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Pensamento de Mônica Martelli após sofrer assédio é muito comum e deve ser combatido

Publicado 11 Set 2018 – 03:41 PM EDT | Atualizado 26 Mar 2019 – 04:41 PM EDT
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A apresentadora Mônica Martelli decidiu falar sobre um momento ruim e marcante de seu primeiro relacionamento, aos 14 anos, durante entrevista à influenciadora Gabriela Pugliesi – no canal dela no YouTube.

Na entrevista, Mônica conta que foi forçada a fazer sexo em sua "primeira vez" com o namorado - assédio que ela só conseguiu entender após anos. E o pensamento que ela revelou ter tido após o episódio ainda é, infelizmente, muito comum entre vítimas.

Mônica Martelli relata assédio na adolescência

“Meu primeiro namorado, nossa primeira 'transa', foi forçada. Eu não queria. Eu estava em um luau à noite na praia”, lembra, afirmando só ter se dado conta de que o caso se tratou de assédio dois anos atrás.

A atriz ainda contou que estava de biquíni na ocasião e que chegou a pensar que isso teria provocado a reação do rapaz na época.

“Pensei: 'Também, eu estava de biquíni.' Para mim, ele estava no papel dele. Forçou. Hoje sei que não pode, é assédio, é estupro. Se você não quiser, é assédio, é estupro. Hoje existe uma tomada de consciência. O feminismo, ele vem vindo e agora a gente chegou em um lugar que estamos sabendo das coisas que não sabíamos antes”, disse.

Ainda sobre o tema, Mônica relembrou artimanhas que precisava usar para não ser abordada na rua - realidade com a qual muitas mulheres se identificam. “Eu amarrava moletom na cintura pois sabia que seria mexida da minha casa até o ponto do ônibus. Era dentro de uma sociedade machista natural. Hoje em dia todo mundo sabe que isso é assédio”, refletiu.

Pensamento de culpa após sofrer assédio é muito comum

Assim como Martelli chegou a pensar que a violência poderia ter sido culpa dela, uma pesquisa realizada pelo IPEA, em 2014, revelou um dado bem assustador: 26% de 3.810 entrevistados afirmaram que mulheres com roupas curtas merecem ser atacadas.

A culpabilização da vítima é assunto sério e, apesar da grande tomada de consciência sobre ele, ainda temos muito a caminhar. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a culpa que a sociedade e a própria mulher coloca em si é fruto da cultura do estupro.

"Cultura do estupro é um termo usado para abordar as maneiras em que a sociedade culpa as vítimas de assédio sexual e normaliza o comportamento sexual violento dos homens. Ou seja: quando, em uma sociedade, a violência sexual é normalizada por meio da culpabilização da vítima, isso significa que existe uma cultura do estupro. 'Mas ela estava de saia curta', 'mas ela estava indo para uma festa', 'mas ela não deveria andar sozinha à noite', 'mas ela estava pedindo', 'mas ela estava provocando' – são alguns exemplos de argumentos comumente usados na cultura do estupro”.

Como combater?

Para romper com a cultura machista, o respeito à mulher deve começar dentro de casa. Isso porque a cultura do estupro está embasada na ideia de que homens têm direitos sobre mulheres.

Assim, existe uma importância de educar meninos e meninas com os mesmos direitos e deveres e de discutir temas do machismo e da violência nas salas de aula.

O termo "violência sexual" abrange diversas formas de agressão que ferem a dignidade sexual de uma pessoa, como: assédio, exploração sexual e estupro. Inclusive, nesse conceito pode ser colocado as famosas piadinhas, cantadas e comentários abusivos.

Vale lembrar que a dignidade sexual é um dos direitos ao ser humano e não pode ser violado sob nenhuma circunstância. Assim, não importam as condições em que a pessoa estiver - sua aparência, comportamento, vestimentas, horário, local ou companhia: violentar ou forçar qualquer prática sexual sem consentimento é crime.

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