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Quase um SÉCULO é o tempo necessário para brasileiras terem igualdade de gênero

Publicado 1 Nov 2016 – 04:16 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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A igualdade de gênero é um dos sete Princípios do Empoderamento das Mulheres presentes no Pacto Global lançado pela ONU (Organização das Nações Unidas) em parceria com a UNIFEM (sigla em inglês para Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher). Alcançar essa igualdade significa garantir que homens e mulheres tenham os mesmos direitos.

Muitas conquistas já aconteceram e merecem ser comemoradas, mas ainda há muito para ser buscado. E, segundo o relatório do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), divulgado no site da BBC, isso ainda vai levar quase um século para acontecer realmente.

Dados sobre Igualdade de gênero

De acordo com os dados apresentados no relatório, o Brasil está na 79ª posição no ranking global de 2016, um pouco acima do que havia ficado em 2015 (85ª posição). Mas é o pior colocado entre as grandes economias da América Latina, ficando atrás de Argentina (33º), México (66º) e Chile (70º). O único latino bem colocado é a Nicarágua, em 10º lugar.

Entre os primeiros colocados estão Islândia (1º), Finlândia (2º), Noruega (3º), Suécia (4º), Ruanda (5º), Irlanda (6º), Filipinas (7º), Eslovênia (8º) e Nova Zelândia (9º). No total, o ranking tem 144 países e o resultado mostra que houve uma piora de forma geral. As estatísticas consideradas pelo Índice Global de Desigualdade de Gênero levaram em consideração as condições enfrentadas por mulheres nas áreas de saúde, educação, paridade econômica e participação política.

Igualdade de gênero no Brasil 

O relatório mostrou que, no Brasil, em relação à educação e à saúde as mulheres têm um desempenho melhor que os homens. Mas quando se trata de representatividade política e paridade econômica, as diferenças são grandes. E, se tudo seguir no ritmo atual, serão necessários 95 anos para que se chegue a uma situação de plena igualdade no país.Veja alguns dados:

Saúde

No Brasil, as mulheres vivem em média cinco anos a mais que os homens, tendo expectativa de vida de 68 anos, contra 63 deles.

Educação

Acompanhando uma tendência mundial que mostra um número maior de mulheres que homens nas universidades, no Brasil essa proporção é de 1,3 delas para cada 1 deles.

Economia

No entanto, os salários das mulheres são mais baixos que os dos homens. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, mulheres ganham 23% menos, trabalham mais horas e só 5% são chefes.

Política

Um dado que ainda não entrou neste ranking, mas que irá afetar o Brasil no próximo é a falta de representatividade no primeiro escalão do governo federal. Uma simulação feita a partir da formação do ministério do presidente Michel Temer mostrou que o país retrocederia de  89ª para 139ª posição no sub-índice Empoderamento Político e de 85ª para a 107ª posição no índice geral.

Como reverter esse quadro?

Um dos pontos destacados por Saadia Zahidi, chefe para iniciativas de gênero e emprego do Fórum WEF, em entrevista ao site da BBC, é o fato de ainda haver uma percepção geral de que as mulheres devem cuidar da casa e da família, que precisa ser mudada. "Nas camadas sociais mais elevadas, há recursos para bancar a ajuda de babás para crianças e enfermeiras para idosos. No caso das camadas intermediárias e baixas da sociedade, essas responsabilidades recaem sobre as mulheres, o que as impede de trabalhar. É necessário mudar as percepções. Diversidade precisa ser vista como um motor para crescimento, propiciando investimento maior em infra-estruturas de cuidado. É necessário oferecer a elas uma rede de apoio social que as liberte para o trabalho", diz.

Em relação à política, ele afirma que em uma democracia é necessário haver representatividade. "As mulheres são metade da população e deveriam ter representação política semelhante. A presença de mulheres em posição de liderança tem um impacto expressivo sobre o empoderamento, pois estabelece papéis modelo aos quais novas gerações aspiram. Estudos da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) mostram que mulheres em posições de liderança política influenciam positivamente a distribuição de recursos públicos. Elas tendem a fazer escolhas mais solidárias, alocando orçamento para partes da sociedade anteriormente negligenciadas, o que resulta em redução de desigualdade de renda", explica.

A análise do WEF mostra que há um desperdício de talentos no mundo ao não propiciar para a mulher as mesmas oportunidades que os homens têm.

Poder feminino

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