Doença comum que Whindersson Nunes revelou ter pode mesmo evoluir para câncer?
Depois que Whindersson Nunes apareceu bem mais magro em fotos, o youtuber decidiu revelar que o que o motivou a perder peso foi, na realidade, uma condição de saúde que muitos brasileiros têm, mas poucos sabem.
"Fiz um exame e a doutora disse que eu tinha gordura no fígado que podia evoluir pra um câncer", escreveu o humorista em seu Instagram ao falar sobre o assunto.
A condição descrita por ele se trata de uma esteatose hepática não alcoólica, acúmulo de gordura nas células do fígado. Entre as dificuldades da doença, está a falta de sintomas clínicos e o diagnóstico tardio, que acaba levando muitos pacientes a desenvolver cirrose não alcoólica e até mesmo o câncer de fígado.
A seguir, saiba mais sobre a doença, e quando e como ela pode evoluir para um quadro mais grave.
Esteatose hepática não alcoólica
O que é?
A doença hepática gordurosa é uma condição cada dia mais comum e que muitas pessoas não imaginam que têm, pela falta de sintomas.
Segundo explica a hepatologista e gastroenterologista Mônica Viana, especialista em fígado, hepatites, estômago e intestino, a prevalência da doença é maior em pessoas com mais de 40 anos e que estão acima do peso e obesas.
Quanto maior a circunferência abdominal, maior será a chance de estocar gordura no fígado, conforme explica a especialista.
"Para mulheres, uma circunferência abdominal acima de 88 centímetros e, para o homem, acima de 92 centímetros já é um fator de risco. E por não ser um valor tão alto, muitas pessoas nem imaginam que têm a doença", comenta a especialista.
Pode evoluir para câncer
A estimativa é de que 30% da população apresente fígado gorduroso e que cerca da metade desse número desenvolva as formas mais graves da doença, caso do câncer de fígado.
"A gordura no fígado é uma das causas mais comuns de cirrose no mundo, de câncer de figado e de transplante hepático", aponta a especialista.
Outra preocupação é que o tratamento para portadores de câncer de fígado causado por esteatose costuma ser muito agressivo, podendo envolver transplante, medicamentos e quimioterapia, e nem sempre tem uma boa resposta do organismo.
Sintomas
A gordura no fígado é uma condição que, na grande parte das pessoas, não apresenta sintomas ou incômodos. E esse é justamente um dos motivos pelos quais ela passa tão despercebida.
Em algumas poucas pessoas, segundo conta a hepatologista, as queixas podem estar relacionadas ao cansaço, incômodo na região do fígado ao ingerir alimentos gordurosos, perda de apetite e fígado aumentado.
Geralmente, ela é descoberta por meio de exames clínicos de rotina, como foi o caso de Whindersson Nunes.
Quando a doença está mais avançada, no entanto, os sintomas passam a ser graves e a possibilidade de cirrose, câncer e necessidade de transplante já é alta.
Nesse casos, os sintomas mais frequentes são acúmulo anormal de líquido dentro do abdômen, confusão mental e hemorragias.
Causas
A especialista conta que o mecanismo exato que faz o fígado estocar gordura ainda é incerto. O que se sabe até agora, no entanto, são os fatores de risco para tal condição. Entre os principais estão:
- Sobrepeso
- Diabetes
- Má nutrição
- Efeito sanfona (perda e ganho de peso com frequência)
- Sedentarismo
- Obesidade abdominal
Em um número menor de casos, pessoas magras, mas que consomem excessivamente alimentos gordurosos, mesmo sem alterações de colesterol e glicemia, podem ter esteatose. Abusar de alguns tipos de produtos, como suplementos e remédios, também pode sobrecarregar o órgão e, no longo prazo, impactar no acúmulo de gordura.
Tratamento
Não existe um tratamento específico para bloquear o estoque de gordura no órgão ou extrair o que já existe.
Por isso, os especialistas indicam uma mudança de hábitos de vida, como alimentação saudável e com consumo equilibrado de carboidratos complexos (farinhas integrais, raízes como batata-doce, etc), prática regular de exercícios físicos e controle constante dos exames.
"Embora a rotina da pessoa conte muito para a melhora ou não da gordura no fígado, há remédios que ajudam o paciente a controlar o peso que, de forma indireta, acabam melhorando a condição. Mas tudo isso precisa ser estudado pelo médico responsável", aponta a hepatologista Mônica Viana.
Prevenção
A boa notícia é que alguns hábitos simples podem evitar o acúmulo de gordura no órgão e até mesmo reverter o quadro já instalado, que são:
- Procurar manter um peso adequado para a estatura e porte físico. No entanto, cardápio restritivos podem provocar efeito sanfona, o que piora o quadro;
- Consumir bebidas alcoólicas com moderação;
- Controlar o consumo dos carboidratos refinados e das gorduras saturadas;
- Praticar exercícios físicos aeróbicos regularmente.
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