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Novo tratamento para refluxo promete cura sem remédios ou cortes: como funciona?

Publicado 24 Nov 2017 – 04:28 PM EST | Atualizado 15 Mar 2018 – 11:20 AM EDT
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Até pouco tempo atrás, as únicas opções de tratamento para refluxo eram medicamentos que reduzem a acidez estomacal, mas que podem danificar a saúde se tomados por muito tempo, ou cirurgia, que constrói uma válvula anti-refluxo no estômago.

Agora, uma opção promete curar a doença de forma menos invasiva e prejudicial à saúde, através do fortalecimento dos músculos do esôfago.

O que é refluxo?

O refluxo gastroesofágico é uma doença marcada pelo retorno ao esôfago do ácido gástrico liberado no estômago para a digestão de alimentos. A condição é muito comum e incômoda, já que provoca presença de acidez em órgãos que não são preparados para tal.

Dentre os sintomas, a sensação de queimação, azia e enjoo são as principais. Pode haver, ainda, regurgitação do conteúdo estomacal, dor no peito, dificuldade para engolir e tosse seca.

O tratamento envolve cuidados com a dieta e hábitos alimentares, como evitar deitar-se após as refeições. Em casos graves, há riscos de complicações, que vão desde úlcera ou inflamação no esôfago até problemas nos dentes causados pela acidez.

Tratamento contra refluxo sem cirurgia ou remédios

"Entre o esôfago e o estômago, há um músculo que abre para a comida passar e fecha para impedir que o ácido gástrico atinja o esôfago. No refluxo, ele pode estar frouxo e, com isso, o líquido sobe para o órgão e causa desconforto", explica o gastrocirurgião Eduardo Grecco, coordenador de endoscopia da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC).

A nova solução testada por pesquisadores brasileiros, chamada  sistema Stretta, visa combater o problema por meio da hipertrofia da musculatura do esôfago, tornado-a forte o suficiente para fechar e impedir o refluxo.

A técnica já foi aprovada e está disponível no Brasil, mas atualmente é analisada e protocolizada pelos acadêmicos da FMABC.

Como funciona?

Em uma endoscopia, com o paciente sedado, uma sonda acoplada a uma câmera é introduzida pela boca até o final do esôfago.

O aparelho se expande e emite ondas de radiofrequência para os músculos do órgão, o que causa hipertrofia que se mantém por mais de 20 dias fortalecendo o tecido.

O trabalho sobre o músculo ajuda a fechar a válvula que controla a passagem de líquido do estômago para o órgão.

Efeito rápido e duradouro

Além de não haver cortes, outra vantagem é que é necessária uma única sessão de 40 minutos para obter benefícios. Após o efeito da anestesia, o paciente fica totalmente lúcido e pronto para voltar para casa. 

A medicação contra a condição é preservada pelo mês seguinte, sendo suspensa em seguida.

"Estudos mostram que os efeitos são duradouros: após 4 anos, apenas 7% volta a ter algum sintoma de refluxo, tendo de repetir o procedimento ou recorrer à cirurgia. Já passados 8 anos, 70% dos pacientes continuam saudáveis", explica o gastrocirurgião Eduardo Grecco.

Porém, ainda é necessário manter cuidados com a alimentação para evitar o retorno da doença, como deitar após comer e ingerir alimentos gordurosos.

Indicação e contraindicação

O Stretta para refluxo é indicado para pacientes com a doença que apresentem alteração da manometria (exame que mede a pressão da válvula), pessoas que dependem de medicamentos para controlar os sintomas e os que passaram por cirurgia bariátrica e adquiriram a doença.

Já as contraindicações incluem indivíduos com hérnia de hiato esofágico acima de 3 centímetros ou resultado da manometria normal.

Quanto custa?

O novo tratamento para refluxo ainda não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e não é coberto por planos de saúde. Na rede particular, privados, seu preço gira em torno de R$ 12 a 15 mil.

Doença do refluxo gastroesofágico: saiba mais

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