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Por que parece ser tão difícil controlar o Aedes aegypt?

Publicado 15 Ago 2016 – 05:53 PM EDT | Atualizado 14 Mar 2018 – 09:30 AM EDT
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Campanhas de prevenção e fiscalização: a fórmula para combater o vetor da dengue, da zika e da chikungunya, o mosquito Aedes aegypti, pode até parecer simples. No entanto, envolve mais desafios do que parece. De acordo com Paulo Urbinatti, biólogo entomologista do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública de São Paulo, é possível listar as principais dificuldades de hoje.

O mosquito Aedes aegypti, embora já tenha sido extinto do Brasil por duas vezes, hoje atingiu um grau de adaptabilidade muito grande nos centros urbanos. Eles vivem na cidade e, mais do que isso, dentro da casa das pessoas, e são resistentes a alguns pesticidas.

As estações do ano, que antes eram bem delimitadas, com as mudanças climáticas ficaram mais heterogêneas, fazendo com que no inverno, por exemplo, faça calor e chuva, características importantes para a reprodução do mosquito. “Isso é tudo o que o mosquito quer para se proliferar o ano todo”, comenta Urbinatti.

A alta densidade demográfica nos centros urbanos, nesse aspecto, também torna-se um dificultador. Isto porque mais gente vivendo nas cidades aumenta a possibilidade da existência de criadouros e dificulta a fiscalização. Além disso, a grande maioria dos criadouros estão dentro de residências, e não em áreas públicas. “É por isso que a população tem uma parcela de responsabilidade em acabar com sua procriação”, alerta o biólogo.

A facilidade de se transportar de um local ao outro é fator contribuinte. “Uma pessoa consegue se deslocar com facilidade de um estado ou país ao outro e com isso carrega o vírus, mosquito ou seus ovos”, explica Urbinatti.

Como é um combate eficiente?

Mas, embora seja um desafio, existem medidas que podem tornar este combate eficiente.

Para Urbinatti, é preciso apostar em políticas públicas eficazes e, especialmente, permanentes, fiscalizando as casas e os espaços públicos, monitorando constantemente as áreas infestadas e eliminando possíveis criadouros antes do período das chuvas.

Mas, aliado às obrigações do poder público, é preciso poder contar com a responsabilidade da população. O mosquito é urbano e doméstico. Então, os cidadãos têm que saber que são responsáveis por parte do controle. “As campanhas educativas precisam ser permanentes e bem-feitas para atingir pessoas que muitas vezes estão desinformadas. Pode parecer que não, mas contribui muito para a redução da infestação e não custa caro”, complementa o biólogo.

Desenvolvimento da vacina

Paralelamente ao controle, está o desenvolvimento da vacina. Do ponto de vista da prevenção da doença, é essencial a criação de uma fórmula eficaz, barata e rápida. “Mas, não é possível que uma vacina seja desenvolvida sem passar por todas as fases de investigação que testam sua eficácia”, comenta Dra. Ana Freitas, médica sanitarista do Hospital Emílio Ribas.

Embora os benefícios em termos de saúde pública termos sejam inegáveis, Urbinatti traz um ponto importante para reflexão. “Não podemos achar que porque existe vacina não é necessário fazer controle e vigilância do mosquito. Ele transmite outros vírus e tem um grau de adaptação muito grande na área urbana. Não descuidar do vetor é essencial”, acrescenta.

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