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Diabulimia: transtorno que afeta diabéticos na busca pelo corpo perfeito leva à morte

Publicado 1 Nov 2016 – 08:00 AM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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A diabulimia é uma doença que afeta diabéticos do tipo 1 e que pode levar à morte. Foi o que aconteceu com a americana Lisa Day, que morreu vítima da diabulimia em 2015. A jovem parou de aplicar insulina diariamente para emagrecer, passou a comer pouco e induzia o vômito sempre que considerava que havia comido demais. Como consequência disso, ela emagreceu muito, desenvolveu problemas estomacais e passou a ser internada frequentemente até falecer aos 28 anos de idade .

Diabulimia

Trata-se de um transtorno em que as pessoas afetadas deixam de tomar, pulam ou diminuem as doses de insulina para perder peso. Como a compulsão é pela perda de peso, não é raro a diabulimia vir acompanhada também da bulimia, distúrbio alimentar caracterizado pela compulsão de comer seguido de métodos para evitar ganho de peso, como induzir o vômito e tomar laxantes e diuréticos. Foi o caso da americana.

Infelizmente, casos desta doença não são raros. Estima- se que um terço das mulheres diabéticas tipo 1 sofra de distúrbios alimentares ou se incomode com o próprio peso. Segundo a endocrinologista e autora do livro "Diabulimia: uma combinação perigosa" Claudia Pieper, adultas com diabetes tipo 1 têm 2,4% mais chances de desenvolverem transtornos alimentares do que não diabéticas.

Como a insulina atua - e que relação tem com o peso?

Diabéticos tipo 1 não produzem insulina e, por isso, precisam tomar injeções deste hormônio diariamente. No nosso organismo, a insulina é a responsável por carregar a glicose para dentro das células e manter o corpo em equilíbrio.

Quando o diabético não toma insulina, a glicose fica circulando pela corrente sanguínea, tornando a taxa de glicose no sangue alta. Assim, o indivíduo passa a urinar muito para eliminar esse excesso. Este processo faz o corpo se manter sempre em catabolismo, fase do metabolismo em que macromoléculas nutritivas são degradadas pelo organismo com liberação de energia.

Como a pessoa vai perdendo glicose pela urina, ela acaba emagrecendo, mas não de uma maneira saudável. “Por causa do excesso de glicose no sangue, o paciente pode entrar em coma diabético, ter cetoacidose diabética e o que chamamos de emergência aguda do diabete, que é o excesso de glicose provocando vômito, desidratação, dores abdominais. O organismo começa a formar corpos cetônicos e o hálito fica com cheiro de maçã azeda”, lista a endocrinologista sobre as inúmeras consequências perigosas de não tomar insulina quando necessário.

O que causa a diabulimia?

Segundo a especialista, são inúmeros os motivos que levam ao transtorno. Entre eles, estão a não aceitação do diabetes, medo ou vergonha de aplicar insulina, medo de ter hipoglicemia, receio de ganhar peso, etc.

Como identificar?

Quanto mais cedo a diabulimia é tratada, melhor. Por isso, se você conhece alguém que tem diabetes tipo 1, observe se essa pessoa tem muitas preocupações relacionadas à alimentação, apresenta insatisfação excessiva com o corpo, tem baixa autoestima ou está emagrecendo muito. Se for uma pessoa próxima, tente observar também se ela diminuiu ou deixou de tomar insulina em algum momento.

Recusa ao aumento da dose de insulina quando necessário, internações frequentes, quadros de hipoglicemias graves, atraso no desenvolvimento (no caso de jovens), resistência a permitir que alguém acompanhe as aplicações de insulina e os testes de glicemia, sintomas de depressão, pouca energia e glicemia sempre alta são os principais sintomas de diabulimia.

Além disso, a alta quantidade de glicose no sangue provocada pelo diabetes acarreta o aumento da temperatura corporal. Por isso, bochechas excessivamente avermelhadas também são um sinal de alerta. Como a falta de insulina leva à desidratação, a pessoa também pode sentir palpitação .

Complicações

A diabulimia é uma neuropatia diabética grave que pode provocar complicações crônicas em menos de cinco anos. Entre as consequências estão perda de visão, problemas renais e nos nervos. Nos casos mais graves, pode levar à morte.

Como tratar?

Para tratar, Claudia explica que é necessário uma equipe multidisciplinar. Ela deve envolver um endocrinologista, para avaliar as condições de saúde do paciente, um nutricionista, que indicará uma dieta adequada, e, principalmente, um psicólogo ou psiquiatra, para tratar o transtorno.

Diabetes tipos 1 e 2: entenda a diferença

A diabetes tipo 1 é decorrente de uma disfunção que acontece no pâncreas que impede a produção de insulina. De característica autoimune, o diabético produz anticorpos contra as células que produzem insulina.

Apesar de as pessoas que manifestam este tipo de diabetes já nascerem com prédisposição genética, é possível que a doença seja desenvolvida somente com o passar dos anos. O mais comum é que surja em crianças, adolescentes e adultos de até 35 anos.

Quando diagnosticada, o paciente precisa fazer dieta, atividade física e tomar insulina, já que não a produz. A diferença da diabetes tipo 1 para a tipo 2 é que, na segunda, não existe perda total da produção de insulina.

A diabetes tipo 2 costuma se manifestar a partir dos 40 anos, principalmente em pessoas obesas, sedentárias e com gordura concentrada no abdômen. Além disso, é mais frequente, porque sua herança genética é mais comum.

“Os genes do diabetes tipo 1 já estão totalmente definidos, mas tê-los não significa que a pessoa desenvolverá diabetes. São necessários fatores externos para romper o equilíbrio imunológico”, explica Claudia Pieper.

Entre os sintomas da diabetes estão perda de peso, urinar muito e sentir muita sede.

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