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O que é "afogamento seco" que teria matado criança de 4 anos? Quando pode acontecer?

Publicado 9 Jun 2017 – 06:28 PM EDT | Atualizado 16 Mar 2018 – 08:18 AM EDT
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O menino norte-americano Frankie Delgad morreu aos 4 anos uma semana depois de brincar em uma represa. A suspeita é de que a causa da morte tenha sido “afogamento seco”, uma condição rara em que acontece atraso na reação física da pessoa após ela inalar água.

A criança estava brincando com a água na altura dos joelhos quando uma onda provocada por um navio o atingiu e o derrubou.  Em entrevista à rede CCN, o pai de Frankie disse que seu filho chegou a ficar com a cabeça embaixo d´água, mas um amigo da família o levantou e ele disse que estava bem. “Ele se divertiu o resto do dia. Eu nunca poderia imaginar que isto pudesse provocar alguma coisa”, comentou.

À noite, Frenkie começou a vomitar e teve diarreia. Como a criança já tinha tido estes sintomas anteriormente e, na época, foi diagnosticado com problema estomacal, seus pais acharam que se tratava da mesma coisa e decidiram tratá-lo em casa mesmo.

Os sintomas continuaram durante a semana e a criança só foi levada ao médico depois de acordar de madrugada reclamando de dor no ombro. O menino chegou inconsciente ao hospital, os médicos tentaram reanimá-lo por uma hora, mas não conseguiram.

Como foram encontrados edemas nos pulmões e ao redor do coração do menino, os médicos disseram que ele faleceu devido a um “afogamento seco” e suspeitam que os sintomas foram resultado da água que ele inalou na represa.

Afogamento secundário: o que é?

De acordo com o otorrinolaringologista Jamal Azzam, “afogamento seco” não é um termo usual. “Afogamento secundário” é mais adequado, mas o nome correto é edema agudo de pulmão ex-vacuum.

“Estes termos não são corretos porque não é um afogamento. No afogamento, a pessoa aspira o líquido, ele vai para no pulmão, que fica encharcado, a pessoa perde os sentidos na hora. Neste caso, o menino aspirou a água para a laringe, que é a região das cordas vocais”, explica Azzam.

Quando qualquer coisa toca a laringe acontecem espasmos, que são contrações involuntárias da musculatura que podem demorar alguns segundos. Se a pessoa tentar respirar muito forte enquanto a laringe está totalmente contraída (fechada), ela gera uma pressão negativa no tórax, o líquido presente no sangue vaza para dentro do pulmão e surge um edema agudo de pulmão.

“Para imaginar a sensação, é como se tampasse o nariz, a boca e a pessoa tentasse respirar forte”, comenta o otorrinolaringologista.

Riscos do edema agudo de pulmão

O edema pode impedir as trocar de ar, com isso, o pulmão deixa de receber e de devolver o oxigênio para o sangue, o que faz com que os níveis de oxigenação sanguínea caiam e o coração bata mais devagar, levado a uma parada respiratória seguida de uma cardíaca.

Sintomas

Os sintomas costumam aparecer nas primeiras 24 horas após o incidente. Os mais comuns são falta de ar, tosse e cansaço que podem evoluir para lábios e pontas dos dedos arroxeados, respiração ofegante e até confusão mental.

Vômitos e diarreia não são sintomas. Eles, provavelmente, apareceram porque a criança teve uma irritação causada pela água ou uma infecção bacteriana.

“Se uma criança mergulhar sem querer ou for atingida por uma onda grande e começar a apresentar sintomas anormais, ela tem que ser levada ao médico”, afirma Azzam.

Tratamento

No hospital, o paciente deve receber suporte ventilatório e cardiorrespiratório assim que chegar. Além disso, deve-se verificar o grau de oxigênio no sangue e a atividade elétrica do coração para observar se existe uma arritmia cardíaca.

Depois de estabilizar a vítima, ela deve ser submetida a exames que constatem o que realmente aconteceu. A pessoa precisa ficar internada na UTI para ser monitorada 24 horas já que ela pode ter uma parada respiratória e cardíaca a qualquer momento.

“Na internação, usamos um suporte respiratório com pressão positiva, que também é chamada de intubação não invasiva. Trata-se de uma máscara que exerce uma pressão para o líquido sair do pulmão e voltar para o sangue”, explica o especialista.

Tem como evitar?

Esta condição é muito rara. Portanto, não é necessário ficar desesperado caso uma criança mergulhe sem querer ou caia na água. Se isto acontecer, o importante é observar se ela age naturalmente nas 24 horas seguintes.

Contudo, é importante sempre ficar ao lado das crianças quando elas estiverem brincando com água, já que esta é a única forma de prevenção existente.

Perigos do afogamento 

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