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Amplificação: truque fez mulheres ganharem voz entre os homens da Casa Branca

Publicado 21 Set 2016 – 06:06 PM EDT | Atualizado 20 Mar 2018 – 12:57 PM EDT
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É incontestável que por mais que a mulher tenha conquistado espaço no mercado de trabalho, ainda existem muitos obstáculos a serem superados. Além da desigualdade salarial, há também a grande dificuldade de ser respeitada e ter seus apontamentos levados a sério. Foi para superar esta segunda barreira que as mulheres da Casa Branca, sede do poder executivo dos Estados Unidos, criaram uma técnica a qual denominaram Amplificação.

Em reportagem publicada pelo site do jornal americano The Washington Post, algumas mulheres que trabalham ou já trabalharam na Casa Branca em cargos relevantes contam como era o ambiente e como ele está atualmente, depois da adoção da prática.

Além de lidar com a pressão e com a longa carga horária de trabalho, as mulheres relataram que o mais difícil de ambientes poderosos como esse é lidar com a mentalidade da maioria dos homens, que formam grupos entre si e dificultam o acesso delas à reuniões importantes e, consequentemente, ao presidente.

Como relatam, dificilmente elas eram convocadas para encontros cruciais e, quando conseguiam se colocar nestes espaços, tinham seus apontamentos ignorados ou apropriados por outro homem.

Foi para reverter essa situação que elas decidiram criar a técnica da “amplificação”, que consiste em apoiar e reforçar o apontamento de uma mulher até que ele seja claramente ouvido e reconhecido. “Quando uma mulher faz um apontamento, as outras repetem o que ela disse, dando o crédito à autora. Isto forçou os homens na sala a reconhecer a contribuição e impediu que eles reivindicassem a ideia como deles”, explicam.

A tática, embora possa parecer boba, visa combater o que chamamos de bropriating e mansplaining. As palavras são de origem inglesa e não possuem tradução. Mas, o significado é carregado de sentido.

O bropriating acontece quando um homem se apropria da ideia de uma mulher e leva o crédito por isso. Por exemplo, em uma reunião, uma mulher faz uma argumentação e é ignorada. Em seguida, um homem diz a mesma coisa e todos concordam com ele.

Já o mansplaining pode ser identificado quando um homem desmerece o conhecimento de uma mulher e ignora sua autoridade e conhecimento sobre o assunto. Em uma conversa, por exemplo, um homem começa a explicar questões óbvias sobre um assunto que a mulher já estudou e entende muito, tratando-a como incapaz ou inferior.

A prática da “amplificação” já apresentou resultados. Como as funcionárias contam, os homens agora são forçados a reconhecer as contribuições femininas e creditá-las. Com maior visibilidade, o presidente do país, Barack Obama, passou a convocar mais mulheres para as reuniões decisivas.

A mudança é evidente inclusive nos números. De acordo com a reportagem, no primeiro mandato do presidente democrata, de todos os assessores, apenas um terço era mulher. Hoje, no fim de seu segundo governo, os cargos são igualmente divididos entre os dois e metade dos departamentos da Casa Branca são chefiados por mulheres, ainda que o salário delas seja, em média, 16% menor.

É por isso que, como apresenta o jornal, caso a candidata Hillary Clinton seja eleita como próxima presidente, essas pequenas mudanças podem se tornar notórias e relevantes já que, além de ser mulher, ainda trará outras mulheres para cargos de liderança, como fez quando era primeira-dama, senadora e, depois, Secretária de Estado no Governo de Obama.

Mulher no mercado de trabalho

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