Vacina da febre amarela é segura? Quais são os possíveis efeitos colaterais e riscos?
Os recentes casos de mortes por reação à vacina da febre amarela registrados no Estado de São Paulo levantaram dúvidas sobre a segurança e os possíveis efeitos colaterais da dose.
Apesar de ser considerada segura, a vacina apresenta risco para alguns grupos de pessoas e pode gerar efeitos adversos em pequena parte da população.
Mortes por reação à vacina
De acordo com informações da Secretária de Saúde de São Paulo, foram registradas três mortes por reação à vacina de febre amarela no período de um ano, entre janeiro de 2017 a janeiro de 2018, enquanto outras seis são sendo investigadas.
Os óbitos foram confirmados como reação à vacina contra a febre amarela após análises específicas de cada caso. A secretaria afirma que não há registro de doenças prévias nos casos e que todos eram adultos com menos de 60 anos -- portanto, fora de uma das faixas de risco para efeitos adversos, que é a de idosos.
Vacina contra a febre amarela é segura?
"A vacina contra a febre amarela é segura na grande maioria das vezes e tem uma eficácia alta, que gira em torno de 98% de casos evitados", assegura Isabella Ballali, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.
No entanto, a vacina contém o vírus da doença atenuado, isto é, o vírus vacinal, que é muito fraco em relação ao selvagem, que está na natureza. Ainda assim, ele é capaz de gerar a resposta imunológica ao organismo para se defender dele.
Em alguns raros casos, efeitos colaterais são desenvolvidos ou até mesmo a própria doença, como nos casos registrados em São Paulo.
“E é exatamente por esse motivo, pelo risco de efeitos colaterais graves, que a vacinação é recomendada, por ora, somente a quem vive, transita ou irá viajar para as regiões consideradas de risco”, afirma a especialista, assim como os dados da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, que alerta para os riscos que a procura desesperada para tomar a vacina pode causar ao organismo, levando até mesmo à morte.
Efeitos colaterais
Posterior à aplicação da vacinação, há casos raros, segundo informa Isabella, de pessoas com dores musculares e de cabeça, febre, inchaço e vermelhidão no local da aplicação da agulha.
Há, ainda, eventos adversos relacionados a alergias aos componentes da vacina. "Ela é contraindicada, por exemplo, para quem já teve choque anafilático por ingestão de ovo", diz a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações.
Complicações graves e morte
Em casos mais graves, pode acontecer a doença viscerotrópica, que é quando a vacinação provoca uma disfunção de múltiplos órgãos. Como o organismo da pessoa não contém a multiplicação do vírus vacinal, este começa a atacá-lo de modo similar ao vírus selvagem.
As reações podem evoluir negativamente para insuficiência renal, hepática e cardíaca, problemas de coagulação, hepatite fulminante e morte.
A especialista explica que complicações graves têm mais chance de acontecer em pessoas imunodeprimidas, no entanto, não é possível descartar reações em pessoas fora das contraindicações. Por isso, conforme fala Isabella Ballalai, os órgãos de saúde evitam a vacinação à toa.
Quem deve tomar a vacina contra a febre amarela?
É recomendada para quem tem 9 meses a 59 anos, que more, transite ou viaje para áreas com risco de transmissão, dentro ou fora do Brasil.
Em pessoas saudáveis e com o sistema imunológico em ordem, não há riscos em receber a imunização.
No entanto, a infectologista Lucy Cavalcanti Vasconcelos, membro da diretoria da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI), explica que há grupos de risco e que precisam conversar com um médico para entender prós e contras da imunização antes de tomá-la.
É o caso de gestantes, mulheres que amamentam crianças abaixo de 6 meses, idosos e pessoas com o sistema imunológico deprimido por conta de doenças ou tratamento. Isto porque, mesmo com o vírus atenuado, a fórmula pode gerar efeitos colaterais arriscados ou não ser eficaz.
Diferença entre a dose fracionada e a dose integral da vacina
A vacina com dose integral e fracionada são a mesma. Porém, em casos de surto, como o de agora, órgãos de saúde precisam imunizar uma grande quantidade de pessoas no mínimo espaço de tempo e por isso fracionam a dose.
A única diferença é a validade da dose fracionada, que é menor e dura 8 anos, enquanto a versão integral imuniza ao longo da vida inteira.
Os únicos grupos que receberão a dose integral da vacina pela campanha são: crianças de 9 meses a menores de dois anos; pessoas com HIV/Aids; pacientes no final do tratamento de quimioterapia; gestantes; viajantes internacionais. No entanto, estes grupos só poderão receber a imunização após a avaliação de um médico.
Já a dose fracionada será recomendada para as demais pessoas a partir dos dois anos de idade.