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Relato de campeã olímpica é um incentivo às vítimas de casos antigos de violência

Publicado 18 Out 2017 – 12:08 PM EDT | Atualizado 15 Mar 2018 – 01:38 PM EDT
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Mulheres que são vítimas de abuso por vezes deixam de denunciar seus agressores logo após o ocorrido por motivos como medo, insegurança e trauma emocional. Algumas sequer conseguem tocar no assunto ou esperam muitos anos até se sentirem mais confiantes para revelar o que lhes aconteceu.

Esse cenário é o que aparece no relato de Tatiana Gutsu, ex-ginasta ucraniana que foi campeã olímpica em Barcelona, na Espanha, no ano de 1992.

Relato de estupro de Tatiana Gutsu

Encorajada por uma campanha nas redes sociais que incentiva mulheres e homens a falarem sobre algum tipo de agressão sexual que sofreram, a ex-atleta decidiu fazer uma difícil revelação sobre seu passado.

Com uma postagem feita em seu perfil pessoal no Facebook, ela acusa de estupro o também ex-ginasta Vitaly Scherbo, da Bielorrússia, durante um torneio de ginástica artística de 1991, realizado em Stuttgart, na Alemanha. Na época, os dois defendiam a antiga União Soviética através da equipe da Comunidade dos Estados Independentes (CEI).

Chamando Scherbo de “monstro”, Gutsu afirma que tinha apenas 15 anos na ocasião e que ficou intimidada e com medo por muitos anos. No texto, ela também aponta que não foi defendida por ninguém, nem mesmo por sua companheira de equipe Tatyana Toropova, que não teria tomado uma atitude, mesmo sabendo do ocorrido.  

“Essa sou eu, sendo corajosa após 27 anos. Tatyana Toporova, que eu pensava que era minha amiga e colega no time nacional da URSS, obrigada por não ser corajosa por mim quando mais precisei que você se levantasse, que me apoiasse e lutasse pelos direitos da mulher em um ato tão terrível. Não é não. Você estava lá, ouviu tudo e não fez nada para me proteger”, afirmou.

A ucraniana alega que decidiu falar sobre o assunto depois de tantos anos, porque só agora se sentiu confiante para encarar seu algoz. “Eu sei que você vai tentar se defender, mas meus detalhes são muito mais fortes que suas palavras. Estou mais forte do que nunca. Você não pode mais me impedir. Esta é minha história de Cinderela”, escreveu.

Em tom firme, Gutsu finaliza o relato acrescentando que, através de sua própria experiência, pretende ajudar outras pessoas que passaram pela mesma situação. “Eu sobrevivi a você e irei apoiar qualquer pessoa que tenha medo de denunciar. Eu vou ganhar confiança e força em mim mesma para ajudar outros”.

Denúncia de crime de estupro

Após a divulgação do post, Gutsu recebeu apoio de amigos e conhecidos que se solidarizaram com o caso. Mais do que tocante, a história da ex-atleta serve para estimular outras pessoas que foram vítimas de abuso a denunciarem seus agressores, independente da data em que tenha acontecido.

No Brasil, por exemplo, o crime de estupro está a um passo de se tornar imprescritível, ou seja, não haverá mais tempo mínimo para que as vítimas prestem uma denúncia à Justiça. Atualmente, o prazo aceito é de 20 anos - após esse período, o autor do crime não pode mais responder por ele. Aos olhos da lei, o estupro é considerado um crime inafiançável e hediondo, com pena que pode chegar a 30 anos de prisão, caso haja morte da vítima.

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