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Touca que impede que cabelo caia com quimioterapia: como funciona e quanto custa?

Publicado 8 Set 2016 – 04:00 PM EDT | Atualizado 28 Mar 2019 – 12:30 PM EDT
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Perder o cabelo por causa da quimioterapia, além de abalar a vaidade, pode ser muito doloroso, uma vez que olhar-se no espelho significará lembrar da presença do tumor. Um novo equipamento que resfria o couro cabeludo promete impedir a queda massiva dos fios e tornar o processo de cura um pouco menos doloroso, principalmente para as mulheres.

Scalp cooling: o que é? 

Scalp cooling, ou resfriamento do couro cabeludo, é um método relativamente novo que previne a queda de cabelo excessiva em pessoas que se submetem à quimioterapia, tratamento feito comumente em casos de câncer.

A dermatologista e cirurgiã capilar Leila Bloch, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, explica que essa técnica chegou ao Brasil há cerca de um ano e meio, mas a ideia já existe desde a década de 70. Na época, o procedimento era feito com toucas resfriadas no congelador.

Como é feito o resfriamento 

O resfriamento do couro cabeludo é feito com o uso de uma touca que é acoplada a uma máquina, reponsável por manter a temperatura constante entre -2 e -4 graus Celsius.

A touca é colocada meia hora antes do início da quimioterapia, garantindo que tudo esteja pronto na hora de receber a medicação. Se o paciente quiser ir ao banheiro, a touca é desconectada do aparelho, mas conserva a temperatura ideal durante o intervalo.

Finalizada a sessão de quimio, deve-se esperar de 45 minutos a 3 horas para que a touca seja retirada, garantindo que os remédios façam a mínima ação possível no couro cabeludo.

Redução da queda de cabelo 

Por que a quimioterapia causa queda dos fios?

Leila Bloch explica que o objetivo da quimioterapia é matar a célula cancerígena que está se multiplicando, mas, como efeito colateral, ela pode também matar outras células que estão se dividindo em outras partes do corpo. “As células que mais se dividem no corpo são os folículos pilosos, é por isso que os cabelos costumam cair em quem faz quimioterapia, explica a dermatologista.

Mas não é toda quimioterapia que tem essa ação. A queda de cabelo, e até dos pelos, depende do tipo e da dose de droga usada, além do esquema de quimioterapia utilizado.

Como a touca impede a alopecia?

A dermatologista explica que a diminuição da temperatura no couro cabeludo faz uma vasoconstrição, ou seja, os vasos sanguíneos que levam sangue à região ficam com diâmetro menor e, consequentemente, chegam menos agentes quimioterápicos na região.

O resfriamento tem, ainda, outra ação: o frio causa uma diminuição do metabolismo no local, ou seja, as células ficam menos ativas, e, por causa disso, o efeito tóxico do agente quimioterápico será menos sentido.

Funciona mesmo? 

A dermatologista explica que as chances de precisar usar uma prótese capilar, ou seja, uma peruca, é duas vezes menor entre mulheres que usam o scalp cooling. “Espera-se que caia um pouco de cabelo, mas é evitada aquela transparência através dos fios que permite que seja visto o couro cabeludo”, conta Leila Bloch.

A apresentadora Sabrina Parlatore revelou, recentemente, que teve câncer de mama e usou a touca de resfriamento durante as sessões de quimioterapia. Ela atribui ao método a manutenção dos fios de cabelo:

Outra famosa, a empresária Suzana Gullo, esposa do apresentador Marcos Mion, está tratando um câncer de mama e usa a touca durante a quimioterapia:

Efeitos adversos 

É raro que aconteçam lesões no couro cabeludo pelo uso do scalp cooling. Em geral, pode haver dor de cabeça, dor na região e náusea. “A dor é suportável e tende a ir melhorando com o passar do tempo”, explica a dermatologista.

Preço 

Cada sessão de scalp cooling custa, em média, de R$ 200 a R$ 700*. O preço varia de acordo com o hospital ou clínica onde o serviço está disponível.

Por enquanto, a única empresa que oferece o serviço no Brasil é a EPTCA Medical Devices. A farmacêutica Clara Maimon, Responsável Técnica da marca, explica que a empresa vende o equipamento para os serviços de saúde que, por sua vez, disponibilizam o tratamento para os pacientes.

Atualmente, o método pode ser encontrado em clínicas e hospitais específicos em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES), Recife (PE), Porto Alegre (RS), Salvador (BA), João Pessoa (PB), Belo Horizonte (MG).

*Valores pesquisados em setembro de 2016 sujeitos à alteração.

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