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Bial diz que operou pois, se enfartasse, seria fatal: como ele soube? Você também pode?

Publicado 31 Out 2016 – 07:38 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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O jornalista e apresentador Pedro Bial fez três pontes de safena em setembro após um exame de rotina apontar um problema cardíaco. Em entrevista ao colunista do jornal O Globo Jorge Bastos Moreno, Bial deu detalhes da cirurgia a que foi submetido.

Descoberta de problema no coração por acaso

De acordo com apresentador, o problema foi diagnosticado durante uma tomografia feita no fim de agosto por conta de uma suspeita de pneumonia. “Foi um susto porque eu não tinha sintoma algum de cardiopatia”, comentou durante a entrevista.

O exame descartou a possibilidade de pneumonia, mas apontou uma alteração nas coronárias. “Já saí com uma angiotomografia mostrando que a coisa estava muito séria. Eram entupimentos e calcificações. Se por acaso tivesse tido um infarto, ele seria fatal”, revelou Bial. 

Exame específico

O cardiologista e coordenador do departamento de emergências do HCor Edgard Ferreira, que não acompanhou o caso do jornalista, acredita que Bial estava fazendo uma tomografia do tórax, que não é direcionada a artérias do coração, quando foram observados sinais de que esses vasos poderiam estar sofrendo calcificação.

“Vendo o laudo, é provável que tenha sido pedido uma tomografia específica para ver as coronárias para identificar se existe obstrução dentro delas, que é a chamada angiotomografia de coronárias”, explica o cardiologista.

Neste exame é possível identificar se as artérias estão realmente entupidas, quantas são e quão entupidas elas estão. No caso do Bial, além de entupidas por placas de gordura, as artérias também estavam calcificadas. Ou seja, havia um acúmulo de cálcio que enrijece as artérias impedindo-as de contrair e relaxar normalmente, o que também pode dificultar a passagem de sangue para o coração.

Infarto: como "medir" o risco de morte?

Quando o entupimento é bastante significativo, pode ocorrer uma interrupção súbita da passagem de sangue para o coração e a pessoa infarta. Quanto mais importante é a artéria afetada, maior a área que deixa de receber sangue e, consequentemente, mais grave o infarto.

O cardiologista calcula que, como Pedro Bial precisou realizar três pontes de safena, é provável que ele tenha tido entupimentos e/ou calcificações graves em três partes das artérias coronárias e, por isso, afirmou que um infarto poderia ser fatal. Além disso, quanto mais próximo o entupimento da artéria aorta, mais perigoso.

Cirurgia de urgência

Uma vez identificado que será necessário realizar uma cirurgia, o ideal é que ela seja feita o mais rápido possível, como aconteceu no caso do apresentador. “Ao fazer a cirurgia, tira-se o risco de uma obstrução súbita de uma ou mais artérias. Quando ocorre uma obstrução, o sangue deixa de passar, o músculo cardíaco para de funcionar”, explica sobre a grave consequência do entupimento de uma artéria.

Quando o músculo cardíaco para de funcionar, a pessoa infarta. “O infarto é o não recebimento de sangue adequado para o músculo cardíaco trabalhar”, explica Ferreira.

A extensão do infarto pode ser pequena, média ou grande. Caso seja pequena, ele não traz consequências para a mecânica do coração, que consegue continuar bombeando sangue normalmente; o de extensão média pode trazer consequências e o de grande porte para o coração. Quando o coração para de bombear sangue, trata-se de um infarto fulminante.

“Qualquer infarto é potencialmente grave porque pode provocar arritmia cardíaca, ou seja, o coração não consegue executar a função de bomba, o músculo fica trêmulo, ele perde a sua eficiência de contrair para bombear sangue”, comenta o cardiologista do Hcor.

Esta arritmia, que provoca falta de oxigenação no coração, é responsável por 85% das paradas cardíacas. Apesar de todos os infartos poderem propiciar arritmia, que pode levar a uma parada cardíaca, isso felizmente não ocorre na grande maioria dos casos de infarto. 

Cateterismo

O cateterismo cardíaco é mais um exame feito para confirmar as obstruções e quantos segmentos das coronárias estão comprometidos.

A partir do resultado deste exame, é decidido se o paciente deve se submeter a uma angioplastia, a uma ponte de safena ou se não será necessária nenhum intervenção. “Na angioplastia é feita uma desobstrução através do próprio cateter, ou então é feita uma cirurgia de revascularização miocárdica por ponte de safena ou mamária”, afirma o cardiologista.

A diferença entre a ponte de safena e a mamária está na veia que é retirada para a realização da ponte. Se for safena, a veia é da perna e, se for mamária, é aproveitada uma artéria do próprio tórax.

Ponte de safena e angioplastia

Na ponte de safena, o médico retira uma veia da perna e a liga no local de saída de sangue e também depois da obstrução, ou seja, faz uma ponte para que o sangue consiga passar sem ser interrompido pela obstrução existente.

“A obstrução fica lá, mas o sangue deixa de passar por aquele local, passa a percorrer o caminho feito pelo desvio”, comenta o cardiologista.

Uma outra opção é a angioplastia, que tira a obstrução com um cateter e coloca um stent no local que estava obstruído. Este procedimento é feito quando a obstrução não é muito grande, assim, o cateter consegue chegar e a obstrução pode ser feita com eficiência.

Se a condição técnica não for favorável, ou seja, são várias obstruções, elas são extensas ou o local é de difícil acesso, é necessário fazer a ponte de safena.

As intervenções costumam ocorrer apenas quando o entupimento é maior do que 60%. Quando as alterações são menores, os procedimentos não costumam ser indicados.

Após a cirurgia de ponte de safena, o paciente costuma ficar de 48 a 72 horas na UTI e mais 3 ou 4 dias no quarto antes de receber alta. Em casa, ele deve manter um repouso relativo, sem fazer esforço, pelo menos de 20 a 30 dias.

Sintomas


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O entupimento de artérias pode ou não vir acompanhado de sintomas como falta de ar, dor no peito, suor e palidez. No caso de Bial, ele afirma que nunca teve nenhum sintoma de cardiopatia.

“A pessoa pode não apresentar nenhum sintoma, principalmente diabéticos. Trinta por cento dos diabéticos não apresentam sintomas. Por isso que é importante realizar exames de rotina todos os anos”, explica o médico.

Como prevenir

Entre os exames de rotina estão eletrocardiograma, ecocardiograma e testes de esforço, que devem ser feitos anualmente em homens acima de 35 anos e em mulheres acima de 40 anos. “Caso a pessoa apresente histórico familiar, deve começar a fazer os exames de rotina antes”, ressalta Ferreira.

Problemas cardíacos

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