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Bailarina brasileira faz marca criar sapatilha no seu tom de pele: "Vitória não é só minha"

Publicado 5 Nov 2019 – 01:41 PM EST | Atualizado 15 Set 2020 – 02:38 PM EDT
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A bailarina Ingrid Silva voltou a ser destaque no Brasil nas últimas semanas. Um dos grandes nomes do balé em Nova York, nos Estados Unidos, a carioca esteve por aqui nas últimas semanas e participou de programas como "Encontro com Fátima Bernardes" e "Conversa com Bial", na TV Globo.

Nascida na periferia do Rio de Janeiro, ela iniciou o seu contato com a dança aos oito anos no projeto "Dançando Para Não Dançar", na comunidade da Mangueira. Sua ascensão, contudo, abriu o debate para a falta de espaço e ferramentas necessárias para bailarinas negras.Finalmente, a sua luta foi percebida.

Sapatilhas de Ingrid Silva

Nas entrevistas que deu em sua passagem pelo Brasil, Ingrid sempre falou sobre temas que fazem parte do seu dia a dia, como a representatividade na dança e o empoderamento de jovens negras. Por tudo o que viveu, ela é vista como um verdadeiro exemplo para outras meninas de projetos sociais que querem viver como bailarina profissional.

A rotina de Ingrid, no entanto, sempre contou com uma tarefa que não faz parte da lista de atividades de uma bailarina branca. Além de se alongar e ensaiar todos os dias, a brasileira ainda precisava tirar um tempo para adaptar a sua ferramenta de trabalho ao seu tom de pele.

Por não existir sapatilhas para negras, ela precisava pintar o calçado para que gerasse a sensação de continuidade da perna semelhante ao que os modelos rosados causam em bailarinas brancas.

A sugestão de colorir a sapatilha veio do próprio grupo de dança do qual Ingrid faz parte. Por receber dançarinos de diferentes nacionalidades, o Dance Theatre of Harlem sempre incentivou que os bailarinos usassem meias e calçados mais próximos aos seus tons de pele.

Sapatilhas para bailarinas negras

Ingrid adaptou suas sapatilhas por 11 anos pintando-as com base para o rosto. A bailarina chegou a mostrar algumas vezes o processo em suas redes sociais e colocar o assunto novamente em discussão. Apesar do lançamento de opções de calçados para negras, a luta da brasileira só teve fim na última quinta-feira, 31 de outubro de 2019.

Em uma publicação no Instagram, ela comemorou a chegada das sapatilhas para o tom de sua pele. "Elas finalmente chegaram", Ingrid escreveu na legenda. A bailarina também aproveitou para contar sobre a sensação de dever cumprido: "A vitória não é somente minha e, sim, de muitas futuras bailarinas negras que virão por aí".

Os calçados de balé para negros surgiram 200 anos após a criação das sapatilhas, em novembro de 2018. Ingrid, no entanto, precisou esperar praticamente mais um ano para que a marca que sua marca favorita criasse o modelo em tons de marrom. Nos stories do Instagram, ela aproveitou para explicar a espera e incentivar outras meninas a lutarem para que mais marcas criem suas versões.

"Essas sapatilhas já estão em um processo há mais de anos", contou ao falar sobre a felicidade da chegada dos calçados.

Ingrid disse que recebeu muitas indicações de outras marcas que já fabricavam sapatilhas em tons de pele negra, mas que ela aguardava pela marca que ela já está habituada a usar.

Exatamente por ter aguardado, a bailarina mandou um recado de incentivo para que outras pessoas também pressionem o mercado. "Se não usa a mesma marca que eu, faça igual a mim e mande um e-mail. As marcas têm que estar abertas à diversidade, porque é isso que o mundo é", sugeriu.

Apesar de ser um dia de muita comemoração, Ingrid aproveitou para falar ainda sobre a grade limitada de tons das sapatilhas. "Mas elas estão aqui e eu estou animada com isso... Vejo que as marcas estão abertas para criar algo por você, para criar diversidade na dança", concluiu.

Diversidade e representatividade

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