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Adenomiose: o que é a doença “prima da endometriose” que causa dor e infertilidade?

Publicado 9 Mai 2017 – 06:00 AM EDT | Atualizado 16 Mar 2018 – 10:10 AM EDT
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Adenomiose uterina é uma doença que ocorre dentro do útero e acomete, principalmente, mulheres entre 35 e 50 anos. Muito semelhante à endometriose, ela pode prejudicar muito a qualidade de vida e os planos de engravidar da mulher. Saiba tudo sobre adenomiose, inclusive como identificá-la, a seguir.

O que é adenomiose?

O útero é revestido internamente por uma camada chamada endométrio, que é extremamente vascularizada e cheia de glândulas. O endométrio tem como principal função acolher o embrião em caso de gravidez. Normalmente, se a fecundação não ocorre, o tecido se descama, gerando o sangue menstrual.  

Já na adenomiose, os pedaços de endométrio descamados invadem a camada muscular do útero, chamada de miométrio. 

Adenomiose e endometriose: qual é a diferença?

De acordo com o ginecologista Élvio Floresti, a adenomiose é semelhante à endometriose – doença em que há epitélio do endométrio fora do útero –, só que ocorre internamente. Alguns médicos, inclusive, a classificam como um tipo de endometriose.

Causas

Ainda não se sabe quais são as verdadeiras causas da adenomiose. Entre as hipóteses, há traumas uterinos que levam ao rompimento do tecido que divide o endométrio e o miométrio, levando à doença. “Também há quem diga que ela tem origem na formação irregular do útero. Já outros apontam a influência de hormônios", elenca o ginecologista. 

Fatores de risco

  • Menstruação excessiva e com cólicas;
  • Menarca precoce;
  • Idade acima dos 40 anos;
  • Traumas uterinos, como cesariana.

Tipos 

Adenomiose focal

Surge por adenomiomas, que são caroços gerados pela junção do miométrio com o endométrio, muito parecidos com miomas.

Adenomiose difusa

Há focos de endométrio espalhados por toda a musculatura uterina, o que faz o útero aumentar de tamanho.

Sintomas de adenomiose

Pode ser assintomática em alguns casos, mas em outros podem surgir:

  • Aumento e/ou prolongamento do fluxo menstrual, que vem com coágulos;
  • Sangramento fora do período menstrual;
  • Cólicas intensas que aumentam com o tempo;
  • Crescimento do tamanho do útero;
  • Dor pélvica;
  • Dor durante o sexo;
  • Dificuldade em engravidar.

Causa ganho de peso?

A adenomiose não tem relação direta com aumento ou perda de peso, mas sim indireta, conforme explica o médico Élvio Floresti: "As cólicas e dores pioram a TPM, o que leva algumas mulheres a comerem ainda mais carboidratos e doces, engordando como consequência", explica.

Diagnóstico

Além da investigação do histórico da paciente e da análise dos sintomas, exames como ultrassom transvaginal e ressonância magnética contribuem com o diagnóstico.

Apesar disso, o ginecologista explica que a confirmação definitiva da doença só surge após o teste anatomopatológico, que consiste na retirada e análise do útero macro e microscopicamente.

Complicações da adenomiose

A doença provoca sofrimento intenso devido às dores, levando à piora da qualidade de vida e prejudicando relações sexuais. 

Em alguns casos também pode levar à anemia por hemorragia uterina e, se tiver como comorbidade a endometriose pélvica, infertilidade.

Adenomiose pode virar câncer?

Apesar de ser benigna, alguns profissionais acreditam que o aumento do revestimento do útero ocorrido na adenomiose é um fator de risco para câncer de endométrio. 

“Ocorre principalmente após a menopausa. Então, apesar de os sintomas melhorarem após essa fase, é necessário acompanhamento periódico para descartar a presença de tumor”, explica o ginecologista.

Impede a gravidez?

A relação entre adenomiose e gravidez depende do estágio em que a doença se encontra. “Recomendo que a gravidez ocorra o mais breve possível, já que a dificuldade de engravidar é crescente de acordo com o tempo”, conta o médico.

Tem cura?

De acordo com o médico, o tratamento definitivo é a cirurgia de retirada do útero. Contudo, o procedimento é inviável para quem tem pretensão de engravidar, possui riscos que impedem a realização de cirurgias - como diabetes descontrolada, problemas de coagulação não tratados e infecções - e para as pessoas que não querem retirar o órgão.

Para estes casos, podem ser administrados tratamentos que visam amenizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. 

Prevenção

Adenomiose, miomas e endometriose são doenças que dependem de hormônios para se desenvolverem. Portanto, o uso de pílulas anticoncepcionais ou DIU são ações que colaboram com a prevenção dessas doenças. 

Tratamento

As opções terapêuticas incluem:

Medicamentos

Como depende de hormônios, que estimulam o endométrio, a doença pode ser amenizada com o uso de medicamentos que reduzem a ação do estrogênio no útero.

Entre eles, estão alguns tipos de pílulas orais, como as com dienogeste, e injetáveis, como gosserrelina injetável subcutânea.

DIU Hormonal

O ginecologista Élvio Floresti ressalta que o dispositivo intra-uterino (DIU), com ou sem hormônio, também é válido para mulheres com adenomiose cujos úteros não tiveram crescimento muito expressivo. 

Cirurgia

É possível retirar cirurgicamente apenas as lesões do útero. Como a técnica é difícil, para que tenha sucesso deve ser realizada por profissionais muito experientes.

Já a cirurgia mais habitual, que cura 100% da adenomiose, é a retirada do útero por completo. É indicada para quem não deseja engravidar.

Embolização das artérias uterinas

Como a adenomiose é "alimentada" por sangue, a interrupção do fluxo em determinada parte do útero, chamada de embolização, é recomendada por alguns especialistas. No entanto, ainda faltam estudos que comprovem sua eficácia. Nestes casos, o tratamento é pouco invasivo, sendo realizado com anestesia local.

Tratamento natural

Segundo o especialista,  tratamento caseiro para adenomiose - que é à base de compressas e chás calmantes - pode aliviar as dores, mas não curar ou regredir a doença. 

Saúde do útero

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