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1 em cada 68 crianças terá autismo: como identificar o transtorno e seus 3 subtipos

Publicado 21 Mar 2017 – 06:00 AM EDT | Atualizado 14 Mar 2018 – 09:19 AM EDT
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Autismo infantil é um distúrbio de desenvolvimento que surge logo cedo e permanece para o resto da vida. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), uma em cada 68 crianças apresenta algum transtorno autístico, cujas características principais incluem alterações comportamentais, de linguagem e de comunicação.

Apesar dos sintomas, grande parte dos autistas pode obter uma qualidade de vida melhor, e até mesmo normal, por meio do tratamento adequado e há ainda uma parcela que possui habilidades excepcionais. Entenda o que é autismo, seus sintomas e mais a seguir:

Autismo: o que é? 

Transtornos do Espectro Autista (TEA) é o nome dado a um conjunto de transtornos caracterizados pelo desenvolvimento atrasado, principalmente em relação à comunicação e interação social.

Causas do autismo

Genéticas

Ainda não são conhecidas todas as causas do TEA, mas sabe-se que ele tem relação com genes passados dos pais para os filhos.

Gravidez

De acordo com o psiquiatra Mario Louzã, membro da Associação Brasileira de Psiquiatria, alguns estudos também relacionam problemas durante a gravidez à incidência da condição, como sangramentos, traumas e diabetes. Entretanto, as causas e veracidade dessa relação ainda estão sendo analisadas.

Medicamentos

Já um estudo do Instituto de Salud Global (ISGlobal), em Barcelona, defende que o uso de paracetamol durante a gravidez pode gerar autismo, hiperatividade ou déficit de atenção. Isso ocorreria pois a droga alteraria alguns receptores cerebrais responsáveis pelo amadurecimento e pela conexão de neurônios. Há quem apoie essa tese, que ainda não é comprovada.

Características do TEA

Os sinais de autismo dependem do tipo e grau apresentado e podem variar de pessoa para pessoa, mas costumam envolver:

  • Atraso e dificuldade na fala
  • Ausência ou dificuldade em manter contato visual
  • Pouca interação com pais e outras crianças
  • Dificuldade para entender e identificar expressões faciais e sinais corporais
  • Ausência ou falta de interesse por comentários e opiniões de outras pessoas
  • Interpretação literal da comunicação
  • Sensibilidade a sons altos
  • Comportamentos repetitivos
  • Interesses restritos, que beiram a obsessão, como em esportes e animais
  • Comprometimento na linguagem
  • Apego à rotina e dificuldade em lidar com mudanças

Diagnóstico

De acordo com o psiquiatra infantil Fabio Barbirato, também membro da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), os primeiros sinais costumam ser notados a partir de 1 ano, porém o diagnóstico pode demorar mais. "O ideal é que ocorra antes dos 3 anos para que se consiga iniciar o tratamento rapidamente, a fim de melhorar a linguagem verbal e não verbal", ressalta.

O mais importante para determinar se a criança apresenta autismo ou não é recorrer a um médico bem treinado e com anos de experiência no diagnóstico de TEA. Como não há exames capazes de detectar o distúrbio, são realizadas essencialmente avaliações clínicas. 

Tipos de Transtornos do Espectro Autista

De acordo com o psiquiatra da infância e adolescência Thiago Blanco, que é também professor do curso de medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) e coordenador da Unidade de Psiquiatria Infantil do Hospital da Criança de Brasília, há diversas classificações possíveis para o autismo.

Uma das mais atualizadas e reconhecidas é a do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), da Associação Americana de Psiquiatria, que une as condições com características autísticas sobre a denominação de Transtornos do Espectro Autista (TEA). Eles são divididos pelo grau de comprometimento das habilidades, podendo ser:

Leve

O indivíduo com o transtorno de gravidade leve tem prejuízo social ao fazer amigos, mas não é isento do interesse de estar com pessoas. Também apresenta inteligência normal e, em uma pequena parcela dos casos, até acima do esperado, como no caso de gênios.

Nesta faixa está inclusa a Síndrome de Asperger, distúrbio autístico leve que já foi diagnosticado em celebridades, como a cantora Susan Boyle e o jogador Lionel Messi.

Moderado

A pessoa com autismo moderado possui linguagem escassa e dificuldade em manifestar emoções. Apesar disso, consegue se comunicar verbalmente, responder a estímulos e interagir de maneira mais branda. Outro ponto, ressaltado pelo psiquiatra Thiago Blanco sobre esse tipo de autismo é que eles se preocupam mais com seu próprio prazer e não se interessam tanto pelo outro. Por exemplo, eles podem não entender se alguém com quem conversam não gosta do rumo da conversa, e continuar insistindo no mesmo assunto.

Grave

O autismo clássico é marcado pela intolerância ao toque físico e contato social. A pessoa com autismo é indiferente à presença do outro, não se relacionando afetivamente e nem respondendo a quem chama. Por fim, pode apresentar automutilação e retardo mental.

Autismo tem cura?

Autismo não tem cura, mas é possível melhorar o prognóstico do paciente a partir de um tratamento precoce, para que as habilidades sociais e comunicativas progridam.

Tratamento para autismo

De acordo com o psiquiatra Thiago Blanco, o correto tratamento é essencial para o desenvolvimento e qualidade de vida de quem possui um TEA. "O tratamento adequado pode fazer o autista transitar na faixa de intensidade" explica.

Existem pacientes com quadros leves que podem regredir a ponto de não serem mais consideradas autistas e terem uma vida completamente normal. Mas será sempre necessário um cuidado especial, a fim de evitar que retornem os antigos sintomas.  

Medicamentoso

Não há estudos que comprovem a ação direta de medicamentos sobre o autismo, mas podem ser usados remédios para amenizar alguns sintomas, como depressão e ansiedade, que podem surgir em uma parcela dos casos.

Fonoaudiológico

Como contempla a dificuldade de comunicação e linguagem, o tratamento do autismo com um fonoaudiólogo ajuda o paciente a entender e ser entendido pelos outros. Os resultados mais promissores ocorrem quando a terapia é iniciada logo nos primeiros anos de vida. 

Psicológico

A psicoterapia utiliza um conjunto de técnicas com o objetivo de ensinar ou reensinar ao paciente com autismo como se comunicar, portar e processar informações no dia a dia, de modo a melhorar sua qualidade de vida.

Com terapia ocupacional 

Com o intuito de criar autonomia, a terapia ocupacional direciona e treina o sistema nervoso para que ele seja mais controlado e conquiste autoconfiança e independência.

Fisioterapêutico

Quando o autismo envolve problemas motores, como dificuldade em sentar sozinho e coordenar os movimentos, a fisioterapia trabalhará esses déficits por meio de exercícios funcionais.

Dieta para autismo funciona?

Muitos pais usam dietas para amenizar o autismo de seus filhos, como regimes sem glúten. Contudo, de acordo com o psiquiatra Fabio Barbirato, essas dietas não possuem evidências científicas e podem, inclusive, causar déficits nutricionais e até mesmo piorar as características do autista.

O que é autismo: casos reais e fatos

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