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Atriz revela que teve de tirar o útero aos 31: sempre é necessário em casos como o dela?

Publicado 16 Fev 2018 – 12:37 PM EST | Atualizado 14 Mar 2018 – 04:15 PM EDT
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Aos 31 anos, Lena Dunham, criadora e protagonista da série "Girls", revelou que teve de passar por uma cirurgia de retirada do útero devido a uma doença comum que afetava seu aparelho reprodutivo. A atriz ainda contou detalhes sobre a decisão e os resultados.

Atriz faz histerectomia devido a endometriose

Em matéria da revista Vogue, Lena relatou sua vivência com a endometriose, doença em que o tecido que reveste o útero - chamado de endométrio - deixa de se descamar para formar a menstruação e migra para outras regiões do corpo.

"Eu nunca tive dúvida sobre ter uma criança. Nenhuma, desde o dia em que entendi como famílias são criadas. E a gravidez era o início glorioso daquela visão [...] Mas eu sabia de algo a mais também, e sabia disso tão intensamente quanto sei que quero um bebê: tem algo errado com meu útero", relembrou.

A atriz travava uma batalha de mais de uma década contra a endometriose, que incluiu nove cirurgias na tentativa de preservar sua fertilidade e aliviar os sintomas que sentia.

"Em agosto [de 2017], as dores se tornaram insuportáveis. Eu delirava com isso e os médicos não conseguiam explicar o porquê. O ultrassom não mostrava cistos, nem fluídos livres e certamente nem um bebê. Mas isso não mudava o fato de que doía tanto que as vozes de pessoas ao meu redor se tornaram uma espécie de bobagem sem sentido", relatou.

Nos meses seguintes, Lena se esforçou desesperadamente em métodos para aliviar a dor, como terapia pélvica, massagem, cromoterapia, acupuntura, ioga e massagem vaginal, mas nada adiantou.

A situação chegou a tal ponto que ela entrou no hospital exigindo que sua dor fosse sanada ou que passasse por uma histerectomia, que é a cirurgia de retirada do útero.

Cirurgia de retirada do útero

Após médicos conversarem com a Lena a fim de avaliar se ela estava sã e com saúde suficiente para lidar com a perda do órgão reprodutivo aos 31 anos, a jovem ainda tentou mais um procedimento a fim de aliviar a dor sem ter de retirar o útero.

Contudo, a técnica de dilatação e curetagem deu tão errado que Dunham teve de tomar um medicamento para que seu útero contraísse, criando um falso trabalho de parto. Após o ocorrido, médicos concordaram em realizar a histerectomia.

"Depois da cirurgia, descobri que, em adição à doença endometrial, eu tinha uma protusão [deslocamento] estranho e um septo no útero, além de sangramento retrógrado, ou seja, minha menstruação corria no sentido inverso, de modo que meu estômago ficava cheio de sangue", revelou.

Atualmente, meses após o procedimento, a jovem afirma se sentir melhor e considera adotar uma criança ou explorar seus ovários, provavelmente em inseminações e barriga de aluguel, - já que o cérebro, inconsciente de que o resto do aparelho reprodutor se foi, continua a disparar óvulos todos os meses.

Embora não se arrependa do procedimento, Lena afirma que é difícil lidar com o fato de que não engravidará. "Eu queria saber o que sentiria nos nove meses de completa união. Eu estava destinada para o trabalho, mas eu não passei na entrevista. E está tudo bem. Talvez eu não acredite agora, mas em breve tudo o que restará será a minha história e minhas cicatrizes, que estarão desbotadas o suficiente para serem difíceis de encontrar", finalizou. 

Endometriose: precisa tirar o útero?

Endometriose é uma doença que afeta mais de 6 milhões de brasileiras, de acordo com a Associação Brasileira de Endometriose (SBE), gerando cólicas e dores intensas, alterações intestinais, sangramento e, em alguns casos, dificuldade para engravidar.

O ginecologista Cláudio Crispi, do Instituto Crispi de Ginecologia Avançada, explica que a histerectomia raramente é aplicada para tratar o quadro.

"Remover o útero pode não aliviar a dor, já que o endométrio pode estar em outras partes do corpo, e ainda deixa infértil. Por isso, conservamos útero e ovários quase sempre, a não ser que seja um caso muito volumoso e excepcional", esclarece.

A ginecologista Bárbara Murayama, do Hospital 9 de Julho, ressalta que as únicas condições tratadas oficialmente com retirada do útero são adenomiose, câncer no aparelho reprodutor, mioma grave e sangramento sem causa aparente ou tratamento eficaz.

Portanto, mulheres com endometriose, especialmente as que desejam engravidar, podem aderir a outras alternativas de tratamento:

Medicamentos

Embora não tenha cura, o progresso da condição pode ser interrompido, e os sintomas, aliviados por meio de remédios anti-inflamatórios, analgésicos e métodos anticoncepcionais. 

Cirurgia para endometriose

O único método capaz de reduzir a doença já instalada é a cirurgia de endometriose. Segundo o ginecologista Cláudio Crispi, o procedimento visa remover os focos e nódulos de endométrio de todos os órgãos, o que é capaz de acabar com a dor e recuperar a fertilidade. 

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