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Bactérias do intestino são causa direta de ganho de peso e obesidade, dizem estudos

Publicado 29 Jun 2017 – 06:00 AM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Das 40 trilhões de bactérias que os cientistas estimam habitar o corpo humano, aproximadamente 39 trilhões delas vivem em nosso intestino. Elas influenciam nosso sistema imunológico, o que impacta nosso humor e nossa resistência a doenças e a infecções. E, agora, já se sabe que também são um dos fatores que contribuem para o quadro de obesidade.

Na última década, diversos estudos fizeram essa relação e demonstraram haver uma ligação entre a colônia de micro-organismos que vive em nosso intestino e ganho ou perda de peso. Explicamos aqui as duas pesquisas mais relevantes a respeito.

Bactérias explicam gêmeas com pesos diferentes

Dois trabalhos produzidos pela mesma equipe da Universidade de Washington, um publicado na revista Nature e outro na revista Science, cruzaram informações sobre a microbiota de quatro pares de mulheres gêmeas (em cada dupla uma era magra e outra era gorda) com a microbiota de camundongos controlados em laboratórios e chegaram à conclusão de que há uma relação próxima entre bactérias e ganho de peso.

A metodologia consistiu em extrair, a partir das fezes das gêmeas, as bactérias presentes no intestino de cada uma das gêmeas. As fezes foram utilizadas para compor a ração dos camundongos em gaiolas separadas. Parte dos roedores foi alimentada pela ração extraída da gêmea obesa e a outra parte alimentada com os resíduos da gêmea dentro do peso padrão.

Os ratos alimentados com as bactérias cultivadas das fezes da irmã obesa também se tornaram obesos. Os outros ratos mantiveram seu peso regular. O mais curioso é que, quando colocados na mesma gaiola e alimentados da mesma maneira, os ratos obesos incorporaram as bactérias dos ratos magros e rapidamente perderam peso. Para garantir o resultado, fizeram o teste novamente e tiveram o mesmo resultado.

O estudo não foi capaz de assegurar a causa deste fenômeno. O que se sabe é que os ratos magros produziam mais quantidade de ácidos graxos de cadeia curta que os ratos gordos. Esses ácidos graxos são fonte de energia, aumentam a produção de hormônios que geram sensação de saciedade e também inibem o acúmulo de gordura no tecido adiposo.

“Esse estudo é importante porque mostra uma influência direta da microbiota na obesidade, mas ainda é cedo para extrapolar esses resultados para humanos”, afirma Natalia Pasternak, professora e pesquisadora do departamento de bacteriologia molecular do ICB-USP.

Transplante de microbiota em homens também influencia peso

O Centro Médico Acadêmico de Amsterdã realizou um estudo similar. Mas, neste caso, com transplante de bactérias entre homens, cujo resultado foi publicado em artigo no periódico científico Gastroenterology Journal.

Os holandeses fizeram um experimento que envolveu nove homens com excesso de peso, flora intestinal problemática e portadores de diabetes tipo 2 - e mais nove homens em condições semelhantes, com excesso de peso. Os nove primeiros receberam bactérias extraídas do intestinos de homens magros, com a flora intestinal em ordem e saudáveis.

Ao longo de seis semanas, os primeiros nove homens perderam quatro quilos, sem qualquer alteração nos hábitos de vida. Os outros nove não sofreram qualquer mudança. E mais: houve também na relação com a insulina, hormônio cuja deficiência na produção caracteriza a diabetes.

Após essas seis semanas, o tratamento foi interrompido. Um ano depois, constatou-se que os nove homens que haviam emagrecido voltaram ao peso registrado no início da pesquisa. Ou seja, a colonização pelas bactérias saudáveis não se mantém para sempre, é preciso haver controle constante.

Ambos os estudos afirmam que o transplante de bactérias intestinais pode ser um tratamento eficiente para a obesidade nos próximos anos.

Obesidade e bactérias

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