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“Droga viva”: o que é o novo tratamento que transforma célula em remédio contra câncer?

Publicado 13 Jul 2017 – 11:00 AM EDT | Atualizado 2 Abr 2018 – 09:32 AM EDT
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Já imaginou um remédio que não insere substâncias sintéticas no organismo, mas transforma as próprias células em uma potente arma viva contra o câncer? Ele está a um passo de ser aprovado.

Um painel de especialistas da agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA) recomendou a aprovação do primeiro tratamento do gênero, chamado CTL019, voltado a um tipo de leucemia em jovens de 3 a 25 anos.

Primeiro tratamento individual contra câncer

Fabricada pela farmacêutica Novartis e criada pela Universidade da Pensilvânia, a terapia apelidada de "droga viva" é complexa.

Como é feita?

Primeiramente, são removidas e congeladas milhares de células T, um tipo de glóbulo branco presente no sangue do paciente.

Em seguida, as células são modificadas em laboratório. A técnica de transformação usa uma forma inativa do vírus HIV para reprogramá-las e fazer com que se liguem a uma proteína presente em células B - estruturas do sistema imunológico que causam a leucemia.

Este processo faz com que os componentes modificados ataquem os malignos.

Então, é só aplicar os antígenos na corrente sanguínea do mesmo paciente que as doou e esperar que elas se multipliquem e destruam o câncer.

Todo o processo de modificação genética leva 22 dias e apenas uma célula alterada combate até cem mil cancerígenas.

Quem pode usar: voltado a crianças e jovens

O tipo de doença que o comitê da FDA recomenda tratar é a leucemia linfoblástica aguda de células B. A maior incidência desse diagnóstico (25%) ocorre em pacientes menores de 15 anos.

A droga é indicada apenas para indivíduos de 3 a 25 anos que tiveram recidiva ou que o tratamento convencional não funcionou, o que corresponde a 15% dos doentes.

Efeitos colaterais

Febre altíssima e constante, pressão arterial acima do padrão e congestionamento pulmonar são apenas alguns dois graves efeitos adjacentes dessa terapia imunológica. Outro risco é que ainda são desconhecidas as consequências para a saúde no futuro.

Segundo a FDA, a utilização das células modificadas contra câncer nos casos indicados é recomendada pois os benefícios ultrapassam os malefícios, sendo uma alternativa esperançosa para quem sofre com esse tipo de leucemia.

Preço alto, mas eficácia comprovada

Se realmente aprovado, o tratamento será realizado em 30 centros treinados da farmacêutica Novartis e, de acordo com especialistas ouvidos pelo jornal norte-americano The New York Times, custará aproximadamente 300 mil dólares, quase um milhão de reais.

Também há planos para que a terapia CTL019 chegue em outros países até o fim do ano, especialmente os da União Europeia. Não há previsão para sua inserção no Brasil.

Apesar do alto custo e efeitos colaterais, as células modificadas são uma esperança para quem já não sabe mais a o que recorrer, visto que apenas uma dose causa remissões da leucemia realmente significativas e longas.

Tratamento do câncer

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