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Como remédios para ansiedade agem no cérebro? Ação, tipos, vício e mais tudo sobre

Publicado 17 Mai 2017 – 06:01 AM EDT | Atualizado 16 Mar 2018 – 08:42 AM EDT
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Apesar de parecer uma sensação comum, a ansiedade pode ser um transtorno mental mais sério e, hoje, ela é um dos distúrbios psiquiátricos de maior incidência. A causa do problema ainda não é oficialmente conhecida, mas acredita-se que possui relação com o desequilíbrio de neurosubstâncias que induzem o humor e as sensações.

Além da psicoterapia, o uso de remédio controlado para ansiedade, prescrito pelo psiquiatra, reduz significativamente os sintomas, ensina o cérebro a se controlar e ainda devolve a qualidade de vida para o indivíduo.

Entenda tudo sobre esses medicamentos a seguir: 

Remédios para ansiedade: o que é recaptação de substâncias?

Os neurônios liberam substâncias que possuem determinado tempo de vida e, depois disso, são degradadas em um processo chamado recaptação. Entre eles estão os neurotransmissores serotonina e noradrenalina – responsáveis pela sensação de bem estar e a regulação da ansiedade e do humor - e dopamina – essencial para controlar concentração e foco. 

Os medicamentos para ansiedade e depressão agem por meio da inibição da recaptação desses componentes, ou seja, evitam que eles sejam destruídos e, consequentemente, aumentam seu tempo de ação. Com isso, surte o efeito de bem estar e tranquilidade. 

Além disso, os remédios reeducam o organismo, ensinando-o a liberar neurotransmissores nas quantidades corretas e manter níveis de excitação normais.

Tipos de remédios para ansiedade

O tratamento inclui principalmente medicamentos da classe dos ansiolíticos, mas ainda podem ser receitados  antidepressivos para ansiedade.

“O uso de remédios para depressão pode ser bom para amenizar determinados sintomas, como insônia. Além disso, comorbidade como a depressão ansiosa podem requerer esse tipo de droga”, explica a farmacêutica Amouni Mourad, que é assessora técnica do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP).

De acordo com o documento da Associação Brasileira de Psiquiatria, os seguintes tipos de medicamentos podem ser usados para ansiedade:

  • Antidepressivos Tricíclicos
  • Inibidores da Recaptação de Serotonina
  • Inibidores da Recaptação de Serotonina e Noradrenalina 
  • Inibidor da Monoaminooxidase
  • Benzodiazepínicos
  • Inibidor da Monoaminooxidase Reversível

Entenda como funciona cada um a seguir:

Antidepressivos Tricíclicos

Estes medicamentos têm função antidepressiva pois disponibilizam mais serotonina e norepinefrina, que são neurosubstâncias que dão a sensação de bem-estar. Quando esses compostos estão em falta, surge a sensação de tristeza, angústia e falta de esperança.

A farmacêutica Amouni Mourad explica que essa classe de medicamento é geralmente usada para depressão, mas sua prescrição para ansiedade pode ser útil em casos graves de insônia e na depressão ansiosa, transtorno que une os dois acometimentos. 

“Os antidepressivos tricíclicos são utIlizados principalmente para depressão grave. Além de melhorar os sintomas de transtorno de ansiedade generalizado, também podem ser receitados para tratar síndrome do pânico, transtorno obsessivo-compulsivo  e alguns casos de dor crônica", elenca a especialista.

Efeitos colaterais

Por também se relacionar a outros receptores do cérebro, os tricíclicos geram efeitos colaterais como boca seca, constipação, retenção de urina, visão turva e borrada, queda de pressão, taquicardia, tontura, suor, ganho de peso e tremor.

Inibidores da Recaptação de Serotonina

Este medicamento aumenta o tempo de permanência da serotonina no organismo ao inibir sua recaptação por enzimas, levando ao controle emocional. 

Diferente de outros tipos, ele não interfere nos outros hormônios, como a norepinefrina, sendo indicado para depressão, ansiedade e alguns tipos de transtorno de personalidade.

Neste grupo estão os medicamentos mais conhecidos atualmente, como Fluoxetina, Sertralina, Paroxetina, Escitalopram e Citalopram.

Efeitos colaterais

Podem provocar ansiedade, enjoo, dor gástrica, vômito, dor de cabeça, agitação, insônia, tremor, nervosismo e redução do apetite e do desejo sexual.

Inibidores da Recaptação de Serotonina e Noradrenalina

Têm ação muito semelhante aos antidepressivos tricíclicos, mas possuem efeitos colaterais menos intensos. Entre os compostos mais usados deste gênero estão venlafaxina - para depressão e determinados tipos de transtornos de personalidade, como generalizado, social e síndrome do pânico - e Milnaciprano – indicado somente para depressão.

Inibidor da monoaminoxidase reversível e irreversível

Monoaminoxidase é uma enzima que quebra neurosubstâncias que causam a sensação de conforto, como serotonina, dopamina e noradrenalina. De acordo com a farmacêutica Amouni Mourad, ao inibir a monoaminoxidase, há aumento da concentração desses compostos e, consequentemente, uma ação antidepressiva que auxilia transtornos ansiosos.

