Quando uma infecção de dente pode gerar problemas no coração ou no cérebro?
Mesmo sentindo dores e desconfortos nos dentes, muitas pessoas minimizam o problema adotando simples medicamentos analgésicos, ignorando o fato de que uma infecção na região da boca pode evoluir para condições graves e que podem gerar problemas no coração ou no cérebro e, em casos extremos, até levar à morte.
Infecções de dente e gengiva: consequências graves
Pouca gente sabe, mas um quadro de periodontite, ou seja, de inflamações na gengiva, apesar de comum, pode se transformar em fonte de problemas cardíacos.
As razões ainda não são claras para os médicos, mas acredita-se que a condição acontece quando bactérias nocivas da boca entram na corrente sanguínea e param nos vasos sanguíneos do coração, provocando uma inflamação e aumento dos riscos de coágulos que podem desencadear ataques cardíacos.
Mas, as complicações cardíacas não são as únicas. Uma infecção de dente, decorrente de um tratamento de canal, por exemplo, pode trazer consequências sérias e afetar até o cérebro. Foi o que ocorreu com a modelo Renata Banhara.
Após passar por um tratamento de canal, Renata sofreu com uma infecção silenciosa na região que, mais tarde, se transformou em uma sinusite e fez com que bactérias se instalassem no cérebro. A modelo só foi apresentar sintomas que levaram à descoberta do problema seis anos depois do procedimento.
De acordo com a dentista Patrícia Galli, são raros os casos em que uma infecção dentária migra para o cérebro. Quando a bactéria segue para a cavidade intracraniana, o procedimento médico deve matar a bactéria dentro do cérebro - ou com antibióticos ou com uma abertura na cabeça para drenagem da substância purulenta.
Sem o tratamento, segundo a profissional, a bactéria pode se disseminar para o resto do corpo, o que gera um quadro de infecção generalizada (sepse). O cérebro fica comprometido e o paciente pode sofrer com a paralisia de algumas partes do corpo. O aumento do quadro infeccioso pode até levar à morte.
A falta de cuidado com os dentes também pode estar relacionada a um aumento do risco de demência. Um estudo que acompanhou 118 pessoas entre 75 e 98 anos descobriu que aquelas que tinham menos dentes eram mais propensas a sofrer com a condição.
Especula-se que bactérias orais podem se espalhar para o cérebro através dos nervos cranianos que se conectam à mandíbula ou através da corrente sanguínea, contribuindo, assim, para a formação de um tipo de placa que tem sido associada ao Alzheimer.