null: nullpx
endometriose-Tasaudavel

Diagnóstico de endometriose é simples, mas demora até 10 anos para ser feito. Por quê?

Publicado 10 Abr 2017 – 06:00 AM EDT | Atualizado 16 Mar 2018 – 10:34 AM EDT
Compartilhar

A endometriose é uma doença que, segundo a Associação Brasileira de Endometriose (SBE), atinge aproximadamente seis milhões de brasileiras. Apesar da sua ampla abrangência, ela não tem a atenção que merece.

De acordo com um estudo do Departamento de Saúde Pública da Universidade de Oxford, na Inglaterra, a média de atraso mundial para determinar o  diagnóstico da endometriose é de sete anos . Ainda segundo o documento, o tempo entre o começo dos sintomas e a confirmação da doença especificamente em São Paulo (SP) é ainda maior, levando de sete a 10 anos. 

Outra pesquisa, feita pelo Parlamento Britânico, com mais de 2 mil mulheres descobriu que 40% teve de consultar um médico dez vezes antes de ser diagnosticada. Isso mesmo, DEZ vezes. O atraso faz com que o acometimento evolua e o prognóstico fique ainda mais complicado. Entenda por que isso ocorre.

Diagnóstico tardio da endometriose: por que ocorre?

O ciclo menstrual feminino gira em torno da possibilidade de receber um feto. Para isso, todos os meses o útero é revestido pelo endométrio, camada cuja missão é permitir a implantação do embrião e, mais tarde, acolher o feto. 

Quando a gravidez não ocorre, esse tecido é descamado e expelido por meio da menstruação. Mas quando há a  doença endometriose esse processo é anormal: ao invés de sair, o endométrio migra para outras partes do corpo, como intestino, ovários, bexiga e ureter.

Não há limites quanto ao seu deslocamento, já que pode ocorrer em diversas partes do corpo, desde o nervo ciático até o cérebro (em casos mais raros). O problema gera muita dor e ainda pode comprometer o funcionamento dos órgãos afetados.

Detecção da doença

O ginecologista e cirurgião Cláudio Crispi, responsável pelo Instituto Crispi de Ginecologia Avançada, ressalta que a endometriose pode ser facilmente descoberta por meio de exames. Contudo, a demora para atestar o problema é fruto da ideia de que é normal sentir dores na menstruação.

Tolerância à dor

De acordo com o especialista, muitas mulheres acreditam que sentir cólicas intensas é normal e, por isso, não procuram ou alertam seu médico sobre o ocorrido. "Socialmente, a mulher tem muita tolerância com seu próprio corpo e acaba se acostumando a sentir dor, mesmo quando o limiar desse incômodo passa o limite normal", explica.

"É normal"

O diagnóstico tardio também é atribuído ao profissional da saúde. Muitas pacientes relatam sintomas de endometriose, como sentir dores fortes no abdômen, ao seu médico e são surpreendidas com respostas como "É assim mesmo" ou "Vai melhorar quando tiver relação". Com isso, o diagnóstico é atrasado e o problema se desenvolve tanto que o tratamento cirúrgico fica muito invasivo e com risco maior para complicações.

"Culturalmente, tanto a classe leiga quanto a médica precisam entender as pessoas de outra maneira. O médico deve escutar a paciente e, caso isso não ocorra e o problema não cesse, ela deve insistir ou buscar outro ginecologista", ressalta Cláudio Crispi.

Como identificar endometriose?

A necessidade de diagnóstico é fundamental para evitar que a condição evolua e fique agressiva. Busque um médico se você sentir um ou mais dos sintomas elencados pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo):

  • Cólicas intensas, principalmente durante a menstruação
  • Dificuldade ou impossibilidade de engravidar
  • Dores no abdômen
  • Dor e/ou sangramento ao evacuar ou urinar durante a menstruação
  • Alterações intestinares, como constipação e diarreia
  • Dores durante a penetração da relação sexual

Como é o diagnóstico de endometriose?

A identificação da doença ocorre por meio do relato dos sintomas pela paciente e pelos exames físico (como o toque vaginal) e clínicos - como ultrassonografia, ressonância magnética, colonoscopia, urografia excretora e cistocopia. 

Contudo, a existência da doença só é confirmada pela biópsia feita pela videolaparoscopia, procedimento pouco invasivo em que uma câmera é inserida por pequenas incisões abdominais.

Informações sobre endometriose

Compartilhar

Mais conteúdo de interesse