52 casais mostraram como dividem as tarefas da casa e conclusão é um alerta para todas

Até poucas décadas atrás, homens e mulheres tinham papéis sociais bem marcados e distintos. Enquanto elas deveriam atuar dentro de casa, cuidando das tarefas domésticas e da educação dos filhos, eles tinham acesso à vida pública, podendo trabalhar fora, criar leis e ocupar cargos de poder. Porém, a dinâmica familiar mudou bastante ao longo dos anos e a importância sobre a divisão das obrigações do lar se difundiu e ganhou força entre os casais.

Para mensurar justamente essa questão da igualdade de gênero dentro das famílias, um estudo foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Ohio, nos Estados Unidos. Nele, diversos casais com filhos serviram como base para entender como anda o equilíbrio das atividades domésticas entre homens e mulheres – e o resultado não foi nada animador.

Desigualdade entre pais e mães

A pesquisa avaliou como os pais e as mães passam seu tempo dentro de casa nos dias em que estão trabalhando e também nos dias de folga. Para a surpresa (ou não!) dos cientistas, a conclusão foi que os cuidados com a casa e os filhos continuam na maior parte das vezes sob a responsabilidade das mulheres.

Além disso, o trabalho conseguiu apontar que, nos três primeiros meses de vida do primeiro filho, em dias em que os pais não estão trabalhando, os homens passam mais tempo relaxando, enquanto as mulheres cuidam das crianças e das tarefas domésticas. Sem contar que, quando os pais estão encarregados dos filhos ou realizando alguma atividade da casa, suas parceiras também estão frequentemente fazendo a mesma coisa.

“Isso é frustrante. As tarefas domésticas e os cuidados com os filhos ainda não estão sendo divididos igualmente, mesmo entre casais que esperávamos que tivessem visões mais igualitárias sobre a partilha dos deveres parentais”, afirmou Claire Kamp Dush, professora de Ciências Humanas que liderou o estudo.

Mais lazer para eles, menos descanso para elas

Os pesquisadores pediram para que 52 casais elaborassem diários explicando tudo o que faziam nos dias de trabalho e nos dias de folga, durante o terceiro trimestre da gestação e depois nos três primeiros meses de vida do recém-nascido. Todos os participantes estavam para ter o primeiro filho, sendo que a maioria era branca, altamente escolarizada e os dois contribuíam para a renda da casa.

Pelos dados colhidos, os autores constataram que, após o nascimento do bebê, nos dias em que ambos os pais trabalham, as tarefas costumam ser divididas de forma mais igualitária, embora as mulheres ainda façam um pouco mais que os homens. 

Nos dias de folga, porém, os pais dedicam quase o dobro de tempo ao lazer quando comparados às mães - tanto durante a gravidez da parceira quanto nos três primeiros meses de vida do bebê. Enquanto as mulheres passam diariamente apenas de 46 a 49 minutos relaxando, os homens chegam a dispensar 101 minutos por dia em lazer, enquanto a parceira se ocupa com as tarefas do lar.

Para visualizar ainda melhor o cenário, as estatísticas do estudo mostram que os homens relaxavam em 46% do tempo enquanto suas mulheres cuidavam das crianças, nos dias de folga - no sentido inverso, as mães dedicavam apenas 16% do tempo ao lazer quando os pais ficavam com os filhos.

Os números foram similares na questão das tarefas domésticas, já que os homens direcionavam 35% do tempo para o descanso enquanto as mulheres estavam cuidando da casa. Elas, por outro lado, relaxavam apenas em 19% do tempo quando os pais limpavam ou organizavam o lar.

“Eu suspeito que a situação seja ainda menos igualitária para as mulheres que não têm os mesmos benefícios como os dos casais da nossa amostra”, refletiu a autora.

Consciência e conversa para mudar o cenário

De acordo com Kamp Dush, há algumas providências simples que ambos os pais podem tomar para diminuir as desigualdades encontradas no estudo. A primeira delas é o homem tomar a atitude de assumir a responsabilidade dos cuidados com os filhos e a casa, especialmente nos fins de semana.

Em alguns casos, a professora recomenda ainda que a mulher recue e deixe o pai fazer as tarefas domésticas, sem ficar supervisionando para que tudo fique conforme suas expectativas.

“Os casais precisam conversar, de preferência antes do nascimento do filho, sobre como eles vão dividir os deveres do lar para garantir que seja de forma igualitária”, disse a pesquisadora.

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