir; outros, justamente para conseguir dormir durante a sessão".

Ação anti-inflamatória

Por fim, o sal de Epsom, ou sal amargo, que é colocado na água em grandes quantidades (para que a pessoa flutue) também é apontado como um composto químico que traz benefícios anti-inflamatórios.

Vale lembrar que tal ação não é cientificamente comprovada e mais estudos são necessários para confirmá-la.

A experiência de estar dentro do tanque

O ambiente tranquilo dentro da sala de flutuação e o fato de eu conseguir flutuar sem nenhum esforço foram como um convite irresistível para meu corpo relaxar por completo. A parte mais gostosa da experiência foi me sentir livre dentro d'água e nem por um minuto fiquei preocupada ou ansiosa com essa sensação de "estar fora do ar".

Mesmo porque o isolamento, ou "o estado de estímulos sensoriais altamente controlados", se torna ainda mais interessante porque estamos em um ambiente seguro. Não no mar ou em uma piscina.

Depois que fizemos as fotos para essa matéria, fechei o tanque e pude ter controle total da experiência. Ouvi a música inicial e resolvi apagar as luzes dentro do tanque.

Confesso que me mexi um pouquinho para experimentar essa liberdade e, então, dormi. Não profundamente, mas passei para um estado extremamente relaxado - a ponto de não saber mais onde estava.

E como desde pequena fiz aulas de dança, o que me ajudou a ter consciência corporal, e faço práticas de ioga e meditação, foi muito fácil me "deixar levar" pela sensação de apenas ouvir meus batimentos cardíacos e minha respiração.

Mesmo com a música final me avisando que a sessão iria terminar, não me senti angustiada para sair dali. Mas, extremamente grata por ter o privilégio de passar alguns minutos "offline do mundo".

Técnicas para relaxar

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