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Temos o que comemorar? 8 mulheres foram agredidas POR MINUTO nos últimos meses

Publicado 8 Mar 2017 – 10:41 AM EST | Atualizado 14 Mar 2018 – 09:19 AM EDT
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É 8 de março, mas não há o que comemorar. Mais uma vez, estudos sobre a realidade brasileira das mulheres mostraram números assustadores. Somados a tantos outros resultados, cada vez mais é possível narrar com (tristes) detalhes a trajetória que as mulheres têm no País. São 8 mulheres vítimas de violência POR MINUTO – ou 503 por HORA.

Os números foram obtidos na pesquisa “Visível e invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, feita pelo Datafolha a pedido do Fórum de Segurança Pública e divulgado pelo jornal Folha de S. Paulo. Ao todo, mais de 2 mil pessoas foram entrevistadas.

Ser mulher é ser violentada 

Com 16 anos ou mais, a cada três mulheres, uma foi vítima de algum tipo de violência emocional, verbal ou física apenas no último ano. São xingamentos, ameaças, empurrões, tapas, socos, chutes, facadas.

Todo mundo sabe

E essa realidade não é desconhecida e muita gente presencia essas situações. Tanto é que 66% dos entrevistados, entre homens e mulheres, já viram uma mulher sendo agredida apenas nos últimos 12 meses.

O agressor é conhecido 

Essencial também são os dados que apontam o perfil dos agressores, eles desmistificam a ideia de que quem comete a violência é um desconhecido. Dos casos, 61% das vítimas conhecia seu agressor e o local mais comum da agressão era dentro de casa.

A carne mais barata do mercado é a carne negra

Para as mulheres negras, a situação é ainda pior. Elas são as maiores vítimas de todos os tipos de violência de gênero, especialmente dos abusos (89% das entrevistadas negras responderam que foram vítima de assédio sexual no último ano, contra 35% das brancas).

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Juliana Gonçalves, ativista da Marcha das Mulheres Negras e Djamila Ribeiro, filósofa, explicam que isso acontece porque o corpo da mulher negra é mais sexualizado e elas têm menos acesso às políticas públicas e menor poder econômico, situações mantidas constantemente pelo racismo.

Por que isso acontece?

Para Samira Bueno, diretora executiva do fórum, esse tipo de pesquisa serve para mostrar como a violência é comum, aceita e naturalizada dentro dos relacionamentos.

E essa naturalização leva a um problema ainda mais grave e irreversível: o feminicídio. No Brasil, 13 mulheres são mortas por dia. Metade dos crimes é cometido por familiares. Os dados são do Mapa da Violência 2015.

O machismo, de acordo com o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, é a grande causa desta realidade. “Até pouco tempo, havia uma justificativa legal para o homem matar uma mulher que o traísse, por exemplo. É uma questão cultural que você não muda como quem muda de roupa. O Brasil é uma sociedade extremamente patriarcal”, comenta.

E é esta cultura, ainda arraigada, que “autoriza” um homem a praticar atos violentos com a finalidade de punir e corrigir comportamentos femininos que transgridem o papel esperado de mãe, de esposa e de dona de casa, explica Waiselfisz.

Quando vai acabar?

O cenário, no entanto, parece ser difícil de ser modificado. Tanto é que 52% das mulheres entrevistadas que reportaram agressões não fizeram nada a respeito da violência sofrida. Das que fizeram, apenas 11% procurou delegacia da mulher e 10% uma delegacia comum.

Para a promotora Gabriela Mansur, coordenadora do Núcleo de Combate à Violência Doméstica do Ministério Público de São Paulo, além de políticas públicas, que envolvem desde ações nas escolas para crianças pequenas até grupos de conscientização para agressores e acolhimento para mulheres, é essencial que a Justiça, desde as delegacias até os tribunais saibam acolher as vítimas, com respeito e sem culpabilização.

Realidade da mulher no Brasil

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