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Marcelo Rezende teria trocado quimioterapia por dieta anticâncer: é perigoso? Conheça

Publicado 14 Jun 2017 – 11:57 AM EDT | Atualizado 15 Mar 2018 – 05:14 PM EDT
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Após anunciar que está lutando contra um câncer agressivo no pâncreas e fígado, o apresentador do Cidade Alerta (TV Record) Marcelo Rezende teria aderido a um tratamento alternativo para destruir as células da doença.

De acordo com o site Notícias da TV, Rezende teria desistido das sessões de quimioterapia e aderido a um tratamento alternativo baseado em uma alimentação livre de açúcar que visa “matar as células cancerígenas de fome”.

O apresentador chegou a ficar internado alguns dias para fazer sessões de quimio, mas, agora, está se tratando em um retiro espiritual, em Minas Gerais, onde já havia se internado outras duas vezes.

No Instagram, ele publicou um vídeo a caminho do local e disse que estava entrando no segundo momento de sua cura, que envolveria mudanças alimentares, alinhamento do organismo e orações.

Dieta que “mata” células cancerígenas

Segundo a informação do Notícias da TV, Rezende teria decidido abandonar a quimioterapia para seguir uma dieta cetogênica, que é rica em proteínas e gorduras boas e isenta de carboidratos e açúcares.

O cardiologista e nutrólogo Lair Ribeiro, defensor do método, afirma que este plano alimentar é capaz de tratar o câncer porque as células cancerígenas se alimentam de açúcar. Ao cortar 100% a glicose da alimentação, elas “morreriam de fome” e os tumores regrediriam.

“Se você tem um paciente com um tumor grande e entra em uma dieta cetogênica, tira o açúcar, só isso já começa a regredir o tamanho do tumor. A glicose alimenta a célula cancerígena e faz com que o tumor cresça”, defende Ribeiro em vídeo publicado no YouTube.

Esta teoria, porém, é muito polêmica e pouco aceita por oncologistas, que acreditam haver pouca evidência científica sobre a eficácia do método.

Açúcar alimenta o câncer?

De acordo com o oncologista do Instituto de Hematologia e Oncologia de Curitiba Elge Werneck Junior, é sabido que o açúcar é uma substância pró-inflamatória e que a inflamação é um mecanismo fundamental para o desenvolvimento de câncer. Contudo, segundo afirma, não existem estudos que comprovem que cortar o açúcar da alimentação é uma forma de tratar a doença.

“Uma dieta controlada em açúcar é benéfica na prevenção do câncer, mas não é possível dizer que suspender a ingestão de açúcar ajuda o paciente que já tem a doença. Faltam dados e estudos para a gente poder afirmar isso”, comenta o especialista.

Segundo o médico oncologista, é mito dizer que o açúcar alimenta o câncer. Na verdade, o açúcar é responsável por criar processos inflamatórios no nosso organismo, o que favorece o aumento nos riscos de desenvolvimento da doença.

“Não existe uma apologia contrária à dieta, mas não existem evidências de que ela pode ser benéfica para pacientes com câncer. Jamais podemos abrir mão do tratamento oncológico, que é cientificamente comprovado, em detrimento de uma coisa experimental”, afirma Werneck sobre o risco de substituir a quimioterapia pela dieta.

Apesar de ser contra a troca do tratamento convencional pela dieta cetogênica, o oncologista ressalta que é uma decisão individual do paciente seguir ou não a dieta cetogênica durante o tratamento de câncer.

“Indicamos coisas baseadas em segurança e eficácia, não tenho dados claros para dizer se o paciente vai ter algum beneficio ao seguir esta dieta, mas cabe a ele decidir se quer ou não fazê-la enquanto passa pelo tratamento oncológico. Não é uma orientação que parte da oncologia”, conclui Werneck.

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