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SUS terá “exame pré-nupcial”: o que ele pode prever sobre saúde do futuro bebê?

Publicado 15 Ago 2017 – 05:30 PM EDT | Atualizado 2 Abr 2018 – 09:32 AM EDT
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O Sistema Único de Saúde (SUS) irá oferecer um exame para casais que querem saber os riscos genéticos que seus filhos terão, como doenças hereditárias, a partir da análise genética e das condições de saúde dos futuros pais. O anúncio foi feito esta semana pelo ministro da Saúde Ricardo Barros.

Novo exame genético no SUS

"Uma das nossas diretrizes novas será o exame pré-nupcial, que vai garantir o exame de compatibilidade genética para noivos, para que eles saibam da possibilidade de terem filhos com doenças raras, que causam muita dificuldade para a família no tratamento e muito custo para o governo", disse o ministro em entrevista após apresentação no Summit Saúde Brasil. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de São Paulo, organizador do evento.

De acordo com o jornal, o ministro Ricardo Barros não estabeleceu nenhuma previsão para quando o exame estará disponível e nem a quem ele será ofertado, se a qualquer casal brasileiro ou se será a um determinado grupo de risco. Não há menção sobre os custos do novo teste.

"Nós estamos desenvolvendo esse programa e lançaremos oportunamente. O exame permitirá um diagnóstico de outros fatores, como doenças não transmissíveis, crônicas, muitas das que chamamos invisíveis, como hepatite e HIV, para que a gente possa permitir que esse futuro casal planeje bem a sua vida,com base em um diagnóstico preciso da situação de saúde que ele se encontra", disse Barros.

Procurado pela reportagem do VIX, o Ministério da Saúde divulgou a seguinte nota oficial:

“A proposta ainda está em fase de desenvolvimento e sem previsão de quando será incorporada no Sistema Único de Saúde. O exame pré-nupcial de compatibilidade genética poderá ser adotado por casais que desejarem saber se há possibilidade de gerar um filho com alguma doença rara. O teste também deverá avaliar as condições de saúde dos pais, apontando a presença de possíveis doenças crônicas. Com os testes, os pais terão a chance de descobrir se são portadores de problemas genéticos antes da gestação, permitindo o planejamento familiar com base no diagnóstico preciso de sua situação de saúde. Os testes serão realizados por meio de coleta de sangue e são capazes de detectar diversos tipos de doenças, como hepatite, HIV, doenças crônicas não transmissíveis e alguns tipos de doenças raras e neuromusculares, que causam a degeneração da musculatura e perda da capacidade motora da criança.”

Para que serve o teste genético?

O teste de compatibilidade genética é um exame preventivo para detectar doenças que podem ser transmitidas de pai e mãe para seus filhos ou mesmo desenvolvidas com o cruzamento dos genes do casal. Entram nessa lista alterações como diabetes, malformações do tubo digestivo e Síndrome de Down, por exemplo. 

“Seria um grande passo para a saúde dos brasileiro, coloca o país no primeiro mundo”, afirma Philip Wolff, especialista em Biotecnologia, Diretor e Responsável Técnico pelos laboratórios de Andrologia, Embriologia e Criopreservação na Clínica Genics. “Mas precisa ser implementado com bom senso e critério, para atender a população que realmente necessita”, pondera.

É o caso de quem tem doenças genéticas em sua árvore genealógica, de relacionamento de pessoas da mesma família ou de casais que estão tentando engravidar sem sucesso.  

Para o médico, esses grupos precisam de atenção prioritária no caso da implementação dos exames pelo SUS. Quando constatada alguma mutação, é preciso haver um aconselhamento genético para os futuros pais - trata-se de um acompanhamento médico especializado que indica métodos para minimizar ou anular os problemas nos genes.

Como é feito o exame?

Antes da gravidez, o casal fornece seu sangue ao laboratório, que detalha a cadeia genética de cada um. Os genes são cruzados e, ao sobrepor os dois códigos, os geneticistas conseguem identificar se há mutações ou alterações genéticas e, consequentemente, detectar problemas hereditários.

Caso existam problemas hereditários, há a possibilidade de fazer tratamentos posteriores, como a fertilização in vitro e a seleção de embriões, que previne que o feto tenha essa carga genética. 

Custo atual do exame

Segundo o especialista, um casal que planeja hoje fazer o exame prometido pelo ministro da Saúde gastaria entre R$ 2,5 mil e R$ 3,5 mil por pessoa, o que dá, no mínimo, R$ 5 mil para o casal.

Ele explica ainda que, em caso de tratamento genético, os valores são altíssimos. Se houver detecção de algum problema na cadeia de genes, é necessário realizar a fertilização in vitro (custo médio de R$ 20 mil) e realizar o teste de cada embrião (aproximadamente R$ 20 mil para dez deles). E a chance de sucesso ao fim do processo é de 50%.

Questões éticas

“O Brasil tem condições para isso. Há recursos tecnológicos e profissionais para tocar isso bem, da melhor forma possível”, analisa Dr. Philip, mas alerta sobre a dificuldade de atender a todo o país, pelo custo e pela própria logística do alcance do SUS.

Outra preocupação é sobre a aplicação em si dos mecanismos de manipulação genética. “O que não pode ser é um processo de eugenia, de melhoramento genético, isso vai contra todos os princípios da biologia”, argumenta o geneticista.

Manipulação genética

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