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Diego Hypolito: como passou da depressão fortíssima a momento histórico na ginástica

Publicado 8 Ago 2016 – 07:30 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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No primeiro dia das Olimpíadas do Rio de Janeiro, uma das cenas mais marcantes foi o choro emocionado do ginasta Diego Hypolito depois de “cravar” sua série no solo. No entanto, muitos dos brasileiros que acompanham a carreira dele sabem que, por trás da felicidade do atleta, há mais que a pontuação de 15.500 que renderam seus saltos, carpados e piruetas executados de maneira próxima à perfeição.

Nas Olimpíadas de 2008 e 2012, algumas quedas impediram que Diego conquistasse o ouro e, no final de 2013, ele enfrentou uma grave depressão. É por isso que o sucesso, agora, tem um gostinho ainda mais especial.

Diego Hypolito teve depressão 

No final de 2013, Diego deixou o Rio de Janeiro, onde sempre morou com a família, e mudou-se para São Paulo para treinar no Clube Pinheiros. A mudança brusca de estilo de vida pesou para o atleta: "Todos os dias da minha vida eu encontrava tempo para dar um mergulho na praia. E isso foi uma coisa que eu senti muita falta quando mudei para São Paulo. A vida aqui é diferente. Primeiramente, achei muito difícil. Eu não conseguia viver nessa loucura que é São Paulo. Você pode fazer de tudo, todos os dias. Mas eu vivia em um cubículo, do lado do ginásio, não saía", contou ao site de notícias Uol.

Além disso, Diego estava no clube “de favor”, depois de ser demitido do Flamengo, e ainda não tinha nenhum patrocínio.

A depressão profunda de Diego fez com que ele perdesse 10 kg, deixasse de treinar e precisasse ser internado. "Tinha medo de entrar no elevador, de voar de avião, de entrar no carro, de dirigir. Tudo me deixava em um estado de ansiedade muito grande. Eu entrava em desespero", contou ao site.

O atleta chegou a tomar medicamentos antidepressivos mas, em seu caso, a resolução veio por meio da vontade de colocar a vida de volta nos trilhos. “Um dia, pensei: 'O que estou fazendo da minha vida?' Voltei a treinar. Eu tinha emagrecido dez quilos com a internação. Quando voltei, demorei a encontrar a forma. Disputei o Brasileiro e não fiquei nem entre os oito melhores. Mas fui evoluindo aos poucos”, contou.

Foi quando fez mudanças em sua vida que o ginasta teve proposta de outros clubes. “Optei por São Bernardo pela visão de cidade pequena, mas muito bem estruturada. Tem menos trânsito, você conhece todo mundo. Eu vou à padaria e converso com as pessoas, almoço com minha vizinha”, disse. “Hoje, me sinto em casa. Tanto que, quando volto ao Rio, me sinto de férias. E ainda tem toda uma equipe por trás. Com psicólogo, nutricionista, empresário, assessor. A contratação pelo São Bernardo me reergueu."

A volta por cima 

Já curado da depressão, Diego se emocionou em seu primeiro dia nas Olimpíadas do Rio de Janeiro ao acertar a série de ginástica olímpica no solo e conquistar a segunda melhor nota do dia na modalidade: 15.500.

“Aquele choro veio porque foram 12 anos de trabalho. Foi alma lavada quando terminei. Nem me importava a nota. Vi que consegui terminar um ciclo. Foi isso que senti na hora: alma lavada”, contou em entrevista ao programa Globo Esporte.

A prova foi também superação das Olimpíadas de Pequim (2008) e de Londres (2012), ocasiões em que o atleta sofreu quedas em sua apresentação no solo – modalidade que é seu forte – e ficou fora do pódium.

Superação da doença 

A doença que acometeu Diego Hypolito está longe de ser um caso raro. Hoje em dia, a depressão afeta de cerca de 350 milhões de pessoas no mundo todo. Os motivos são os mais diversos, mas todos os casos parecem ter um ponto em comum: um desbalanço dos hormônios neurotransmissores, como endorfina, serotonina, catecolamina, adrenalina e melatonina.

Para tratar, a ajuda profissional é sempre bem-vinda. Psicólogos e psicanalistas são os profissionais capazes de, junto com o paciente, analisar as situações de vida que estão causando o quadro depressivo e buscar alternativas para sair dessa situação. Psiquiatras, por sua vez, também podem ajudar nessa avaliação e ainda examinar os desbalanços do próprio organismo – o hipotireoidismo, por exemplo, está relacionado à depressão – e prescrever remédios que possam ajudar a reequilibrar os neurotransmissores em excesso ou falta.

Terapias alternativas - como acupuntura, meditação e até mesmo uma boa caminhada – também podem ser um ótimo auxílio na luta contra depressão. Por fim, a atitude de Diego Hypolito, que buscou forças para organizar sua vida e colocá-la de volta nos eixos, é uma excelente inspiração.

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