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Mayaro: o que é o "novo" vírus transmitido pelo Aedes e que risco representa para nós?

Publicado 10 Nov 2016 – 06:30 PM EST | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Já sabemos que o mosquito Aedes Aegypti é transmissor do vírus da Dengue, Zika e Chikungunya.

Agora, descobriu-se que ele é vetor de mais uma doença: a febre do Mayaro.

O que é o Mayaro?

O Mayaro é um vírus, mas não é novo. Ele foi identificado pela primeira vez em 1954, em Trinidad, ilha que está situada a, aproximadamente, 10 km da costa oriental da Venezuela.

De acordo com o Ministério da Saúde, o primeiro surto no Brasil aconteceu em 1955, próximo a Belém, no Pará. Desde então, casos esporádicos e surtos localizadas foram registrados nas Américas, principalmente nas regiões Norte, Centro-Oeste e na Amazônica do Brasil, já que o vírus sempre foi transmitido por mosquitos silvestres.

Contudo, estudos de laboratório apontaram que vetores urbanos, como o mosquito Aedes Aegypti, também tornaram-se capazes de transmitir o vírus, provavelmente devido a mutações que ocorreram com o passar dos anos. Desta forma, o vírus Mayaro se torna uma potencial ameaça à saúde pública.

“O mosquito foi se adaptando, indo da zona rural para a cidade, assim como já aconteceu com outros arbovírus, principalmente por falhas de monitoramento das zonas afetadas. Ocorre melhora genética e o vírus vai se espalhando”, explica a infectologista do hospital São Luiz Raquel Muarrek.

Quando um mosquito infectado pica uma pessoa, ela contrai a febre de Mayaro. Apesar de não ser transmissível de pessoa para pessoa, quando um mosquito pica uma pessoa ou animal infectado, ele contrai o vírus e passa a espalhar a doença. Felizmente, a doença é autolimitada na maioria dos casos e os sintomas costumam desaparecer em até duas semanas.

Sintomas

Os principais sintomas são febre, dores de cabeça, nas articulações e nos músculos e erupções cutâneas. Em alguns casos, as dores nas articulações podem chegar a ser limitantes. 

É uma doença grave?

Segundo Raquel, pelo que se sabe até agora, não.

“A doença é limitada, em duas semanas os sintomas desaparecem. Até agora não se discutiu nenhuma forma grave”, tranquiliza a infectologista.

Como diferenciá-la da dengue, zika e chikungunya?

De acordo com a infectologista Raquel, ainda não existe um exame que realize o diagnóstico da doença. Ela explica que, quando um paciente dá entrada em um hospital com sintomas de infecção causada por arbovírus, exames são feitos para descartar doenças como dengue, zika e chikungunya. A diferenciação, portanto, é feita pela exclusão das outras doenças.

“No exterior, já existe um meio de cultivo para diagnóstico da febre de Mayaro. No Brasil, não existe diagnóstico laboratorial, os casos são chamados de eventos inusitados em que pode haver a suspeita da febre, mas diagnóstico com 100% de certeza ainda não há”, explica Raquel.

Como tratar

A infectologista afirma que as principais recomendações são que a pessoa se hidrate muito bem e não tome nenhum anti-inflamatório. Por isso, apenas os sintomas costumam ser tratados e sempre com o acompanhamento de um médico.

Casos no Brasil

Entre dezembro de 2014 e junho de 2016, 343 casos suspeitos de febre do Mayaro foram registrados em 11 estados brasileiros das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. Destes, 70 casos foram confirmados, 244 estão em investigação e 29 foram descartados.

Dos casos confirmados, 60 ocorrem em Goiás, 1 no Pará e 9 no Tocantins. Os estados com casos em investigação são: Roraima, Mato Grosso, Amazonas, Amapá, Bahia, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, além do Distrito Federal. 

Como se proteger

Os cuidados são os mesmos tomados na prevenção da dengue e outras doenças transmitidas pelo vetor, já que a eliminação do Aedes Aegypti é necessária para que o vírus não se espalhe. Por isso, use repelente e nunca deixe água parada em pneus, vasos de planta e qualquer outro lugar que sirva como meio para o inseto se reproduzir.

Vale dar atenção extra aos locais que têm pouca luz, já que ambientes escuros são os preferidos do mosquito

Aedes Aegypti 

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