Esta droga pode se apresentar de duas formas. A primeira é a irreversível, cuja ação da enzima é inibida por longos períodos. Já nos reversíveis, a duração do efeito é menor. A escolha de cada medicamento é realizada somente pelo médico de acordo com o quadro de cada paciente.

Efeitos colaterais

Tontura ao levantar-se ocorre frequentemente em usuários de inibidor da monoaminoxidase. Com menor incidência, estão diarreia, inchaço nos pés e tornozelo, taquicardia, palpitação, nervosismo e excitação.

Benzodiazepínicos: ansiolíticos

São ansiolíticos, ou seja, fórmulas que têm efeitos na ansiedade e tensão, acalmando a pessoa estressada, tensa ou ansiosa.

Esses remédios para ansiedade potencializam o ácido-gama-aminobutírico, inibindo o funcionamento excessivo da atividade do cérebro e, consequentemente, reduzindo a agitação. Além disso, relaxam a musculatura e são anticonvulsivantes.

Efeitos colaterais

Dentre seus efeitos colaterais mais comuns estão cansaço, perda de memória, sonolência excessiva, falta de coordenação motora e dificuldade de concentração e atenção. 

Além disso, podem surgir reações leves como tontura, dor de cabeça, enjoo, inquietação e suor excessivo.

Fase da piora: remédio para ansiedade faz mal no início do tratamento?

Há a ideia que  remédios para ansiedade e depressão causam piora dos sintomas nas primeiras semanas. Segundo a farmacêutica, os medicamentos para transtornos psiquiátricos, em especial os antidepressivos, não provocam melhora imediata pois levam um tempo para sensibilizar os receptores e firmar sua ação. 

“Normalmente, o medicamento leva quatro semanas para agir do jeito esperado. Nesse período, a pessoa pode se sentir pior devido aos efeitos colaterais e ainda pela angústia e própria expectativa em melhorar”, ressalta a profissional, que afirma que os efeitos colaterais ficam menos presentes por volta da quinta semana de uso. 

Tomar por muito tempo faz mal?

Alguns remédios para ansiedade podem gerar um impacto chamado "tolerância". Amouni Mourad esclarece que esse efeito nada mais é que a amenização das melhorias causadas pelos compostos. “Quanto mais tempo a pessoa toma, mais o organismo se torna resistente e há a necessidade de aumentar a dose para que os benefícios sejam mantidos”, explica.

A tolerância ocorre principalmente com a ingestão de medicamentos ansiolíticos ou hipnóticos em longo prazo. Antidepressivos também provocam tolerância, mas apenas em casos raros.

A resistência ocorre principalmente em pessoas que param de tomar o remédio antes da hora por sentirem uma melhora, mas sofrem recaída, tomam de novo e assim por diante, o que ressalta a importância de seguir as recomendações médicas quanto à posologia.

Remédio para ansiedade emagrece?

O remédio em si não emagrece, mas seu efeito pode contribuir com o controle dos hábitos alimentares por meio da redução da ansiedade e compulsão.

A serotonina, por exemplo, é um neurotransmissor com papel relevante no controle da ingestão alimentar, já que promove uma sensação reconfortante que evita com que o indivíduo busque “consolo” na comida. 

Apesar disso, alguns medicamentos, como os antidepressivos tricíclicos, causam efeito colateral de ganho de peso.

Remédio para ansiedade causa dependência e vício?

O psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, superintendente técnico da ABP, reconhece os efeitos colaterais de antidepressivos e ansiolíticos, mas afirma que eles não viciam e são a melhor alternativa para aliviar o problema em questão. 

Já a assessora técnica do CRF-SP, Amouni Mourad, afirma o contrário: “Eles dão dependência especialmente depois de tomar por muito tempo. Por exemplo, há pessoas com ansiedade que só conseguem dormir com ansiolítico e se apoiam no medicamento ao invés de tratar o transtorno”.

Contudo, o problema pode ser evitado ao fim do tratamento com a diminuição gradual da dose do remédio, chamada popularmente de “desmame”.

A especialista explica que a retirada é orientada pelo médico e reduz as chances do transtorno voltar, além de evitar efeitos colaterais pela interrupção brusca da medicação, como alterações do sono, problemas gastrointestinais e crises de hipomania (excitação e agitação intensas).

Contraindicação de remédios para ansiedade

Os ansiolíticos benzodiazepínicos não devem ser administrados em pessoas com alergia aos componentes ou que apresentem glaucoma, insuficiência respiratória, doença pulmonar obstrutiva crônica e miastenia gravis (fraqueza dos músculos voluntários).

Pessoas com acometimentos graves no fígado ou nos rins devem tomar doses menores. Usuários de álcool e drogas não devem ingerir o medicamento.

Já os antidepressivos e inibidores de recaptação são contraindicados para quem possui alergia aos componentes ou doenças gastrointestinais, como gastrite ou refluxo.

Conhecer a ação, as contraindicações e os riscos desses tipos de medicamento não permite a automedicação. Se você sente sintomas de ansiedade, procure a ajuda de um médico e de um psicólogo para adequadamente tratar o problema. 

Tratamento da ansiedade e depressão

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