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Como antidepressivos agem no cérebro? Tipos, vício, efeitos colaterais e mais

Publicado 26 Out 2017 – 05:00 AM EDT | Atualizado 15 Mar 2018 – 02:12 PM EDT
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Apesar de seu longo histórico de discriminação e negligência, atualmente a depressão tem sido muito debatida e divulgada. Entretanto, ainda há uma série de dúvidas sobre a ação dos antidepressivos, carro-chefe do tratamento, que impede muitas pessoas de alcançarem a tão sonhada cura da doença.

A seguir, saiba tudo sobre como os antidepressivos agem:

Consumo de antidepressivos é crescente

Uma pesquisa da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos) constatou que, apenas no primeiro semestre de 2017, o crescimento na venda de  medicamentos para depressão foi de 4,22% para marcas reconhecidas, 6,23% para os similares e 21% para os genéricos.

A mudança íngreme anda lado a lado com o dado da Organização Mundial de Saúde (OMS), que informa que Brasil é a nação que mais registra casos de depressão na América Latina.

Como remédios para depressão agem?

Para entender como agem os antidepressivos é necessário entender o funcionamento cerebral. 

Segundo a assessora técnica do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP), Amouni Mourad, as células do sistema nervoso, chamadas de neurônios, liberam substâncias - chamadas de neurotransmissores - que têm vida útil limitada, sendo degradadas e quebradas ao fim de sua duração em um processo denominado "recaptação". 

Há diversos tipos de neurotransmissores, sendo que os mais conhecidos são a serotonina e a noradrenalina, que promovem a sensação de bem-estar, amenizam os  sintomas de ansiedade e regulam o humor. Ainda há a dopamina, responsável pela concentração.

No entanto, pessoas com distúrbios psíquicos, como ansiedade e depressão, podem ter alterações nesses componentes, o que gera sintomas como tristeza constante ou preocupação excessiva com o futuro.

A ação dos medicamentos para depressão é baseada na inibição da recaptação dos neurotransmissores e aumento da sua duração, o que provoca bem-estar, tranquilidade e foco, por exemplo.

Em longo prazo

Embora os benefícios surjam em curto prazo, os remédios também regulam o organismo e o ensinam a liberar neurotransmissores da forma correta, o que ameniza o quadro depressivo.

Tipos de antidepressivos

O psiquiatra Leonard Verea, especializado em hipnose dinâmica e medicina psicossomática, ressalta que há mais de 50 tipos de antidepressivos. Cabe ao médico avaliar paciente por paciente a fim de encontrar o mais adequado individualmente.

"Não temos receita de bolo, pois cada pessoa é única. Então, vamos na tentativa e erro", esclarece.

Veja como os principais  antidepressivos agem no sistema nervoso:

Antidepressivos Tricíclicos

Os tricíclicos aumentam a circulação de noradrenalina e serotonina, cuja falta gera falta de esperança e tristeza.

Inibidores da Recaptação de Serotonina

Indicado para depressão, ansiedade e transtornos de personalidade, esse remédio inibe a recaptação da serotonina no organismo.

É a esta classe de medicamentos que pertencem antidepressivos conhecidos como Sertralina, Fluoxetina e Paroxetina.

Inibidores da Recaptação de Serotonina e Noradrenalina

Sua ação é parecida com os tricíclicos, visto que potencializam o efeito da noradrenalina e da serotonina. Nesta categoria se encaixam os compostos venlafaxina e milnaciprano.

Inibidor da Monoaminoxidase Reversível e Irreversível

Segundo a farmacêutica Amouni Mourad, a monoaminoxidase é uma enzima que quebra neurosubstâncias. Assim, sua inibição evita tal ação e faz com que o efeito de bem-estar permaneça por mais tempo.

A versão irreversível é mais duradoura, já a reversível age por menos tempo, mas apenas um médico poderá indicar a mais adequada para cada pessoa.

Antidepressivos naturais

Outra alternativa para tratar casos menos severos de depressão são os antidepressivos naturais, como fitoterápicos e homeopáticos.

Caroly Cardoso, membro da Comissão Assessora de Plantas Medicinais e Fitoterápicos do CRF-SP, defende que esses compostos realmente funcionam pois, assim como os medicamentos comuns, estabilizam os neurotransmissores. Já o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva afirma que não há base científica sobre a eficácia. 

Portanto, vale buscar orientação de um médico para que seja encontrada a melhor forma de medicação para cada pessoa, além de complementar o tratamento com terapia com psicólogo.

Efeitos colaterais

Assim como qualquer outro medicamento, a  ação de antidepressivos no cérebro pode gerar efeitos colaterais. Entre eles, estão boca seca, cansaço, alterações intestinais, interferência na pressão, tontura, suor, ânsia, vômito, taquicardia, falta de libido e nervosismo.

Os efeitos colaterais costumam ser mais evidentes no primeiro mês de uso da medicação, em decorrência da adaptação e também da expectativa de melhora.

Ainda assim, o acompanhamento médico é necessário para reduzir o risco de tais reações.

Antidepressivos viciam?

A ideia de que os remédios psiquiátricos viciam é refutada pelo psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, superintendente técnico da Associação Brasileira de Psiquiatria, o qual afirma que a ação dos remédios para depressão não causa dependência.

A assessora do CRF-SP, Amouni Mourad, vai contra ao dizer que tomar esses medicamentos por longos períodos cria uma necessidade de o paciente continuar a usá-los.

No entanto, ela afirma que isso pode ser amenizado com o desmame, que é a diminuição gradual e orientada da dose do antidepressivo, prática a qual também reduz o risco de o distúrbio voltar e evita efeitos colaterais pela brusca pausa.

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