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Novo método diagnostica esquizofrenia em 30 minutos; técnica tradicional leva 6 meses

Publicado 7 Jun 2017 – 02:15 PM EDT | Atualizado 16 Mar 2018 – 08:23 AM EDT
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Exatos 30 minutos podem ser suficientes para identificar um portador de esquizofrenia. O método desenvolvido pelo Instituto do Cérebro, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, consegue definir o diagnóstico de um indivíduo por meio da análise da forma como ele se expressa logo na primeira consulta - na medicina tradicional, o processo leva, no mínimo, seis meses.

O artigo com o resultado das pesquisas, realizadas desde 2012, foi publicado na revista especializada em neurociência Schizophrenia, do grupo Nature. De acordo com os dados apresentados, o índice de acerto para o diagnóstico de esquizofrenia é de 91%, e o nível de precisão para indicar a gravidade do quadro do paciente é de 100%.

“A ideia central é quantificar os sintomas já prescritos há muito tempo pela medicina. Alguns sinais, como delírios e alucinações, podem indicar várias doenças, então nos dedicamos a observar a organização dos pensamentos e memórias”, explica a médica psiquiatra Natalia Mota, autora principal do artigo.

O que é esquizofrenia?

A esquizofrenia é uma doença mental sem cura, mas que pode ser minimizada. Se configura por um conjunto de psicoses internas, que levam o sujeito a acreditar que ouve vozes ou que é vítima de perseguição, por exemplo. O quadro afeta também percepção de memórias e capacidades cognitivas e de linguagem - como a que é identificada pelo método criado no Instituto do Cérebro.

As primeiras expressões ocorrem na adolescência. Primeiro há uma mudança brusca de comportamento e alterações de humor frequentes e intensas. Avança em características mais graves, como dificuldade de concluir raciocínios lógicos, falta de continuidade na fala, olhares distantes e baixa conexão com outras pessoas. O estágio mais avançado já apresenta delírios e alucinações e, em casos mais graves, ações guiadas por estes transtornos mentais.

Novo diagnóstico: como é?

A autora do trabalho explica que como um dos primeiros sintomas a se apresentar é a linguagem, este elemento é fundamental para o diagnóstico. O quadro de esquizofrenia se expressa primeiro na forma como o indivíduo organiza e estrutura as palavras e pensamentos.

“Apresentam descarrilamento de discurso, raciocínio fragmentado e pensamento empobrecido”, relata a médica.  “Tivemos a ideia de estudar a trajetória dessas palavras com descrição matemática e comparamos com quadros de presença e ausência de sintomas”.

O estudo focou em jovens adolescentes - é o período no qual os primeiros sinais da doença surgem. Foram analisados 21 adolescentes que deram entrada no Centro de Atendimento Psiquiátrico de Natal com sintomas de alterações mentais e mais 21 jovens de mesmo perfil, mas sem sinais de doenças.

Em suas primeiras consultas, tiveram suas falas gravadas por um intervalo de 30 minutos. Posteriormente, as palavras proferidas pelos jovens eram computadas por um sistema que as reorganizava aleatoriamente em mil combinações. A trajetória das palavras no discurso e nessas tantas combinações computadorizadas eram comparadas e, se apresentassem determinado padrão, poderia supor o diagnóstico.

“Pedíamos aos pesquisados que discursassem sobre memórias de curto prazo e relatos de sonhos”, explica a pesquisadora. “Quando cruzamos as informações das falas podemos ver os sintomas com precisão, sobretudo aquilo que chamamos de ‘salada de palavras’”, completa Dr. Natalia.

Diagnóstico tradicional

Hoje, para que o diagnóstico de esquizofrenia seja possível, um médico psiquiatra, junto de uma equipe interdisciplinar (que inclui terapeuta ocupacional, psicopedagogo etc.), precisa acompanhar o caso por pelo menos seis meses.

Em paralelo ao desenvolvimento do sistema computadorizado, os adolescentes seguiram o acompanhamento médico oferecido pelo CAPs. Depois que todos receberam seu diagnóstico, as informações foram cruzadas novamente.

Constatou-se acerto de 91% dos diagnósticos sugeridos pelo método - houve erro de diagnóstico em apenas dois casos. E em relação à gravidade da doença, o aproveitamento foi total. Dessa forma, a técnica poderá antecipar tratamentos em até seis meses e reduzir os erros de diagnóstico.

Problemas mentais

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