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Relacionamento abusivo é mais comum do que se pensa: famosas e anônimas explicam!

Publicado 10 Abr 2017 – 03:52 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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No "BBB 17", da TV Globo, as cenas chocantes de Marcos encurralando Emilly, com o dedo em riste apontando seu rosto, gritando e visivelmente descontrolado, deixou muitos telespectadores assustados ao serem exibidas no último domingo (9). 

Em outro momento, ele a deitou, se posicionou por cima, a imobilizou e, enquanto segurava a cabeça dela e sacudia contra o chão, repetiu diversas vezes que era para ela ficar quieta, enquanto ela reclamava que ele a estava apertando e machucando. Depois, começou a chorar, sensibilizando-a. Os acontecimentos levantaram a discussão sobre relacionamento abusivo.

Relacionamento abusivo

Depois que as imagens do "BBB" começaram a ser divulgadas na internet, mesmo antes da exibição do programa, muitas mulheres se identificaram por terem vivido situações semelhantes e por saberem como é difícil se desvencilhar desse tipo de agressão. Quando não falavam por experiência própria, falavam de casos idênticos com amigas e familiares.

Essas mulheres se mobilizaram nas redes sociais para explicar que quem passa por isso, na maioria das vezes, sequer consegue enxergar os abusos dos quais são vítimas. Isso derruba os argumentos de que bastaria Emilly tomar uma atitude para colocar fim aos abusos do parceiro.

Tudo isso mostra que esse tipo de relacionamento é algo mais comum do que se imagina, embora muitas mulheres ainda não falem a respeito, por vergonha ou medo, ou até mesmo sequer sabem que estão vivendo um.

Entre os comportamentos masculinos que caracterizam um relacionamento abusivo estão: ter ciúme possessivo, ser controlador, isolar a mulher, ser cada vez mais crítico, ter pavio curto, culpar os outros e ficar nervoso principalmente quando bebe. Todos essas características podem ser observados em Marcos dentro da casa do BBB.

Apesar de ser um crime e grave violação aos direitos humanos, a violência contra as mulheres segue vitimando milhares de...

Posted by Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro - MPRJ on Tuesday, July 12, 2016

Agressões de Marcos a Emilly no BBB

Nas redes sociais, durante todo o domingo, o tema ficou entre os mais discutidos do dia. Por ser um assunto polêmico, as opiniões se divergiam entre os que achavam que as atitudes violentas de Marcos deveriam fazer com que ele fosse expulso do programa; os que achavam que ele não fez nada demais, uma vez que não houve contato físicos; e, ainda, os que achavam que a culpa era dela por permitir que ele se comportasse daquela forma, já que não era a primeira vez. 

O que muita gente não sabe é que não é preciso que haja uma agressão física contra a mulher para que a atitude do homem seja considerada violenta. Agressões psicológicas e verbais, intimidações, injúrias, também são atitudes que, no decorrer de um relacionamento, vão destruindo a autoestima da mulher. Ela acaba se tornando vulnerável, carente e, assim, fica totalmente nas mãos do parceiro que, não raro, chora, diz se arrepender, se faz de vítima e transfere a culpa, fazendo com que além de tudo a mulher também se sinta culpada. Assim ela se diminui ainda mais e entra em um ciclo que parece não ter fim.

Vale lembrar também que a violência psicológica pode ser ainda pior que a física, já que envolve emocionalmente o agredido, que se sente responsável pelo descontrole do outro. Portanto, o que houve entre Marcos e Emilly no BBB 17 não foi simplesmente uma briga de casal, como o próprio programa quis mostrar. Houve uma agressão.

A família de Emilly, por meio de sua irmã gêmea, Mayla Araújo, que também participou do programa, disse que o pai delas estava entrando em contato com a produção do programa. A família da participante Ieda, de 70 anos, que já foi intimidada por Marcos em uma discussão, também disse que tomaria uma atitude.

Mayla não voltou a se posicionar sobre o caso. Já a família de Ieda disse ter sido informada de que ela está bem e está sendo assistida, o que os tranquilizou.

Posicionamento da Globo sobre o BBB

A produção do programa teve uma conversa privada com os dois envolvidos. Ele continuou jogando toda a culpa nela. E a emissora deixou nas mãos de Emilly a decisão de tirar ou não o parceiro do jogo. Ela negou e, mais uma vez, a Globo recebeu críticas, pois, sendo um caso de relacionamento abusivo, colocar esse peso nas mãos da vítima só faz com que ela se sinta ainda mais culpada. 

Os telespectadores que entendem como se dá um relacionamento abusivo continuaram insistindo que o correto, no momento, seria a produção tomar uma atitude, e que a emissora foi irresponsável e covarde ao deixar a decisão com ela. Alegaram também que ao deixar isso acontecer acabam reprimindo vítimas desse tipo de relacionamento e desencorajando que denúncias sejam feitas.

Na edição de domingo, que terminou com a permanência de Marcos na casa - sua oponente no paredão, a paratleta Marinalva, foi eliminada com quase 80% dos votos - o apresentador Tiago Leifert falou brevemente sobre os fatos recentes. Ele revoltou muita gente ao dizer que o que aconteceu na casa, acontece na maioria dos relacionamentos, só que sem as câmeras. A fala banalizou não só os relacionamentos abusivos, mas até mesmo o alto índice de violência contra a mulher, que muitas vezes começa com esse tipo de atitude.

Ele disse ainda que a emissora está preparada para interferir. Mas a questão que ficou na cabeça dos telespectadores e seguidores do apresentador nas redes sociais foi quando essa intervenção aconteceria, já que os atos violentos tinham se repetido e, mesmo assim, nada foi feito. Para muitos, não adianta esperar que algo mais grave aconteça, pois pode ser tarde demais. 

Para demonstrar o seu apoio, o movimento "Mexeu com Uma, Mexeu com Todas", criado dentro da Globo por atrizes e funcionárias da emissora, publicou uma carta aberta, se solidarizando com a situação de Emilly. Atrizes do grande escalão como Camila Pitanga, Taís Araújo e Leandra Leal já compartilharam o texto em suas redes sociais. Leia na íntegra.

"Toda e qualquer violência física e psicológica contra a mulher deve, sim, ser repudiada. Quando se fala em agressão, não devemos pensar apenas em socos, tapas e chutes. A agressão também se faz com palavras, atitudes e manipulações que ferem a nossa dignidade. Estar presa em um relacionamento abusivo é também não ter real dimensão da gravidade da situação. É preciso que fique claro aqui que as atitudes de Marcos Harter são de truculência e violência, principalmente psicológica, contra Emilly Araújo. Sempre é importante destacar: a lei Maria da Penha enquadra a tortura psicológica como violência doméstica. 

Para além dessa nossa fala, o protagonismo do público em denunciar e amplificar o caso é comovente. Que nossa voz ecoe e ajude a não deixar uma de nós só. Porque se mexeu com uma, mexeu com todas, SIM."

https://www.instagram.com/p/BStzYY5D8Dp/

Violências contra a mulher

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