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violência contra a mulher-Mulher

TV dá tutorial para esconder hematomas e polemiza por naturalizar violência doméstica

Publicado 28 Nov 2016 – 07:03 PM EST | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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Um programa de televisão do canal público de Marrocos exibiu em um de seus programas uma entrevista com um maquiador que ensinava técnicas de maquiagem para que as telespectadoras conseguissem esconder as marcas de agressão caso fossem vítimas de violência doméstica.

“Esperamos que estas dicas de beleza ajude você a continuar com sua vida diária”, disse a apresentadora enquanto um maquiador escondia marcas roxas nos olhos de uma mulher.

Nas redes sociais, as pessoas começaram a se manifestar dizendo que o programa estava normalizando e banalizando agressões sofridas cotidianamente por mulheres, fazendo com que elas achassem que a prática é normal e aceitável. O risco da abordagem, de acordo com os críticos, era induzir as mulheres a não denunciar os casos de violência, e apenas escondê-los.

De acordo com o site do jornal britânico Independent, um grupo de mulheres se organizou e criou um abaixo-assinado com o intuito de se manifestarem contra a banalização da violência contra as mulheres e pediram retratação e sanções contra o canal. “Como mulheres marroquinas e como ativistas feministas em Marrocos, e em nome de todos os marroquinos, denunciamos a mensagem de naturalização da violência contra as mulheres. A violência não deve ser coberta pela maquiagem e os agressores têm de ser condenados”, escreveram.

O canal removeu o vídeo de seu site e publicou uma nota de esclarecimento. Os grupos que se organizaram em torno do episódio consideraram as desculpas inadequadas por não atingirem todo o público. Mais tarde, o canal transmitiu um pedido de desculpas ao vivo.

Ainda de acordo com levantamento do jornal, uma pesquisa nacional com mulheres de 18 a 65 anos da Alta Comissão de Planeamento do Marrocos revelou que, em 2009, quase dois terços (62,8%) das entrevistadas tinham sofrido violência física, psicológica, sexual ou econômica. Da amostra, 55% relataram violência conjugal e 13,5% relataram violência familiar. Apenas 3% das que sofreram violência conjugal relataram o episódio às autoridades.

Violência doméstica

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