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Violência contra a mulher pode gerar dor crônica: banalizar traumas é a pior escolha

Publicado 9 Out 2017 – 06:00 AM EDT | Atualizado 15 Mar 2018 – 03:01 PM EDT
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Em 2002, o relatório da Organização Mundial da Saúde sobre violência e saúde declarou que a agressão contra a mulher, seja ela física, moral ou sexual, tem grande influencia quando o assunto são doenças. Quem já passou por esse mal possui mais queixas, que podem ser físicas ou mentais. 

A seguir, entenda a relação entre violência contra mulher e dor crônica:

Abuso contra mulher causa dor crônica

Em 2002, um  estudo norte-americano  da Escola de Enfermagem Johns Hopkins descobriu que mulheres que eram agredidas tinham três vezes mais chance de desenvolver problemas ginecológicos do que as que não sofriam abuso.

Já um levantamento da Universidade de São Paulo publicado em 2009 analisou 14 anos de atendimentos prestados pelo grupo de pesquisa e intervenção Violência e Gênero nas Práticas de Saúde e chegou à conclusão de que diversas pacientes com dores crônicas (com duração maior do que três meses) eram vítimas de violência.

Além de consequências exteriores - como fraturas e hematomas resultantes da agressão física - e de transtornos mentais adquiridos pelo abuso, pessoas com histórico de agressão podem ter dor constante em lugares variados do corpo. 

De acordo com a ginecologista Telma Regina Mariotto Zakka, membro da Sociedade Brasileira para Estudo da Dor, as queixas mais frequentes se referem às dores pélvicas e à fibromialgia, entretanto a relação não é uma regra. "Nem toda pessoa com dor sofreu traumas, assim como nem todo paciente abusado sente dor. Mas é frequente que isso ocorra", ressalta.

Causas

O componente emocional é um fator de risco adicional para a dor, pois o estresse e a tensão podem interferir na maneira pela qual o sistema imunológico funciona. 

Em consequência, são pioradas ou criadas doenças. Também pode haver incômodos sem relação com condições físicas, ou seja, que possuem cunho psicológico.

Tipo de violência que causa dor

Não é só a violência sexual ou física que machuca. "A moral, cometida por um patrão mandão, por exemplo, e a verbal, como xingamentos e assédio, também podem estar por trás do incômodo crônico", esclarece a ginecologista Telma Zakka.

Procurar ajuda e não banalizar agressões é essencial

Se realmente existir um viés psicológico, é indicado realizar o tratamento medicamentoso em conjunto com terapias que amenizem os traumas, como a cognitivo comportamental.

O problema é que muitas vezes a mulher se julga culpada pela violência ou alivia a responsabilidade do agressor, banalizando o sofrimento que lhe foi imposto. Isso a impede de contar ao médico quando é ou foi vítima de violência, sendo que a informação é essencial para que o profissional preste orientação e indique o tratamento mais adequado.

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