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Mal que celular faz a crianças é tão grave que até investidores da Apple estão aflitos

Publicado 9 Jan 2018 – 04:10 PM EST | Atualizado 14 Mar 2018 – 05:04 PM EDT
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Empresas acionistas da Apple publicaram uma carta pública que pede à marca para ajudar os pais a limitarem o uso de smartphones pelos filhos, criando mais tecnologias que auxiliem neste controle.

O texto agrupa dados sobre os riscos do uso excessivo de celulares e evidencia a dificuldade que pais têm em restringir o uso do aparelho. Veja:

Carta sobre uso de celular por crianças

A carta  aberta à Apple foi escrita pelos acionistas Jana Partners e Sistema da Aposentadoria dos Professores do Estado da Califórnia, que, juntos, detêm cerca de US$ 2 bilhões em ações da dona do iPhone.

Nela, eles pedem que a Apple estude os efeitos do uso excessivo do smartphone e auxilie os pais a controlá-lo em seus filhos.

Apesar de o iPhone já oferecer alguns sistemas de controle parental, como os que impedem a visualização de vídeos adultos, os autores do manifesto querem mais mecanismos que permitam o total controle do acesso ao aparelho.

"Nós revisamos as evidências e acreditamos que está mais do que claro que a Apple deve oferecer mais opções e ferramentas para ajudar os pais a garantirem que os jovens consumidores estão usando seus produtos de uma maneira otimizada", estabelece o documento.

Danos dos smartphones às crianças

A carta explica que é um clichê apontar a onipresença dos dispositivos da Apple entre crianças e adolescentes, assim como o crescimento associado ao uso de redes sociais, mas isso pode ter consequências negativas e não intencionais.

Em seguida, o documento traz uma série de dados que embasam a preocupação:

Menos atenção na sala de aula

Um estudo conduzido recentemente pelo Centro de Mídia e Saúde da Criança e pela Universidade de Alberta, no Canadá, descobriu que 67% dois mais de 2.300 professores entrevistados acham que o número de estudantes que se distraem negativamente pelas tecnologias cresceu e 75% disse que a habilidade de se concentrar nas tarefas educacionais decaiu.

Ainda mais grave, 90% dos educadores afirmaram que o número de estudantes com problemas emocionais subiu e 86% apontaram o aumento de problemas sociais na geração que trocou a hora da brincadeira pela tela do celular.

Risco maior de suicídio

Um estudo publicado no livro iGen e elaborado por um dos apoiadores da carta, a psicóloga e professora Jean M. Twenge, da Universidade de San Diego (Califórnia), mostrou que adolescentes que passam mais de três horas por dia em dispositivos eletrônicos são 35% mais propícios a se suicidar do que aqueles que passam uma hora. No caso dos que passam mais de 5 horas, o risco sobe para 71%.

Chance elevada de depressão

A pesquisa da professora Jean M. Twenge ainda apontou que a chance de ter depressão é maior nos usuários excessivos: jovens do último ano do ensino fundamental com este perfil têm risco 27% maior de desenvolver o transtorno.

Cientistas da Universidade de Pittsburgh chegaram a uma conclusão parecida ao constatar que usar muitas redes sociais está relacionado a depressão e ansiedade na juventude.

Menos empatia

Outro dado interessante provém de um  estudo da Universidade da Califórnia que chegou à conclusão de que crianças que ficam mais de 5 dias sem os dispositivos móveis sentem mais empatia e compreendem melhor os sentimentos e emoções.

Na mesma direção, uma pesquisa da Associação Americana de Psicologia analisou mais de 3.500 norte-americanos e descobriu que 58% se aborrecem com a influência das redes sociais na saúde mental e física dos filhos.

Ainda por cima, 48% revelou que é "uma constante batalha" controlar o uso dos dispositivos móveis pelos filhos, um drama que também é comum no Brasil. 

Pedido por soluções

Os acionistas acreditam que, mesmo com a existência de aplicativos que ajudam pais a controlarem o uso de smartphones pelos filhos, empresas como a Apple devem se posicionar para fazer com que a tecnologia seja usada de forma benéfica.

Entre as soluções sugeridas está organizar um comitê de especialistas para estudar e monitorar a questão, ceder experts e informações para pesquisas sobre o assunto.

Outro pedido é aprimorar o software do iPhone a fim de selecionar o conteúdo de acordo com a idade e permitir monitoramento e restrição do uso, quando preciso.

Por fim, o documento pede que a Apple informe os pais sobre o motivo das novas opções e contrate um executivo para monitorar a questão e emitir de relatórios de progresso anuais, assim como já ocorre com outros assuntos da empresa.

Resposta da Apple

Ao Wall Street Journal, a companhia declarou que está comprometida em atender ou exceder as expectativas dos consumidores, especialmente quando o assunto envolve a proteção de crianças, mas fez questão de frisar as tecnologias já incorporadas ao iOS.

Uso de celular por crianças

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