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Há risco em usar a nova pílula íntima de glitter, que dá brilho e sabor ao orgasmo?

Publicado 26 Jul 2017 – 06:00 AM EDT | Atualizado 2 Abr 2018 – 09:32 AM EDT
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"Fazer amor pode ser mágico", essa é a proposta da Passion Dust, pílula de glitter que promete tornar a relação sexual brilhante e divertida. A proposta é simples: colocar a cápsula na vagina pelo menos uma hora antes do sexo e, a medida que o clima entre o casal esquenta, o compartimento aquece até se romper e liberar a purpurina com sabor adocicado.

Apesar de divertida e até mesmo cômica, a invenção levanta um alerta médico sobre riscos e a necessidade de embelezar a vulva.

Pílula de glitter na vagina: como funciona?

Criada pela empresa europeia Pretty Woman Inc., a Passion Dust (em tradução livre, poeira da paixão) dissolve dentro da vagina pela junção da temperatura corporal e com a lubrificação natural liberada na excitação. Como não possui nenhum ingrediente líquido, não age como lubrificante.

Sua composição nada mais é que um glitter com sabor semelhante ao de uma bala. Esse chamativo ao sexo oral ainda promove, de acordo com o site da fabricante, um orgasmo aromatizado.

Dura quanto tempo?

As diretrizes do produto afirmam que o efeito purpurinado pode durar até 3 dias e o glitter não fica preso na vagina, já que o próprio corpo se encarregará de limpá-la.

Em opinião contrária, o ginecologista Eliano Pellini, membro da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), acredita que o glitter não saia com tanta facilidade. "É igual quando passa na pele, demora para sair. Por que seria diferente na vagina? É difícil para tirar", contou.

Glitter na vagina faz mal?

A marca é bem enfática quanto a essa questão: “Se você sofreu problemas vaginais, você os teve antes de usar o passion dust. Ou seja, se você já teve uma infecção fúngica, tenha certeza que não foi causada pelo glitter”, diz o texto divulgado sobre o produto.

A fabricante ainda afirma que, pelos padrões médicos, nada deve ser inserido na vagina, mas cada mulher deve ter seu próprio critério para decidir essas coisas.

As afirmações levantaram alertas de diversos médicos. “Isso é grave, eles desafiam a recomendação de um especialista e com isso podem prejudicar muitas mulheres”, explica o ginecologista Eliano Pellini.

Apesar de os ingredientes usados pela cápsula de glitter na vagina serem aprovados pela Food and Drug Administration, órgão norte-americano de regulação na área da saúde, o produto como um todo não foi submetido à análise.

A seguir, entenda como a vagina pode reagir ao passion dust:

Muda o pH vaginal

 “Naturalmente, a mulher possui glicogênio, uma substância que é transformada em ácido lático e deixa o pH da vagina ácido, o que evita doenças como câncer e clamídia. Porém, a adição do açúcar e da gelatina do glitter pode alterar esse processo e prejudicar o ambiente vaginal”, explica o médico.

Aumenta risco de infecções

A vagina é naturalmente composta por leveduras boas e ruins que interagem entre si. Porém, acrescentar um "ingrediente adicional" pode prejudicar o equilíbrio desta ação. 

"Assim como qualquer corpo estranho, ele pode prejudicar o frágil ambiente vaginal, interagindo também com os micro-organismos da flora que existem para proteger a vagina”, afirma a ginecologista Cristina Carneiro, membro Febrasgo.

Ainda por cima, o açúcar - responsável pelo gosto adocicado do glitter-  alimenta fungos ruins e dá força para que se proliferem com intensidade e causem doenças. Entre eles, está o fungo candida, que em grande quantidade causa a candidíase na vagina.

Piora DSTs já existentes

O especialista Eliano Pellini ainda explica que a "brincadeira" pode piora infecções já existentes. Isso ocorre porque o organismo deixa de usar anticorpos para combater as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e os realoca na eliminação do glitter.

Pode machucar

As partículas de glitter podem aumentar o atrito na penetração e consequentemente ferir a mucosa vaginal.

Com isso, o risco para doenças fica ainda mais alto. “É igual a um corte na pele que aumenta a chance de micro-organismos oportunistas gerarem uma infecção”, exemplifica a Dra. Cristina Carneiro.

Inflamação no endométrio

A médica também alerta que as partículas podem subir pelo colo do útero e atingir o endométrio, que é a camada que reveste o útero, inflamando e infeccionando esse local.

Então não pode usar?

Há unanimidade quanto aos prejuízos causados pela cápsula de glitter no sexo.

Apesar disso, é difícil controlar hábitos e experiências sexuais de um casal, visto que entre quatro paredes frequentemente são realizadas ações não recomendadas por médicos, como usar saliva ou objetos inapropriados na relação.

“Sexo é muito saudável e não adianta colocar restrições nele, mas algumas invenções realmente prejudicam a saúde e não são incentivadas. Além disso, toda invenção gera expectativa e curiosidade, que são sentimentos difíceis de controlar”, esclarece Eliano Pellini.

Segundo ele, o casal que usou o adereço deve consultar um médico posteriormente para verificar se houve prejuízos à parte íntima, como lesões e infecções, e realizar o devido tratamento.

“A mulher não precisa brilhar literalmente para que o parceiro a encare como inesquecível”, aconselha o especialista.

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