Minipílula NÃO aumenta risco de trombose; por que é pouco indicada pelos médicos?
Pílula anticoncepcional não é tudo igual: suas composições variam muito e, por conta disso, os efeitos colaterais são bem diferentes em cada caso.
Basicamente, elas podem ser classificadas em dois grupos: pílulas combinadas e pílulas de progestagênio. A principal diferença é que a primeira contém a combinação de dois hormônios (geralmente estrogênio e progestagênio) e a segunda tem apenas o progestagênio e, por isso, também é chamada de minipílula.
Apesar de a progestagênio não aumentar os riscos de trombose, ela também tem pontos negativos, o que faz com que ela nem sempre seja indicada. Veja a seguir as diferenças entre os dois tipos de pílula anticoncepcional.
Diferenças entre as pílulas
Eficácia
De acordo com o ginecologista e obstetra Fábio Cabar, a pílula combinada é mais eficaz na prevenção de gravidez não planeja do que a pílula de um hormônio só porque elas agem de formas diferentes.
A minipílula altera o muco cervical e torna o endométrio inadequado para a subida do espermatozoide, mas nem sempre bloqueia a ovulação da mulher, como acontece quando ela toma o anticoncepcional combinado.
“A pílula de progestagênio pode promover bloqueio ovulatório, porém em grau bem menor do que o provocado pelos combinados. Ela também tem uma eficácia inferior à dos combinados, estando a sua taxa de falhas ao redor de 2,5/100 mulheres/ano”, explica Cabar.
Segundo Cabar, as pílulas Cerazette e Kelly são exceções porque contêm desogestrel e têm capacidade semelhante a das pílulas combinadas de inibir a ovulação. “É essencial, porém, um rigor muito grande no uso, inclusive no horário das tomadas”, explica.
Menstruação
“O maior problema quando a gente usa anticoncepcionais que só contêm progestagênio, seja pelo implante, seja pelo DIU ou pelo comprimido, é que eles têm uma tendência a provocar sangramento contínuo, principalmente nos primeiros meses”, afirma a ginecologista e professora da Unicamp Ilza Maria Urbano Monteiro.
Riscos de trombose
O ginecologista e presidente da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), César Fernandes, afirma que o risco de uma mulher entre 20 e 40 anos que não toma pílula ter trombose é de 4 casos a cada 10 mil mulheres/ano.
Quando a mulher passa a tomar a pílula só de progestagênio, o risco de trombose não sofre alteração. Porém, quando ela passa a tomar a pílula combinada, o risco de trombose sobe para 8 casos a cada 10 mil mulheres/ano.
Apesar de o risco dobrar, Fernandes comenta que mesmo assim ele é muito baixo e que a indicação da pílula ideal para cada mulher deve ser feita após o médico avaliar o histórico clínico dela, ou seja, se outras mulheres da família já tiveram trombose, se ela passou por alguma cirurgia recente, é trombofílica, etc.
“O risco existe, mas do ponto de vista epidemiológico é aceitável, o que permite que as agências regulatórias aprovem as pílulas”, afirma o ginecologista.
Quando a minipílula é indicada?
A minipílula é indicada quando a mulher não pode tomar estrogênio por algum motivo. Por exemplo, mulheres no pós-parto e/ou que estão amamentando não podem tomar as pílulas combinadas porque elas já estão mais propensas a ter uma trombose, mas podem tomar a pílula de progestagênio, também conhecida como de um hormônio só.
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