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AVC, hemorragia e mais complicações da febre amarela: em quem pode acontecer?

Publicado 3 Fev 2017 – 04:00 AM EST | Atualizado 2 Abr 2018 – 09:32 AM EDT
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O recente surto de febre amarela no Brasil, principalmente na região Sudeste, causou 261 mortes no período de  julho de 2016 a junho de 2017. Número esse que vem aumentando. Em janeiro de 2018, foi confirmado o aumento para três óbitos por febre amarela na Grande São Paulo

 Apesar de ser normalmente uma doença de evolução branda, em alguns casos ela pode se tornar grave e até matar. Mas quais são as chances de isso acontecer?

Contaminação por febre amarela: ciclo normal da doença

O médico infectologista Robert Rosas, Professor de Infectologia no Curso de Medicina do Centro Universitário São Camilo, explica que, assim que o mosquito adquire o vírus da febre amarela, ele demora de 18 a 32 horas para se tornar um transmissor. “A partir daí, ele transmitirá a doença até sua morte, passando-a, inclusive, para sua prole”.

Quando esse mosquito picar alguém saudável, essa pessoa demorará de 3 a 6 dias para começar a sentir os sintomas, que são febre alta e de início súbito, calafrios, dor de cabeça, náuseas, vômitos e, a partir do terceiro dia, icterícia, que é o amarelamento da pele, unhas e mucosas em função da lesão no fígado causada pelo vírus.

De seis a sete dias após o início dos sintomas, 80% dos pacientes vão começar a sentir uma melhora progressiva dos sintomas até se curarem da doença. O especialista explica que essas pessoas não ficarão com nenhuma sequela da doença e ainda criarão imunidade contra a febre amarela.

Quando a febre amarela complica? 

Cerca de 20% das pessoas terão complicações da febre amarela e, depois de seis a sete dias, a febre continuará alta, a icterícia ficará ainda mais evidente, a urina poderá se tornar alaranjada e todo o estado geral fica mais complicado. “Metade dessas pessoas irão morrer e a outra metade se curará”.

Por que complica? 

Existem algumas alterações de saúde prévias que podem facilitar o aparecimento de complicações. Todo paciente imunossuprimido, ou seja, que toma medicações ou possui alterações que diminuem a imunidade, têm risco maior. Entram nesse grupo as pessoas com Aids, os pacientes transplantados, pessoas em tratamento oncológico e quem toma corticoide de maneira contínua, como quem tem DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) ou doença reumática.

No entanto, vale lembrar que pessoas perfeitamente saudáveis também podem desenvolver a forma grave da febre amarela.

A carga viral liberada pelo mosquito no momento da picada também pode ser determinante do aparecimento de complicações. “Não é a mesma coisa ser picado por um mosquito e ser picado por três. Quanto maior a quantidade de vírus, maior a chance de desenvolver a forma grave”, explica Robert.

Complicações que podem acontecer

Sangramento generalizado

O infectologista explica que a principal consequência grave da febre amarela é o sangramento, causado pela afinidade do vírus com o fígado, órgão responsável pela coagulação.

“Como consequência, pode haver sangramento generalizado: pode ser vômito com sangue, petéquias (pontos avermelhados ou arroxeados na pele em função da dificuldade de coagulação), sangue na urina ou sangramento em órgãos nobres, como na cavidade craniana, nos pulmões ou no peritônio, membrana que reveste o abdômen”.

Quando o sangramento acontece no cérebro, o diagnóstico é de AVC hemorrágico, quadro em que pode haver comprometimento do estado de consciência, convulsão e, se o paciente sobreviver, poderá haver sequelas neuromotoras.

Encefalite

Outra complicação possível é a encefalite pelo vírus da febre amarela, um efeito raro, mas possível, em que o vírus causa infecção no encéfalo. “O quadro se caracteriza por dor de cabeça intensa, comprometimento da consciência, alterações do comportamento e outros acometimentos a depender da região encefálica comprometida”.

Insuficiência renal

A febre amarela pode causar uma alteração de permeabilidade dos vasos e muito sangue pode acabar extravasando para o espaço extravascular. Em consequência, ocorre uma diminuição do volume de sangue dentro dos vasos e chega menos sangue aos rins, que não conseguem o substrato necessário para eliminar as chamadas escórias nitrogenadas, instalando-se, então, um quadro de insuficiência renal.

Dano ao coração

O coração é outro órgão pelo qual o vírus tem afinidade. Consequentemente, ele pode se instalar ali e causar uma miocardite aguda, inflamação do músculo do coração que pode se tornar crônica e causar alterações como disfunções na contratilidade do músculo cardíaco. 

Prevenção da febre amarela

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