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Muita higiene pode fazer mal para saúde e causar várias doenças (até esquizofrenia)

Publicado 18 Mai 2017 – 03:57 PM EDT | Atualizado 2 Abr 2018 – 09:32 AM EDT
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Nosso atual estilo de vida que possibilita práticas de higienização extremas pode, na verdade, tornar nosso organismo mais frágil. Ou seja, aquele papo de deixar a criança ter contato com germes para desenvolver anticorpos é verdade, e numa escala muito maior. Quem diz isso é um estudo norte-americano que sugere, inclusive, que no futuro teremos de incluir bactérias artificialmente em nossos ambientes. 

Falta de bactérias está nos deixando doentes 

De acordo com um trabalho produzido pela Universidade do Colorado e publicado na revista Science Direct, a forma como lidamos com nossa higiene hoje em dia nos priva de contato com organismos imunorreguladores evoluídos, isso desde a barriga de nossas mães.

A relação com as bactérias, por exemplo, seria insuficiente e poderia causar até doenças psiquiátricas como a esquizofrenia, uma vez que o sistema imunológico influencia a regulação do cérebro. Os pesquisadores, contudo, alertam: até aqui, as melhorias nas condições de higiene foram bem mais benéficas do que prejudiciais à saúde.

Como isso ocorre?

O nosso atual estilo de vida, sobretudo quando considerado o modelo urbano, priva o contato com organismos imunorreguladores com os quais nós, seres humanos, evoluímos em conjunto. Ao mesmo tempo provocam exposição a outros organismos não imunorreguladores, que são associados a infecções.

A falta desses organismos imunorreguladores pode determinar até variantes genéticas e é um fator de risco para que haja colonização por outros organismos, que conduzem a doenças inflamatórias crônicas. As inflamações são fundamentais para combater agentes patogênicos, mas quando muito volumosas e crônicas, se tornam um problema.

Os pesquisadores sugerem, portanto, que a presença daqueles organismos que estávamos acostumados a conviver simbioticamente é, inclusive, uma necessidade genética. “Os seres humanos estão em um estado de dependência evoluída deles”, afirma o artigo.

Como resolver?

Os pesquisadores acenam com a possibilidade de, no futuro, podermos desenvolver produtos com versões domesticadas destes organismos que poderiam ser administrados desde crianças e carregados pelo resto da vida.

Isso, contudo, apenas para alguns elementos. Afirmam que a microbiota intestinal (complexo de bactérias, vírus, fungos que vive em nosso intestino) é “uma verdadeira necessidade fisiológica e metabólica determinada geneticamente”. Ou seja, esses germes precisam sempre estarem em nosso corpo, embora ainda não se saiba como eles chegam lá.

Falta de bactérias e doenças psiquiátricas

Está tudo relacionado: o sistema imunológico aceita as bactérias da microbiota intestinal e age sobre elas, ao mesmo tempo que recebe suas influências - o intestino é responsável pela absorção e liberação de diversas substâncias no corpo. E ambos influenciam o desenvolvimento das funções do cérebro por através dos caminhos que constituem o eixo intestinal.

Com este sistema inter-relacional desregulado pela falta de micro-organismos adequados, as inflamações crônicas são mais recorrentes e perigosas. Quando eventos inflamatórios acontecem durante a gravidez, podem causar problemas de desenvolvimento no sistema nervoso central e afetar o cérebro fetal. No limite, podem ser a causa de casos de esquizofrenia e autismo.

Nossa relação com germes ainda é obscura

“A colonização pelas bactérias é fundamental para nossa vida e tem relação com o cérebro. Muito do que sentimos e pensamos é motivado pelas bactérias em nosso intestino”, diz Natalia Pasternak, professora e pesquisadora do departamento de bacteriologia molecular do ICB-USP.

Ainda assim, pouco sabemos da nossa interação com estes micro-organismos. Sabemos que todos os mamíferos são colonizados interna e externamente por diversas espécies. Além das bactérias, também nos relacionamos com vírus, fungos, protozoários, arqueas e ácaros.

A conclusão do estudo da Universidade de Colorado é de que os animais podem até sobreviverem em um ambiente livre desses germes, mas que apresentam múltiplas anormalidades imunológicas, metabólicas e comportamentais.

Bactérias do bem

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