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A história da mulher alérgica a tudo, até ao próprio marido, que vive em isolamento

Publicado 23 Dez 2016 – 03:11 PM EST | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Já imaginou casar e desenvolver uma grave alergia ao seu marido que pode até te levar à morte? É o que aconteceu com a norte-americana Johanna Watkins, que precisou se afastar de seu marido, Scott, por conta de fortíssimas reações alérgicas que passou a ter a ele graças ao desenvolvimento de uma condição rara.

Síndrome rara faz mulher ser alérgica a quase tudo

Não é só ao próprio marido que Johanna tem alergia: suas reações acontecem a partir do contato com as coisas mais corriqueiras, como pasta de dentes.

De acordo com o site de notícias Washington Post, a americana sofre de uma rara condição chamada Síndrome de Ativação de Mastócitos, que faz com que seu sistema imunológico receba sinais errados sobre como reagir aquilo que acontece ao seu arredor.

Isso porque o corpo superproduz uma espécie de controladores químicos que são responsáveis por controlar reações alérgicas. Os sintomas variam bastante de pessoa para pessoa, podendo ocorrer uma reação alérgica simples ou até respostas mais graves, como um choque anafilático.

Esta condição é progressiva, ou seja, a tendência é que ela vá piorando com o tempo e as pessoas fiquem cada vez mais alérgicas. Infelizmente este grave problema ainda não tem cura.

O caso de Johanna está entre os mais graves, o que faz com que ela seja alérgica a praticamente tudo.

Segundo reportagem da revista norte-americana People sobre o caso, coisas simples do dia a dia podem representar perigo. Ela é alérgica a algumas comidas, aromas, pasta de dentes, produtos químicos e até odores corporais que são comumente produzidos pelas pessoas, incluindo o odor de seu marido.

Scott diz que, como seu quadro piorou nos últimos anos, Johanna é obrigada a ficar trancada dentro de um quarto com filtros de ar extremamente eficientes. Lá, ela não tem absolutamente nenhum contato com o lado de fora, as janelas também são fechadas e todo o espaço é coberto por plásticos para que não haja nenhum tipo de pó.

Por causa de suas alergias, Johanna já precisou ser internada inúmeras vezes. Como sua situação foi se agravando com o passar dos anos, agora ela precisa evitar ao máximo qualquer tipo de alergia, já que qualquer uma pode desencadear um choque anafilático e matá-la.

Mudanças na rotina

No último ano, Johanna só saiu do quarto uma única vez, para ir ao médico. “A única maneira de mantê-la viva é tomando precauções extremas – o quarto dela tem um bloqueador de ar externo, múltiplos filtros de ar e as janelas são cobertas porque até mesmo a luz UV pode desencadear alergia nela. É realmente louco”, afirma seu marido.

Vivendo como se fosse uma prisioneira por causa de sua condição, Johanna disse à emissora de televisão local KMSP que passa os dias lendo a bíblia, mandando e-mails e conversando pelo telefone. Para ela, a fé é a responsável por lhe dar forças para viver.

A norte-americana ainda conta que basta a porta do seu quarto ser aberta para que ela comece a passar mal. “Minha garganta automaticamente aperta. Me sinto como se estivesse sendo estrangulada”, descreve.

Felizmente, por enquanto, o corpo de Johanna tolera a presença de seus irmãos, que são seus cuidadores. Todas as pessoas que precisarem se aproximar dela têm que usar um sabonete especial sem cheiro e não podem ter consumido alho, cebola e pimenta.

A mulher é tão sensível a cheiros que ela teve uma pequena reação alérgica até mesmo a uma câmera GoPro que seu irmão usou para filmá-la recentemente.

Diagnóstico da síndrome

Esta síndrome é tão rara que até mesmo o diagnóstico foi difícil de ser feito. Johanna e seu marido precisaram visitar cerca de 30 médicos até receberem o diagnóstico correto. A única coisa que pode ser feita, infelizmente, é a prescrição de medicamentos para aliviar os sintomas.

No momento, o casal está morando na casa de amigos. Enquanto Johanna fica na parte superior da casa, seu marido dorme em uma espécie de porão. Para evitar alergias, o casal de amigos não cozinha, não come, nem usa produtos de limpeza perfumados dentro da casa.

Solidariedade

“Quando ela desenvolveu sensibilidade para cheiros de comidas e nos pediu para parar de trazer comida quente para dentro de casa e parar de cozinhar, em uma semana, cinco vizinhos me deram as chaves de suas casas e suas cozinhas”, contou a dona da casa Lucy Olson ao KMSP.

Todos os dias o marido de Johanna prepara umas das únicas 15 comidas que sua esposa pode comer e entrega a ela por baixo da porta. Ela faz apenas uma refeição orgânica ao dia.

E não é só ele e seus amigos que cuidam muito bem dela. Os vizinhos também deixaram de fazer churrascos em áreas externas porque sabem que a fumaça pode prejudicar a saúde superdebilitada de Johanna.

“Tem sido muito doloroso, mas quando você não pode ver a pessoa que você ama, você tem que fazer coisas mais intencionalmente. Por causa disso, meu amor pela minha esposa aumentou”, se declara Scott.

Síndromes raras

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