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Dieta cetogênica pode acabar com crises de epilepsia em crianças, diz neurologista

Publicado 4 Nov 2016 – 08:00 AM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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A epilepsia é a repetição de crises epiléticas provocadas por lesões no cérebro. Ela tem origem genética, mas sua causa ainda é desconhecida. De acordo com a área do cérebro afetada, a epilepsia pode causar comprometimento motor, problemas visuais, sensoriais e também comportamentais.

De acordo com a Liga Brasileira de Epilepsia, durante alguns segundos ou minutos, parte do cérebro emite sinais incorretos e, dependendo dos hemisférios cerebrais envolvidos, os sintomas podem ser mais ou menos evidentes.

Tipos de epilepsia

Os sintomas variam de acordo com o tipo de epilepsia. Por exemplo, em crises de ausência é como se a pessoa se “desligasse” por alguns instantes. Nas crises parciais simples, a pessoa pode ter distorções de percepção, movimentos descontrolados, entre outros sintomas. Caso ocorra também perda de consciência, a crise é chamada de parcial complexa.

Existem ainda vários outros tipo de crise, como a tônico-clônica, em que a pessoa perde a consciência, cai, fica com o corpo rígido e depois as extremidade do corpo tremem e se contraem. Quando o paciente fica inconsciente por mais de 30 minutos, pode haver prejuízo das funções cerebrais.

Epilepsia tem cura?

A neurologista infantil e ex-presidente da Liga Adélia Henrique Souza afirma que não é possível dizer que existe cura, já que isso significaria dizer que o paciente nunca mais vai ter uma crise epilética e isso não pode ser afirmado. Porém, quando um paciente fica um longo período sem crise epilética, é possível dizer que a epilepsia está resolvida.

Dieta cetogênica no tratamento da epilepsia

Segundo Adélia, a dieta cetogênica é indicada, principalmente, para pessoas que têm epilepsia refratária, ou seja, que não responderam ao tratamento com medicamentos. “Em 70% dos casos, a epilepsia é resolvida com remédios; nos casos em que o medicamento não resolve, é indicada a dieta cetogênica”.

Como é a dieta?

Cetose é o estado em que o corpo entra quando passa a utilizar a gordura ingerida como fonte primária de energia, e não mais o carboidrato. “Ele ocorre quando estamos em jejum ou em uma dieta com baixa quantidade de carboidratos”, explica a nutricionista funcional Patrícia Davidson.

Muito utilizada também para o objetivo de emagrecimento, a dieta cetogênica é composta 75% por fontes de gorduras boas, como óleo de coco, oleaginosas e abacate, 15 a 20% por proteínas e 5 a 10% por carboidratos, preferencialmente de baixo índice glicêmico, conforme detalha a endocrinologista do Amato Instituto de Medicina Avançada Lorena Lima.

Como ela ajuda?

A neurologista Adélia explica que quando a pessoa adere à dieta, que é rica em gordura, o cérebro entende que ela está em jejum, quando na verdade não está. Além disso, o maior consumo de ácidos graxos propicia o aumento de corpos cetônicos, que são metabolizados pelo corpo e expelidos pela urina. “Acredita-se que a formação de corpos cetônicos tem uma ação anticrise”, comenta.

“A eficácia da dieta cetogênica já é comprovada, mas como ela age ainda não é certo. Ninguém sabe realmente ainda, mas existem algumas hipóteses”, ressalta Adélia.

Acredita-se, por exemplo, que a dieta cetogênica muda a rota metabólica do cérebro, propicia aumento da síntese de neurotransmissores inibitórios e da produção de energia por mitocôndrias e causa alterações dos canais iônicos relacionados a crises epiléticas.

Quem pode fazer?

De acordo com a neurologista, a dieta é permitida para quase todos. Ela só é proibida para pessoas com algumas doenças metabólicas, por isso, é importante sempre haver o acompanhamento de um especialista.

Além disso, o cardápio deve ser individualizado para que a ingestão de gordura seja feita da maneira adequada. “O ideal é a realização de exames a cada 3 meses para fazer um acompanhamento dos possíveis efeitos colaterais”, explica Adélia. Vale lembrar que o plano alimentar pode apresentar riscos, como sobrecarga dos rins e aumento do colesterol.

Eficácia

Dados apontam que 25% das crianças ficam livres de crises epiléticas ao seguir a dieta, portanto, ela tem sem mostrado altamente eficiente.

Para os adultos, o indicado é a dieta de Atkins modificada. Nela, os pacientes consomem duas partes de gordura para uma de proteína ou carboidrato. Para as crianças, o indicado são quatro partes de gordura para uma de proteína ou carboidrato. 

Disfunções cerebrais 

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